Expressão através do artefato

Ensaio de um designer que viu o passado.Interfaces de aplicativos (Facebook, ICQ, MSN, Windows Media Player e Winamp). Fonte: Filipe NzongoAcordei numa quarta feira nublada em 2008, no dia do meu aniversário, naquela manhã, senti uma alegria contagiante ao ser recebido por parentes e amigos, tanto presencialmente quanto através de mensagens enviadas por plataformas como MSN, Facebook, Myspace, Live Hotmail e Hi5.Essa experiência, que outrora simbolizava uma rede rica de interações humanas, me impulsionou a refletir sobre como os artefatos digitais evoluíram e passaram a mediar nossas relações de forma distinta.Em casa no dia do meu aniversário. Fonte: Filipe Nzongo.Com o passar dos anos, notei que os artefatos digitais deixaram de servir como pontes de conexão pessoal para se transformarem em instrumentos comerciais, com foco excessivo na conversão.Como designers de experiência, precisamos entender essa transição para criar produtos que equilibrem eficiência comercial com significado pessoal.­Arqueologia digital das emoçõesDefino artefato como tudo aquilo construído por humanos para facilitar a interação — seja um aparelho, engenho ou equipamento com uma finalidade específica. Neste ensaio, uso o termo para referir-me às interfaces que usamos diariamente em nossa interação com a tecnologia.Os artefatos são tudo aquilo que nos permitem expressar o imaterial. Todos, de alguma forma, buscamos nos expressar através desses artefatos.Quem não se lembra de como o MSN permitia personalizar status, cores e emoticons, possibilitando a construção de identidades virtuais? Essas ferramentas digitais se tornaram uma extensão de nossas formas de comunicação e expressão.Interface do MSN no Windows XP. Fonte: Google DiscoveryCom os avanços da tecnologia, a computação social passou a influenciar profundamente nossas experiências cotidianas, tornando nossa cognição cada vez mais situada. Isso significa que nosso pensamento é constantemente construído pelo ambiente e pelas ferramentas que utilizamos. Para entender melhor, pense no seu celular: ele parece ter sua própria cognição, notificando você e influenciando suas ações. Em vez de simplesmente usarmos a tecnologia, muitas vezes reagimos a ela. Esse é um exemplo claro de cognição situada. Hoje, artefatos digitais como celulares e computadores não são apenas ferramentas; eles se tornaram extensões de nós mesmos, moldando a maneira como pensamos e percebemos a realidade. Mesmo assim, esses artefatos permanecem como pontos de encontro que conectam emoções, memórias e experiências pessoais, ainda que de forma menos expansiva que no passado.A minha reflexão sobre a expressão através dos artefatos nos remete à ideia de que o design de produtos interativos não só empodera o usuário, mas também captura momentos de nossas vidas.Conforme aponta o professor Erkki Huhtamo com o conceito de “media archaeology”:É essencial olhar o presente com uma lente que revela as marcas do passado, permitindo-nos compreender como os elementos visuais e interativos evocam emoções e resgatam memórias.­Design como souvenir digitalPara quem cresceu imerso em computadores e videogames, como eu, a relação com esses artefatos é inevitavelmente hedônica. Os artefatos de design digital não só nos empoderam, mas também capturam nossas experiências cotidianas.Ao observar essa combinação de elementos visuais sob uma perspectiva semiótica, vejo que esses artefatos são mais poderosos do que imaginamos, com a capacidade de evocar emoções e relembrar momentos que, muitas vezes, ficam esquecidos na correria da vida contemporânea. Acredito que o design de artefatos digitais é parte essencial da nossa vida contemporânea e desempenha um papel fundamental na forma como moldamos nossa experiência no mundo.Segundo Bijker, a tecnologia é fruto de interações humanas e escolhas sociais, e não um fenômeno neutro ou autônomo. Assim como a música marca momentos especiais — você já deve ter visto comentários no YouTube como “ouvia muito essa música na faculdade” ou “essa canção me lembra o início do meu casamento” — os artefatos digitais também se tornam marcadores emocionais de nossa trajetória pessoal e coletiva.Comentários das pessoas no Instagram relembrando o MSN. Fonte: InstagramNas redes sociais, é comum encontrar comentários nostálgicos sobre o passado digital: “Quando éramos felizes e não sabíamos”, “Nossa, isso me lembra a minha infância” ou “Boa época que não voltará mais”.Esses relatos demonstram que o design dos artefatos digitais transcende a funcionalidade e encapsula memórias afetivas e culturais, transformando-se em verdadeiros “souvenirs” de uma era que marcou gerações.Assim como um diário físico guarda memórias, assim como o perfil do Myspace ou Orkut guardavam nossas identidades, aquelas fotos com Cybershot com flash ‘estourada’.Quem nunca?Pessoas com Cybershot em mão. Fonte: Filipe Nzongo & EstadãoQuando olhamos para aqueles perfis, as pessoas conseguem contar uma história autêntica através daqueles artefatos,

