Pânico como valor no Capitalismo de Catástrofe e como mídia descobriu que Gleisi é mulher

Os leitores mais velhos devem lembrar dos ícones do sensacionalismo na TV: O Homem do Sapato Branco, Gil Gomes, programas O Povo na TV e Aqui e Agora etc. Essa linguagem sensacionalista ficou para trás, em uma época de outro capitalismo. Hoje, o rentismo e o Capitalismo de Catástrofe (capaz de imaginar o fim do mundo como oportunidade de comoditização) impõem uma mudança nesse clássico gênero midiático. É a ascensão do PÂNICO CAPITALISMO: o pânico elevado a valor cultural através do qual a sociedade e tendências políticas e econômicas são percebidas – Pânico Moral, Pânico Racial, Pânico Climático, Pânico Inflacionário, Pânico da Segurança Pública, Pânico Econômico etc. Com uma mais-valia ideológica: inverter relações de causa e efeito para ocultar a precarização generalizada imposta pela cartilha do Capitalismo de Catástrofe. Enquanto isso, jornalistas corporativos descobrem, surpresos, que Gleisi Hoffmann é mulher. Tudo porque Lula cai em mais uma armadilha semiótica da extrema-direita.Desde o início da TV, a identificação da linguagem sensacionalista com a telinha foi imediata, desde quando o negócio televisivo se baseou na venda de espaço publicitário em troca de entretenimento nos anos 1940 nos EUA.Tanto é verdade que a invenção do controle remoto se populariza nessa década, sob a promessa que o dispositivo melhoraria a qualidade do conteúdo mediante o poder de comutação do espectador: trocaria de canal com mais facilidade, recusando programas apelativos em busca de qualidade maior. Sabemos que o efeito foi inverso: o efeito zapping (o prazer de trocar canal aleatoriamente), acentuando o conteúdo apelativo para tentar segurar o telespectador no canal.A linguagem sensacionalista do passado de programas icônicos da TV brasileira como O Homem do Sapato Branco, Programa Gil Gomes, O Povo na TV e Aqui Agora, tinham as seguintes características:(a) Imperialismo da poltrona – sua majestade, o espectador, exerce o prazer voyeurístico Assiste a casos bizarros de assassinatos, guerra entre vizinhos, sequestros, incêndios e catástrofes humanitárias da sua poltrona segura. Ele não está envolvido e apenas exerce a curiosidade mórbida. No final, está feliz em descobrir que tem gente com a vida pior do que a sua...(b) Busca de bode expiatórios – sensacionalismo normaliza a vida ordinária, tida como normal. Mas rondam monstros, aberrações, malvados ou as próprias fatalidades da vida. Se a vida é normal, o sensacional que irrompe tem que ter um culpado. Em contextos mais politizados, os culpados poderão até serem autoridades públicas ou políticos. Mas a tom da monstruosidade que irrompe a vida normal ordinária é encontrada no poder corruptor deles.(c) Anomia – o sensacional é anômico, porque quebra o bom-senso. Terremotos, tufões ou qualquer fúria dos elementos adquirem um aspecto moral e punitivo. Mas punir o quê ou quem? Bem, quem decidirá serão os preconceitos do imperador da poltrona – isso também faz parte do seu prazer voyeurístico.(d) Freak Show – o programa sensacionalista é a versão eletrônica do velho parque de variedade ou do circo do século XIX a exibição de espetáculos com deformados, aleijões, videntes, mágicos e tudo aquilo que rompe a normalidade estética, moral e ética da rotina dos homens de bem.A linguagem sensacionalista tem a ver com um velho capitalismo que não existe mais – o capitalismo fordista, da rotina diária e previsível de trabalho, da ordem do Estado de Bem-Estar Social e da antiga ordem dos direitos trabalhistas.Diferente do século XXI, dominado pelo capitalismo rentista e de catástrofe - o mais novo salto mortal do capitalismo em sua busca de novas frentes de comoditização pela financeirização. Para se distanciar cada vez mais da economia real, investindo na espiral especulativa das startups tecnológicas.Por exemplo, as catástrofes ambientais provocadas pelos modelos de exaustão dos recursos naturais (agricultura extensiva, agronegócio, mineração etc.) estão se transformando numa nova oportunidade do capital especulativo: do investimento massivo nas chamadas “tecnologias limpas” como “parques eólicos” e “fazendas solares”, à ajuda na reconstrução pós-catástrofe climáticas (Alvares & Marçal dando assessoria à prefeitura de Porto Alegre e a construção de verdadeiros campos de concentração para “refugiados climáticos” com casas portáteis) e o investimento em startups do mercado climatech como a Um Grau e Meio.Nesse contexto de novo salto mortal do Capitalismo, a linguagem sensacionalista midiática clássica tornou-se extemporânea, inspirando apenas nostalgia ou retro-estética.Hoje a linguagem sensacionalista não desafia mais uma ordem, porque o capitalismo atual só consegue gerar valor, comoditizar e abrir novos mercados mediante a desordem – a precarização urbana ou trabalhista que emergem como uma paradoxal ordem cotidiana.  Mediante a catástrofe, imaginada, esperada ou consumada.Arthur KrokerPÂNICO CAPITALISMONessa lógica, o capitalismo sensacionalista dá lugar ao PÂNICO CAPITALISMO. Pâni

