Não é o seu cargo — é quem você serve

Não é o seu cargo — é quem você servePor baixo do tapete de Product Experience.Vivemos em pequenas-micro-bolhas então talvez você não tenha visto: o Duolingo renomeou a função de UX para Product Experience. Uma mudança como:❌ UX Designers, UX Writers, UX Researchers.✅ Product Designers, Product Writers, Product Researchers.­O anúncio foi feito pelo novo VP de Design e — na minha análise — é tanto um posicionamento de alinhamento interno, quanto um chamariz para atração de talentos. O mesmo VP (na época Head) já deu uma entrevista falando sobre ‘os segredos para contratar melhores talentos’, o que de certa forma fortalece essa análise.O agora influencer Jakob Nielsen deixou um comentário sobre a inflação de termos de UX, e a consultoria de design NN/g também não ficou atrás, matando (e revivendo) a profissão de UX; que segundo eles não está morrendo, e sim evoluindo.Mas o ponto é: essa briga por termos leva a algum lugar?Talvez.Apesar das piadas e ironias (que às vezes vem bem, convenhamos), a pauta é importante:­Como nos definimos molda e orienta como o mercado nos vê e valoriza, e mais importante, como trabalhamos.Vamos lá. Indo além do Duolingo, ter “produto” no nome do seu cargo traz junto duas premissas (que podem ou não ser verdadeiras):Você trabalha *com* produto, eVocê trabalha *para* o produto.­Na primeira premissa não vejo nenhum grande problema. Apesar de limitar seu escopo ao produto (não se envolva com outras gentalhas…), de certa forma, traz uma clareza de onde você deveria estar atuando, certo?Minha preocupação é com a segunda. Isso me deixa com duas pulgas atrás da orelha:Distanciamento dos usuários.Fixação ao *como*.­Odeio fazer comparações com medicina, mas vamos lá.O que gosto da organização de cargos da medicina é a orientação à pessoa. Por mais que atendam em um hospital (negócio) o nome dos cargos foca na pessoa que estão ajudando:Se cuido do seu coração e sistema circulatório, sou CardiologistaSe cuido do seu sistema nervoso central e nervos periféricos, sou Neurologista.­O nome do cargo é focado em quem se ajuda. Não no que você cria.Ou seja, não existem Venvansistas, Ozempicquistas ou Fluoxetinistas (produto). Então por que termos “product” designers?Por que nos organizamos com base no que criamos, e não em quem ajudamos?Entendo o nível de clareza que ter “produto” no nome dá ao nosso escopo de trabalho, e também sou contra dupla-tripla-muitas-funções.Porém, sinto que isso acaba aumentando mais e mais nossa distância com as pessoas que estamos buscando ajudar. Parece aumentar o esforço pra falar com usuários, considerar o que importa e o que precisam fazer.Isso sempre me leva a pensar: Ser designer nos limita demais.Será que ainda deveríamos nos chamar designers? Qual o peso que esse termo/cargo tem, ainda mais hoje? Quais consequências ele traz?Sei que ter um nome orientado ao usuário/pessoa não é garantia de nada — mas talvez (só talvez) seja um primeiro passo para começarmos a ir em uma direção mais ética, responsável e carinhosa com as pessoas.­Consideramos negócio, mas deveria ser sempre por e pelas pessoas.O que você acha? É do time “UX Designer”, “Product Designer”, “Web master” ou nenhum deles? Quero saber sua opinião.ClicouSe for ver um link essa semana, veja esse.“Empresas privadas podem e estão reanimando tecnologicamente os mortos. E a pergunta que estou fazendo é: ‘Eles deveriam estar fazendo isso?’”Dados, cabos, hardware, integridade, falhas, obsolescência… Uma palestra bem crítica, importante e que não paramos muito para pensar.Morte e como a tecnologia esqueceu sobre a mortalidadePra viagemLeve com você nessa semana.Um estudo de caso do Mercado Livre com dicas simples de acessibilidade que dá pra aplicar no dia a dia. O que estamos fazendo para melhorar essas experiências?6 dicas para melhorar a acessibilidade dos seus produtosO que achou dessa edição?Comente ou responda a esse e-mail e vamos conversar :)Apoie a newsletterSe gostou dessa edição, saiba como nos apoiar:Espalhe a palavra e encaminhe essa edição a alguém.Faça uma pergunta ou sugira uma pauta.Patrocine uma edição.Escreva um artigo — você pode aparecer aqui :)Não é o seu cargo — é quem você serve was originally published in UX Collective

Mar 17, 2025 - 11:17
 0
Não é o seu cargo — é quem você serve

Não é o seu cargo — é quem você serve

Por baixo do tapete de Product Experience.

