Staff Designer na Prática: escopo, desafios e impacto
PARTE 1Staff Designer na prática: escopo, desafios e impactoO que aprendi atuando como Staff Designer na Blip em um ano.Imagem gerada por IA no Google FXNeste primeiro artigo da série sobre minha atuação como Staff Designer na Blip, vou contar como esse papel foi estruturado, qual o escopo de atuação e como ele se conecta com outras lideranças. No próximo, vou detalhar uma experiência específica, mostrando como ajudei o time a conectar funcionalidades, identificar oportunidades e construir uma visão de evolução do produto, apoiando a tomada de decisão.A construção do papel de Staff DesignerMinha transição para Staff Designer não foi apenas uma mudança de posição, mas também a construção ativa desse papel dentro da Blip. Fui o primeiro a assumir esse lugar na empresa e um dos principais responsáveis por estruturá-lo, com orientação à época da head de design e o apoio da gerência.Esse trabalho trouxe desafios em diferentes níveis. No organizacional, foi necessário entender como esse papel era exercido no mercado, como essa posição se encaixava no time de design e como eu poderia atuar de forma eficiente junto aos times. No pessoal, a transição para uma liderança técnica exigiu uma nova forma de trabalho e posicionamento, além da reorganização da minha atuação para apoiar diretamente um grupo de cinco designers no primeiro momento.O papel do Staff DesignerO Problema que o papel ajuda a resolverA maioria das empresas de tecnologia, incluindo a Blip, organiza seus times no formato de squads. Esse modelo consiste em equipes multidisciplinares autônomas, responsáveis por resolver problemas específicos no produto. Embora traga agilidade e foco, ele também pode gerar atritos e brechas na experiência do usuário, como:Funcionalidades desconectadas.Falta de consistência entre telas, mesmo utilizando um design system compartilhado.Proposta de valor fragmentada, já que cada squad possui suas próprias metas e necessidades de validação, o que pode gerar desalinhamento e silos.Esses problemas exigem um olhar que vá além da entrega de cada squad e conecte as soluções em uma experiência mais coesa e estratégica.O objetivo do papelO Staff Designer atua para trazer um olhar sistêmico sobre a jornada do produto e conectar as funcionalidades, mitigando gaps de experiência. Com isso, ajuda a reduzir os desalinhamentos entre squads e fortalecer uma visão integrada. Assim, contribui para que as decisões de design sejam tomadas com um entendimento mais amplo do impacto na experiência do usuário e nos objetivos do negócio.Esse papel faz parte da evolução de carreira em “Y”, onde um Product Designer (PD) pode optar por seguir uma trilha de gestão ou uma trilha técnica, sem que uma seja superior à outra. Nesse contexto, o Staff Designer assume uma liderança técnica, sendo uma progressão natural do nível sênior. Além disso, sua atuação pode variar conforme a maturidade do time de design: pode ser como um PD especialista, atuando com um escopo expandido de funcionalidades, pode ter um papel mais estratégico conectando times e objetivos ou, em alguns casos, pode desempenhar ambos os formatos simultaneamente.Na Blip, atuei de forma híbrida, em colaboração com os PDs. Em alguns momentos, fui facilitador, promovendo dinâmicas de alinhamento entre squads (Designers, Product Managers e times de engenharia) e fortalecendo a visão de design; em outros, estive hands-on, construindo diretamente as soluções mais amplas no Figma.Escopo e limites da atuaçãoO papel de Staff Designer geralmente abrange um espectro mais amplo e projetos que conectam diferentes contextos.Na Blip, minha atuação principal ocorreu numa tribo — ali, um conjunto de funcionalidades relacionadas — mas sempre buscando conectar essa jornada ao restante da experiência do produto e à visão de futuro.Minha função também se conectou ao trabalho do Team Lead (meu par do outro lado do “Y”). Para evitar sobreposição, desenvolvi meu próprio jeito de definir meu foco de atuação, e acho que funcionou bem:Staff Designer: foco na experiência do usuário, influenciando o desenvolvimento dos PDs para garantir melhores entregas.Team Lead: foco no desenvolvimento dos PDs, apoiando a gestão de atividades e, consequentemente, impactando a qualidade das entregas.Além disso, liderei sessões colaborativas com os PDs para construir jornadas e facilitei design critiques, dando feedbacks tanto sobre o design quanto sobre a condução dos PDs. Também dei outros feedbacks pontuais sobre a atuação dos PDs sempre que necessário. Essas interações foram alinhadas com o Team Lead e a trilha de carreira da Blip.Principais aprendizadosStaff não é um gestor, mas tem um papel de influência: a atuação está muito mais ligada a garantir coerência na experiência e elevar a qualidade das decisões de design.A transversalidade é essencial: sem um olhar amplo para os diferentes squads, fica fácil cair em soluções isoladas e desalinhadas.A colaboração é chave: o papel exige um trabalho próximo com os PDs, mas também com l

PARTE 1
Staff Designer na prática: escopo, desafios e impacto
O que aprendi atuando como Staff Designer na Blip em um ano.

Neste primeiro artigo da série sobre minha atuação como Staff Designer na Blip, vou contar como esse papel foi estruturado, qual o escopo de atuação e como ele se conecta com outras lideranças. No próximo, vou detalhar uma experiência específica, mostrando como ajudei o time a conectar funcionalidades, identificar oportunidades e construir uma visão de evolução do produto, apoiando a tomada de decisão.