Mar 15, 2025 - 17:11
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Pânico como valor no Capitalismo de Catástrofe e como mídia descobriu que Gleisi é mulher


Os leitores mais velhos devem lembrar dos ícones do sensacionalismo na TV: O Homem do Sapato Branco, Gil Gomes, programas O Povo na TV e Aqui e Agora etc. Essa linguagem sensacionalista ficou para trás, em uma época de outro capitalismo. Hoje, o rentismo e o Capitalismo de Catástrofe (capaz de imaginar o fim do mundo como oportunidade de comoditização) impõem uma mudança nesse clássico gênero midiático. É a ascensão do PÂNICO CAPITALISMO: o pânico elevado a valor cultural através do qual a sociedade e tendências políticas e econômicas são percebidas – Pânico Moral, Pânico Racial, Pânico Climático, Pânico Inflacionário, Pânico da Segurança Pública, Pânico Econômico etc. Com uma mais-valia ideológica: inverter relações de causa e efeito para ocultar a precarização generalizada imposta pela cartilha do Capitalismo de Catástrofe. Enquanto isso, jornalistas corporativos descobrem, surpresos, que Gleisi Hoffmann é mulher. Tudo porque Lula cai em mais uma armadilha semiótica da extrema-direita.

Desde o início da TV, a identificação da linguagem sensacionalista com a telinha foi imediata, desde quando o negócio televisivo se baseou na venda de espaço publicitário em troca de entretenimento nos anos 1940 nos EUA.

Tanto é verdade que a invenção do controle remoto se populariza nessa década, sob a promessa que o dispositivo melhoraria a qualidade do conteúdo mediante o poder de comutação do espectador: trocaria de canal com mais facilidade, recusando programas apelativos em busca de qualidade maior. Sabemos que o efeito foi inverso: o efeito zapping (o prazer de trocar canal aleatoriamente), acentuando o conteúdo apelativo para tentar segurar o telespectador no canal.

A linguagem sensacionalista do passado de programas icônicos da TV brasileira como O Homem do Sapato Branco, Programa Gil Gomes, O Povo na TV e Aqui Agora, tinham as seguintes características:

(a) Imperialismo da poltrona – sua majestade, o espectador, exerce o prazer voyeurístico Assiste a casos bizarros de assassinatos, guerra entre vizinhos, sequestros, incêndios e catástrofes humanitárias da sua poltrona segura. Ele não está envolvido e apenas exerce a curiosidade mórbida. No final, está feliz em descobrir que tem gente com a vida pior do que a sua...

(b) Busca de bode expiatórios – sensacionalismo normaliza a vida ordinária, tida como normal. Mas rondam monstros, aberrações, malvados ou as próprias fatalidades da vida. Se a vida é normal, o sensacional que irrompe tem que ter um culpado. Em contextos mais politizados, os culpados poderão até serem autoridades públicas ou políticos. Mas a tom da monstruosidade que irrompe a vida normal ordinária é encontrada no poder corruptor deles.

(c) Anomia – o sensacional é anômico, porque quebra o bom-senso. Terremotos, tufões ou qualquer fúria dos elementos adquirem um aspecto moral e punitivo. Mas punir o quê ou quem? Bem, quem decidirá serão os preconceitos do imperador da poltrona – isso também faz parte do seu prazer voyeurístico.

(d) Freak Show – o programa sensacionalista é a versão eletrônica do velho parque de variedade ou do circo do século XIX a exibição de espetáculos com deformados, aleijões, videntes, mágicos e tudo aquilo que rompe a normalidade estética, moral e ética da rotina dos homens de bem.


A linguagem sensacionalista tem a ver com um velho capitalismo que não existe mais – o capitalismo fordista, da rotina diária e previsível de trabalho, da ordem do Estado de Bem-Estar Social e da antiga ordem dos direitos trabalhistas.