Mar 31, 2025 - 12:11
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Expressão através do artefato

Ensaio de um designer que viu o passado.

A imagem ilustra interfaces de aplicativos distintos como Facebook, MSN, ICQ, Winamp e Microsoft Media Player
Interfaces de aplicativos (Facebook, ICQ, MSN, Windows Media Player e Winamp). Fonte: Filipe Nzongo

Acordei numa quarta feira nublada em 2008, no dia do meu aniversário, naquela manhã, senti uma alegria contagiante ao ser recebido por parentes e amigos, tanto presencialmente quanto através de mensagens enviadas por plataformas como MSN, Facebook, Myspace, Live Hotmail e Hi5.

Essa experiência, que outrora simbolizava uma rede rica de interações humanas, me impulsionou a refletir sobre como os artefatos digitais evoluíram e passaram a mediar nossas relações de forma distinta.

A imagem ilustra um homem preto sentado a frente do computador
Em casa no dia do meu aniversário. Fonte: Filipe Nzongo.

Com o passar dos anos, notei que os artefatos digitais deixaram de servir como pontes de conexão pessoal para se transformarem em instrumentos comerciais, com foco excessivo na conversão.

Como designers de experiência, precisamos entender essa transição para criar produtos que equilibrem eficiência comercial com significado pessoal.

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Arqueologia digital das emoções

Defino artefato como tudo aquilo construído por humanos para facilitar a interação — seja um aparelho, engenho ou equipamento com uma finalidade específica. Neste ensaio, uso o termo para referir-me às interfaces que usamos diariamente em nossa interação com a tecnologia.

Os artefatos são tudo aquilo que nos permitem expressar o imaterial. Todos, de alguma forma, buscamos nos expressar através desses artefatos.

Quem não se lembra de como o MSN permitia personalizar status, cores e emoticons, possibilitando a construção de identidades virtuais? Essas ferramentas digitais se tornaram uma extensão de nossas formas de comunicação e expressão.

A imagem ilustra a interface da plataforma de mensagens instantâneas MSN no Windows XP
Interface do MSN no Windows XP. Fonte: Google Discovery

Com os avanços da tecnologia, a computação social passou a influenciar profundamente nossas experiências cotidianas, tornando nossa cognição cada vez mais situada. Isso significa que nosso pensamento é constantemente construído pelo ambiente e pelas ferramentas que utilizamos. Para entender melhor, pense no seu celular: ele parece ter sua própria cognição, notificando você e influenciando suas ações. Em vez de simplesmente usarmos a tecnologia, muitas vezes reagimos a ela. Esse é um exemplo claro de cognição situada. Hoje, artefatos digitais como celulares e computadores não são apenas ferramentas; eles se tornaram extensões de nós mesmos, moldando a maneira como pensamos e percebemos a realidade. Mesmo assim, esses artefatos permanecem como pontos de encontro que conectam emoções, memórias e experiências pessoais, ainda que de forma menos expansiva que no passado.