A construção do papel de Staff Designer
Minha transição para Staff Designer não foi apenas uma mudança de posição, mas também a construção ativa desse papel dentro da Blip. Fui o primeiro a assumir esse lugar na empresa e um dos principais responsáveis por estruturá-lo, com orientação à época da head de design e o apoio da gerência.
Esse trabalho trouxe desafios em diferentes níveis. No organizacional, foi necessário entender como esse papel era exercido no mercado, como essa posição se encaixava no time de design e como eu poderia atuar de forma eficiente junto aos times. No pessoal, a transição para uma liderança técnica exigiu uma nova forma de trabalho e posicionamento, além da reorganização da minha atuação para apoiar diretamente um grupo de cinco designers no primeiro momento.
O papel do Staff Designer
O Problema que o papel ajuda a resolver
A maioria das empresas de tecnologia, incluindo a Blip, organiza seus times no formato de squads. Esse modelo consiste em equipes multidisciplinares autônomas, responsáveis por resolver problemas específicos no produto. Embora traga agilidade e foco, ele também pode gerar atritos e brechas na experiência do usuário, como:
- Funcionalidades desconectadas.
- Falta de consistência entre telas, mesmo utilizando um design system compartilhado.
- Proposta de valor fragmentada, já que cada squad possui suas próprias metas e necessidades de validação, o que pode gerar desalinhamento e silos.
Esses problemas exigem um olhar que vá além da entrega de cada squad e conecte as soluções em uma experiência mais coesa e estratégica.
O objetivo do papel
O Staff Designer atua para trazer um olhar sistêmico sobre a jornada do produto e conectar as funcionalidades, mitigando gaps de experiência. Com isso, ajuda a reduzir os desalinhamentos entre squads e fortalecer uma visão integrada. Assim, contribui para que as decisões de design sejam tomadas com um entendimento mais amplo do impacto na experiência do usuário e nos objetivos do negócio.
Esse papel faz parte da evolução de carreira em “Y”, onde um Product Designer (PD) pode optar por seguir uma trilha de gestão ou uma trilha técnica, sem que uma seja superior à outra. Nesse contexto, o Staff Designer assume uma liderança técnica, sendo uma progressão natural do nível sênior. Além disso, sua atuação pode variar conforme a maturidade do time de design: pode ser como um PD especialista, atuando com um escopo expandido de funcionalidades, pode ter um papel mais estratégico conectando times e objetivos ou, em alguns casos, pode desempenhar ambos os formatos simultaneamente.
Na Blip, atuei de forma híbrida, em colaboração com os PDs. Em alguns momentos, fui facilitador, promovendo dinâmicas de alinhamento entre squads (Designers, Product Managers e times de engenharia) e fortalecendo a visão de design; em outros, estive hands-on, construindo diretamente as soluções mais amplas no Figma.
Escopo e limites da atuação
O papel de Staff Designer geralmente abrange um espectro mais amplo e projetos que conectam diferentes contextos.
Na Blip, minha atuação principal ocorreu numa tribo — ali, um conjunto de funcionalidades relacionadas — mas sempre buscando conectar essa jornada ao restante da experiência do produto e à visão de futuro.
Minha função também se conectou ao trabalho do Team Lead (meu par do outro lado do “Y”). Para evitar sobreposição, desenvolvi meu próprio jeito de definir meu foco de atuação, e acho que funcionou bem:
- Staff Designer: foco na experiência do usuário, influenciando o desenvolvimento dos PDs para garantir melhores entregas.
- Team Lead: foco no desenvolvimento dos PDs, apoiando a gestão de atividades e, consequentemente, impactando a qualidade das entregas.
Além disso, liderei sessões colaborativas com os PDs para construir jornadas e facilitei design critiques, dando feedbacks tanto sobre o design quanto sobre a condução dos PDs. Também dei outros feedbacks pontuais sobre a atuação dos PDs sempre que necessário. Essas interações foram alinhadas com o Team Lead e a trilha de carreira da Blip.
Principais aprendizados
- Staff não é um gestor, mas tem um papel de influência: a atuação está muito mais ligada a garantir coerência na experiência e elevar a qualidade das decisões de design.
- A transversalidade é essencial: sem um olhar amplo para os diferentes squads, fica fácil cair em soluções isoladas e desalinhadas.
- A colaboração é chave: o papel exige um trabalho próximo com os PDs, mas também com lideranças de produto e engenharia.
- Dar feedback vai além do design: ajudar na evolução dos PDs também passa por desenvolver soft skills e maturidade na tomada de decisão.
O papel de Staff Designer ainda é relativamente novo, e há oportunidades para trazer mais clareza sobre seu escopo e alinhamento com outras lideranças.
Acredito também que seja necessário definir melhor as habilidades essenciais para esse perfil na trilha de carreira, garantindo uma visão estruturada sobre competências e métricas de avaliação.
No próximo artigo, vou detalhar um caso prático dessa atuação num projeto, mostrando como ajudamos a construir uma visão mais clara para a tomada de decisão.
Referências
- A pesquisa da Maria Clauver, com quem trabalhei no período em que atuei como Staff Designer, também ajudou a embasar a construção desse papel. Ela publicou um artigo, que pode ser conferido neste link.
- Outra discussão interessante sobre o papel rolou no bate-papo do DesignTeam no episódio “O que é o tal Staff Designer?”, com André e Duda no Bom dia UX. Vale a pena conferir: assista aqui.
Staff Designer na Prática: escopo, desafios e impacto was originally published in UX Collective