Visibilidade feminina no trabalho sem perder sua essência

Visibilidade feminina no trabalho — sem perder sua essência

Sem oportunismo, a visibilidade pode ser trabalhada de forma leve e construtiva. O que aprendi após uma rodada de conversa com meus executivos.

Você já deve ter conhecido uma personagem assim: a fulana que trabalha muito e está há anos na mesma posição. Ou a sicrana que nunca foi notada, mas após ser desligada a empresa sentiu o impacto na operação.

Posso citar inúmeros exemplos cotidianos de profissionais que são excelentes, entregam tudo, mas nunca são lembrados. Esse cenário é ainda pior quando falamos de mulheres no trabalho.

Aqui na empresa temos uma avaliação específica para coordenadores que visa calibrar em que momento cada profissional está (a fim de sermos considerados para futuras oportunidades). Nos últimos anos recebi notas excelentes e isso reflete bastante a satisfação com meu trabalho. Entretanto, um feedback aparece todo ano: você precisa aparecer mais.

Eu tentei buscar as respostas nos líderes diretos, nos meus pares, nas divindades, na meditação…

Mas só encontrei mesmo batendo na porta da minha diretora e tomando um chá de clareza com ela.

Não satisfeita com esse privilégio, fui aconselhada a procurar outros executivos da área para compreender melhor o entendimento de cada um e buscar apoio nos magos gestores sêniores.

O fato é que estou saindo de uma rodada de conversas ricas e quero compartilhar esses aprendizados com vocês sobre como podemos ser lembrados de maneira autêntica, eficaz e natural.

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O que realmente significa visibilidade no trabalho

Esquece tudo o que você aprendeu sobre vender seu trabalho ou sobre estar no máximo de projetos e reuniões possíveis. Quando o assunto é visibilidade precisamos entender que isso envolve alguns fatores além de presença:

Conexão com líderes, liderados e pares: como seu time te vê? Você é a referência que procura? E mais do que isso: seus líderes e pares sabem seus planos? Talvez seja a hora de trocar umas ideias e construir juntos estratégias para se fortalecer e estar em mais evidência.

Rede de contatos estratégicos: você conhece as pessoas que já estão no seu próximo passo? Isso me lembra muito os residentes de Grey’s Anatomy acompanhando os sêniores por toda parte no hospital, apenas para observar e absorver. O exemplo pode não ter sido o melhor, mas você entendeu.

Participação ativa em discussões importantes: não, a sua ideia não é maluca. No máximo só não será a melhor. Mas você só vai saber se abrir o microfone. Respira e fala!

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Visibilidade feminina no trabalho

Sim, vou falar dela: a síndrome da impostora.

Segundo o Instituto de Psicologia da USP essa síndrome é coisa séria e é caracterizada por pensamentos que reforçam a falta de confiança e a sensação de que o sucesso atingido não foi merecido. Mulher, eu du-vi-do que você nunca se sentiu assim em algum momento.

Mas saiba que você não está sozinha: 75% das mulheres entrevistadas em uma pesquisa feita pela KPMG sentem-se uma fraude no trabalho e ao menos 56% temiam que as pessoas ao redor não acreditassem na capacidade delas.

“As mulheres do nosso estudo reconheceram que ser menos visíveis no escritório poderia prejudicar as suas probabilidades de promoção. Mas elas temiam que a violação das normas femininas pudesse deixá-las ainda pior. Muitas experimentaram ou testemunharam pessoalmente situações em que mulheres que agiram de forma assertiva ou autoritária foram penalizadas.”

SIGHN; Porque mulheres ficam longe dos holofotes no trabalho — HARVARD (traduzido).

Em um mercado onde a maioria na gestão são homens (e brancos), não é estranho que tantas se sintam assim. É importante que a cultura organizacional onde você está valorize o trabalho de mulheres para que você se sinta à vontade de expor o seu.

Outro ponto importante e divisor de águas sobre a dificuldade de expor nosso trabalho é que muitas vezes acreditamos que o nosso trabalho “fala por nós”. Ei, acredite, só fazer não basta.

Encontre conexões, em especial de mulheres, que te deem a oportunidade de expressar suas ideias e mostrar seu trabalho em diferentes fóruns (dentro ou fora da empresa).

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Dicas práticas dos meus executivos

1. Sempre que puder esteja nos papos estratégicos também.
   Embora a coordenação exija mais o “tático”, praticar a estratégia em algumas conversas te ajuda a se desenvolver melhor para seu próximo passo.
2. Não é necessário tornar tudo sobre você.
   “Eu fiz, eu faço, eu fui, eu vi, eu, eu, eu…” na verdade, isso é muito desesperado. Ideias, iniciativas e resultados têm mais valor quando construídos em equipe. Use isso a seu favor.
3. Busque aliados e referências (femininas).
   Pode ser dentro da sua estrutura ou não, mulheres na liderança muitas vezes estão prontas para ouvir, conceder um lugar seguro e de apoio.
4. Não hesite.
   Se novos desafios aparecerem, acredite na sua capacidade e vá. Nem tudo vamos saber de prontidão, mas temos muitos recursos e pessoas à disposição para nos ajudar. Geralmente homens são mais práticos nesse sentido: só vão e depois se ajeitam. Mulheres repensam demais a própria capacidade e perdem oportunidades claras.

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O que mais me coube

De início estava achando meio maluco sair guardando agenda de executivos como se eu fosse o último biscoito do pacote. No fim, acabei descobrindo que se tivesse começado antes, teria sofrido menos com a autocobrança.

É claro que estou em um ambiente muito (mas muito) privilegiado por estar rodeada de gestores que são pessoas do bem e dispostas a me ver crescer.

E mesmo que o cenário não fosse esse, compreendi que sozinha continuaria patinando muito. Hora ou outra seria necessário ouvir e me sentir apoiada, como gestora e como profissional.

Deixo aqui um agradecimento especial a essas pessoas que me ouviram de maneira genuína e se puseram à disposição para contribuir com minha carreira.

Saio dessas conversas confiante, determinada e com mais alguns projetos embaixo do braço (vem aí).

Referências

• Why Women Stay Out of the Spotlight at Work, Harvard Business Review.
• SANDBERG, Sheryl. Mulheres, trabalho e a vontade de liderar;
• Síndrome da Impostora, USP;
• Pesquisa sobre Síndrome da Impostora, Forbes;

Visibilidade feminina no trabalho sem perder sua essência was originally published in UX Collective