A minha reflexão sobre a expressão através dos artefatos nos remete à ideia de que o design de produtos interativos não só empodera o usuário, mas também captura momentos de nossas vidas.

Conforme aponta o professor Erkki Huhtamo com o conceito de “media archaeology”:

É essencial olhar o presente com uma lente que revela as marcas do passado, permitindo-nos compreender como os elementos visuais e interativos evocam emoções e resgatam memórias.

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Design como souvenir digital

Para quem cresceu imerso em computadores e videogames, como eu, a relação com esses artefatos é inevitavelmente hedônica. Os artefatos de design digital não só nos empoderam, mas também capturam nossas experiências cotidianas.

Ao observar essa combinação de elementos visuais sob uma perspectiva semiótica, vejo que esses artefatos são mais poderosos do que imaginamos, com a capacidade de evocar emoções e relembrar momentos que, muitas vezes, ficam esquecidos na correria da vida contemporânea. Acredito que o design de artefatos digitais é parte essencial da nossa vida contemporânea e desempenha um papel fundamental na forma como moldamos nossa experiência no mundo.

Segundo Bijker, a tecnologia é fruto de interações humanas e escolhas sociais, e não um fenômeno neutro ou autônomo. Assim como a música marca momentos especiais — você já deve ter visto comentários no YouTube como “ouvia muito essa música na faculdade” ou “essa canção me lembra o início do meu casamento” — os artefatos digitais também se tornam marcadores emocionais de nossa trajetória pessoal e coletiva.

A imagem ilustra comentários de pessoas no Instagram relembrando o MSN
Comentários das pessoas no Instagram relembrando o MSN. Fonte: Instagram

Nas redes sociais, é comum encontrar comentários nostálgicos sobre o passado digital: “Quando éramos felizes e não sabíamos”, “Nossa, isso me lembra a minha infância” ou “Boa época que não voltará mais”.

Esses relatos demonstram que o design dos artefatos digitais transcende a funcionalidade e encapsula memórias afetivas e culturais, transformando-se em verdadeiros “souvenirs” de uma era que marcou gerações.

Assim como um diário físico guarda memórias, assim como o perfil do Myspace ou Orkut guardavam nossas identidades, aquelas fotos com Cybershot com flash ‘estourada’.

Quem nunca?

Pessoas com Cybershot em mão. Fonte: Filipe Nzongo & Estadão

Quando olhamos para aqueles perfis, as pessoas conseguem contar uma história autêntica através daqueles artefatos, como era emocionante, interessante e cativante usar o artefato.

Enquanto humanos, estabelecemos uma relação de afeto com os artefatos, embora possa parecer estranho, mas é isso que nos faz sentir emotivos ao nos depararmos com esses artefatos do passado no presente.

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O significado dos artefatos

Os artefatos podem funcionar como gatilhos para histórias, permitindo que nos sentemos com amigos para relembrar como era usá-los.

Era cativante ver aquela pessoa especial online e ficar entrando e saindo do MSN só para chamar sua atenção. Ou então, ser surpreendido por um amigo enviando uma ‘chamada de atenção’ que fazia a interface do MSN vibrar.

Essas experiências fazem parte da nossa construção enquanto sociedade, pois a tecnologia não é só uma ferramenta, mas um elemento que molda nossas interações e relações.

Marc Hassenzahl, pesquisador influente em design de experiência, explica que contar histórias é parte da natureza humana

“Após passar por um episódio, as pessoas se envolvem na construção de significado.”

As histórias que compartilhamos ajudam a estruturar nossa compreensão do passado, detalhando sua estrutura espaço-temporal e o conteúdo da experiência.

Ter vivido o início da internet comercial, usado MSN e MySpace não é só nostalgia; é parte de nossa identidade coletiva. O filósofo Peter-Paul Verbeek argumenta:

“Quando as tecnologias são usadas, elas ajudam inevitavelmente a moldar o contexto no qual elas funcionam.”