Vivemos em pequenas-micro-bolhas então talvez você não tenha visto: o Duolingo renomeou a função de UX para Product Experience. Uma mudança como:

  • ❌ UX Designers, UX Writers, UX Researchers.
  • ✅ Product Designers, Product Writers, Product Researchers.
    ­

O anúncio foi feito pelo novo VP de Design e — na minha análise — é tanto um posicionamento de alinhamento interno, quanto um chamariz para atração de talentos. O mesmo VP (na época Head) já deu uma entrevista falando sobre ‘os segredos para contratar melhores talentos’, o que de certa forma fortalece essa análise.

O agora influencer Jakob Nielsen deixou um comentário sobre a inflação de termos de UX, e a consultoria de design NN/g também não ficou atrás, matando (e revivendo) a profissão de UX; que segundo eles não está morrendo, e sim evoluindo.

Mas o ponto é: essa briga por termos leva a algum lugar?

Talvez.

Apesar das piadas e ironias (que às vezes vem bem, convenhamos), a pauta é importante:­

Como nos definimos molda e orienta como o mercado nos vê e valoriza, e mais importante, como trabalhamos.

Vamos lá. Indo além do Duolingo, ter “produto” no nome do seu cargo traz junto duas premissas (que podem ou não ser verdadeiras):

  1. Você trabalha *com* produto, e
  2. Você trabalha *para* o produto.
    ­

Na primeira premissa não vejo nenhum grande problema. Apesar de limitar seu escopo ao produto (não se envolva com outras gentalhas…), de certa forma, traz uma clareza de onde você deveria estar atuando, certo?

Minha preocupação é com a segunda. Isso me deixa com duas pulgas atrás da orelha:

  1. Distanciamento dos usuários.
  2. Fixação ao *como*.
    ­

Odeio fazer comparações com medicina, mas vamos lá.

O que gosto da organização de cargos da medicina é a orientação à pessoa. Por mais que atendam em um hospital (negócio) o nome dos cargos foca na pessoa que estão ajudando:

  • Se cuido do seu coração e sistema circulatório, sou Cardiologista
  • Se cuido do seu sistema nervoso central e nervos periféricos, sou Neurologista.
    ­

O nome do cargo é focado em quem se ajuda. Não no que você cria.

Ou seja, não existem Venvansistas, Ozempicquistas ou Fluoxetinistas (produto). Então por que termos “product” designers?

Por que nos organizamos com base no que criamos, e não em quem ajudamos?

Entendo o nível de clareza que ter “produto” no nome dá ao nosso escopo de trabalho, e também sou contra dupla-tripla-muitas-funções.

Porém, sinto que isso acaba aumentando mais e mais nossa distância com as pessoas que estamos buscando ajudar. Parece aumentar o esforço pra falar com usuários, considerar o que importa e o que precisam fazer.

Isso sempre me leva a pensar: Ser designer nos limita demais.

Será que ainda deveríamos nos chamar designers? Qual o peso que esse termo/cargo tem, ainda mais hoje? Quais consequências ele traz?

Sei que ter um nome orientado ao usuário/pessoa não é garantia de nada — mas talvez (só talvez) seja um primeiro passo para começarmos a ir em uma direção mais ética, responsável e carinhosa com as pessoas.­

Consideramos negócio, mas deveria ser sempre por e pelas pessoas.

O que você acha? É do time “UX Designer”, “Product Designer”, “Web master” ou nenhum deles? Quero saber sua opinião.

Clicou

Se for ver um link essa semana, veja esse.

“Empresas privadas podem e estão reanimando tecnologicamente os mortos. E a pergunta que estou fazendo é: ‘Eles deveriam estar fazendo isso?’”
Dados, cabos, hardware, integridade, falhas, obsolescência… Uma palestra bem crítica, importante e que não paramos muito para pensar.
Morte e como a tecnologia esqueceu sobre a mortalidade

Pra viagem

Leve com você nessa semana.

Um estudo de caso do Mercado Livre com dicas simples de acessibilidade que dá pra aplicar no dia a dia. O que estamos fazendo para melhorar essas experiências?
6 dicas para melhorar a acessibilidade dos seus produtos

O que achou dessa edição?

Comente ou responda a esse e-mail e vamos conversar :)

Apoie a newsletter

Se gostou dessa edição, saiba como nos apoiar:


Não é o seu cargo — é quem você serve was originally published in UX Collective