A tecnologia moldou nossa realidade, inserindo-nos em uma rede de actantes, tanto humanos quanto não humanos.

A imagem ilustra a interface da rede social Orkut
Interface da rede social Orkut. Fonte: Folha de São Paulo

O significado dos artefatos só emerge no encontro entre o usuário, o objeto digital e seu contexto. A nostalgia despertada ao ouvir o som característico do Windows inicializando ou ao ver as visualizações do Windows Media Player resulta dessa interseção complexa.

Como explica Hassenzahl: “Projetar artefatos é um processo no qual os designers de experiência são responsáveis por criar artefatos que sejam capazes de moldar e mediar atividade, emoção e cognição para abordar a experiência prevista.” O artefato é, em última análise, um reflexo da imaginação do designer, que busca proporcionar meios para que as pessoas expressem suas personalidades e criem conexões significativas.

Os artefatos digitais não só nos possibilitaram interagir, mas também desempenharam um papel fundamental na construção de comunidades. Através deles, criamos laços, nos expressamos e conquistamos relevância social. Quem não queria ser popular no MySpace? Ser reconhecido online era, para muitos, um sinônimo de “ter vencido na vida” e, de certa forma, ainda é. A sensação de pertencimento e reconhecimento, como descreve Maslow, é uma necessidade humana fundamental.

Ainda estamos descobrindo o impacto e o significado desses artefatos, mas uma coisa é certa: eles permitiram que muitos se conectassem com pessoas que nunca encontraram fisicamente, seja em comunidades do Orkut ou em salas do bate-papo UOL. Alguns viveram relacionamentos amorosos mediados pela tecnologia, experimentando a emoção de receber um “eu te amo” pelo MSN.

Como afirma Hassenzahl:

“O afeto é um ingrediente crucial da experiência.”

Se o afeto é essencial para que uma experiência tenha significado, então, como designers de experiência, devemos estudar como criar gatilhos para que isso ocorra nos produtos que projetamos.

A mediação das relações por meio dos artefatos digitais é um fenômeno fascinante para aqueles que trabalham com design de produtos interativos. Isso nos leva a uma reflexão importante: ao projetarmos um artefato, como UX designers, não deveríamos começar pensando no significado que queremos atribuir a ele? Ou na história que ele permitirá que o usuário conte?

Talvez, ao fazermos isso, possamos mudar o curso do design de artefatos digitais. Como argumenta Hassenzahl:

“É evidente que pensar sobre o lado experiencial de um artefato lança uma rede mais ampla do que o design geralmente faz.”

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Afeto: A linguagem secreta dos artefatos

Os artefatos não são só ferramentas para a realização de tarefas; eles carregam atributos hedônicos que despertam emoções e constroem identidades.

Como argumenta Massumi, a tecnologia não se resume à funcionalidade, mas atua como um meio de modular afetos e criar experiências sensoriais e emocionais.

O som de notificação do MSN ou a estética do Windows XP, por exemplo, não serviam só a propósitos práticos, mas criavam atmosferas que influenciavam nosso estado de espírito.https://medium.com/media/a126a35b6b262ded5919bf6e3834a059/href

A nostalgia por artefatos das tecnologias interativas do passado revela como o design pode encapsular a memória afetiva através do imaterial.

Esses elementos interagem em uma rede complexa, onde, seguindo o pensamento de Latour, a realidade se constrói a partir das relações entre actantes, humanos e não-humanos. Nesse sentido, a memória de usar o MSN não diz respeito só ao usuário, mas também ao computador, à conexão de internet e até mesmo à música da época.

Todos esses fatores contribuem para a construção de práticas sociais e memórias coletivas, reforçando o papel do design na formação de nossas experiências e lembranças.

A imagem ilustra a interface da rede social Myspace
Interface da rede social Myspace. Fonte: Capital Commerce

Essas emoções, às quais muitas vezes não conseguimos atribuir uma explicação imediata, referem-se a sensações pré-cognitivas, intensidades e ressonâncias que experimentamos antes de racionalizá-las. Ou seja:

As emoções são evocadas antes mesmo de começarmos a processá-las intelectualmente.

Ainda não sei se são os artefatos que têm a capacidade de evocar emoções positivas, ou se somos nós, por meio deles, que despertamos essas emoções. Você entende a lógica?

A imagem ilustra a interface da rede social Hi5
Interface da rede social Hi5. Fonte: Tech Crunch

No meu artigo sobre a necessidade de avaliar a estética de produtos interativos, argumento que os produtos com características hedônicas podem gerar emoções sensoriais agradáveis, evocar memórias, estimular sentimentos e reforçar a identidade.

O artefato presente na funcionalidade “On This Day” do Facebook não atende só a uma necessidade funcional de compartilhar publicações do passado. Ele possui uma característica hedônica, pois cria gatilhos que evocam memórias, como se a tecnologia estivesse nos dizendo: “Olha as coisas legais que você fez há 5 anos”. Com uma simples postagem, abre-se uma oportunidade de expressão, convidando amigos a relembrar esses momentos.

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O papel do design no futuro

Os artefatos não existem no vácuo — são parte integrante da nossa sociedade contemporânea. Nossa relação com eles é contínua e transformadora. Se plataformas como MSN, mIRC e MySpace revolucionaram nossa comunicação e expressão, cabe a nós, designers, repensar e aprimorar as interfaces contemporâneas.

Temos a responsabilidade de incluir elementos que promovam a autoexpressão e estimulem emoções positivas, seja por meio de feedback tátil, visual ou sonoro. Assim, os artefatos de hoje poderão contar histórias emocionantes para as próximas gerações.

Se os artefatos digitais do passado “roubaram a cena”, talvez seja porque não foram só úteis, mas significativos. Como disse Felipe Memória:

“Somos a primeira geração dos designers digitais, temos uma grande responsabilidade.”

Como queremos que as próximas gerações contem a história dos artefatos que projetamos hoje? Como queremos que se sintam ao usá-los? O experience design existe precisamente para responder a essas perguntas, reconhecendo que os artefatos não são meros mediadores funcionais, mas plataformas através das quais as pessoas contam suas histórias.

Referências e leitura adicional

  • Huhtamo E. & Parikka J. (2011) Media Archaeology: Approaches, Applications and Implications.
  • Nzongo, F. Avaliando a atratividade de um produto interativo, além da usabilidade.
  • Memória, F. Our Discipline, Interaction Latin America (Rio de Janeiro, 2018).
  • Bijker, W. E. (1995). Of Bicycles, Bakelites, and Bulbs: Toward a Theory of Sociotechnical Change. MIT Press.
  • Latour, B. (2005). Reassembling the Social: An Introduction to Actor-Network-Theory. Oxford University Press.
  • Hassenzahl, M. (2004). The interplay of beauty and usability: Towards an effective theory of aesthetic in interactive product design. In Design and Emotion (pp. 387–392). CRC Press/Taylor & Francis.
  • Desmet, P. M. A., & Hekkert, P. (2007). Framework of product experience. In International Journal of Design, 1(1), 57–66.
  • Norman, D. A. (2004). Emotional Design: Why We Love (or Hate) Everyday Things. Basic Books.
  • Heersmink, R. History of memory artifacts: Palgrave Encyclopedia of Memory Studies.
  • Turkle, S. (2011). Alone Together: Why We Expect More from Technology and Less from Each Other. Basic Books.
  • Taylor, Jon. (2014). The nature of precognition. Journal of Parapsychology. 78. 19–38.
  • Caraban, A., Karapanos, E., Campos, P., & Gonçalves, D. (2019). 23 ways to nudge: A review of technology-mediated nudging in human-computer interaction.

Expressão através do artefato was originally published in UX Collective