Diferente do século XXI, dominado pelo capitalismo rentista e de catástrofe - o mais novo salto mortal do capitalismo em sua busca de novas frentes de comoditização pela financeirização. Para se distanciar cada vez mais da economia real, investindo na espiral especulativa das startups tecnológicas.

Por exemplo, as catástrofes ambientais provocadas pelos modelos de exaustão dos recursos naturais (agricultura extensiva, agronegócio, mineração etc.) estão se transformando numa nova oportunidade do capital especulativo: do investimento massivo nas chamadas “tecnologias limpas” como “parques eólicos” e “fazendas solares”, à ajuda na reconstrução pós-catástrofe climáticas (Alvares & Marçal dando assessoria à prefeitura de Porto Alegre e a construção de verdadeiros campos de concentração para “refugiados climáticos” com casas portáteis) e o investimento em startups do mercado climatech como a Um Grau e Meio.

Nesse contexto de novo salto mortal do Capitalismo, a linguagem sensacionalista midiática clássica tornou-se extemporânea, inspirando apenas nostalgia ou retro-estética.

Hoje a linguagem sensacionalista não desafia mais uma ordem, porque o capitalismo atual só consegue gerar valor, comoditizar e abrir novos mercados mediante a desordem – a precarização urbana ou trabalhista que emergem como uma paradoxal ordem cotidiana.  Mediante a catástrofe, imaginada, esperada ou consumada.


Arthur Kroker

PÂNICO CAPITALISMO

Nessa lógica, o capitalismo sensacionalista dá lugar ao PÂNICO CAPITALISMO. Pânico como um valor cultural através do qual a sociedade e tendências políticas e econômicas são percebidas – percebidas como Pânico Moral, Pânico Racial, Pânico Climático, Pânico Inflacionário, Pânico da Segurança Pública, Pânico Econômico etc.

Pânico como valor cultural (“panic value”) é uma ideia sugerida pelo cientista político canadense Arthur Kroker como um espírito dominante da cultura pós-moderna, que, de forma visionária, Kroker detectava no fim do século XX. Apontando para o zeitgeist dominante do século XXI – leia KROKER, Arthur, Panic Encyclopedia – Definitive Guide to the Postmodern Scene, Palgrave Mcmillan, 1989.

Para o pesquisador, o panic value surge quando a sociedade experimenta uma percepção ambígua: de um lado, a euforia do progresso e novas oportunidades tecnológicas e econômicas (IA, energias limpas etc.); do outro, o pessimismo em relação ao futuro (mudanças climáticas, aquecimento global, guerra fria 2.0 etc.). Entre pessimismo radical e um otimismo selvagem, ansiedade e bloqueio do futuro combinado com o otimismo pelas radicais transformações tecnológicas.

Poderíamos definir como “escolhas do fim do mundo” num ambiente de catástrofes físicas e econômicas, acidentes, estilhaçamentos, instabilidades, perda de controle etc. Um ambiente coletivo necessário para a busca de novos mercados no âmbito do Capitalismo de Catástrofe.

A linguagem midiática do Pânico Capitalismo vai diferir radicalmente da linguagem do sensacionalismo clássico.

Se não, vamos investigar a cobertura midiática do recente episódio das fortes chuvas e ventos que fustigaram principalmente os bairros centrais de São Paulo, derrubando árvores e matando um motorista de táxi que passava com passageiros numa avenida no Centro:



(a) o imperialismo voyeur da poltrona desaparece. “Poderia ter sido eu, você!...”, exclama preocupado o âncora do telejornal;

(b) na cobertura dos telejornais nacionais, a notícia entrou logo depois, ou colocada no mesmo bloco noticioso, da notícia de que Trump está fechando agências climáticas nos EUA – o temporal de verão de SP é colocado diante do pano de fundo dos “fenômenos extremos climáticos”. Não há busca de um bode expiatório... tudo se deve a um evento extremo, aleatório – um fenômeno climático global. PÂNICO! Ninguém está seguro.

(c) Evita-se a conotação sazonal ou previsível dos eventos – afinal, estamos no verão onde eventos como esse são mais do que previsíveis: são esperados. A proliferação de vídeos captados por smartphones nas redes, criam a percepção-pânico de uma catástrofe inesperada – prontamente compartilhado pelos telejornais para construir semioticamente o “fenômeno extremo”;

(d)  O marcante na linguagem-pânico é aquilo que, por assim dizer, poderíamos chamar de “contagem regressiva”, criando a percepção perfeita do pânico como uma bomba relógio. Agora falam em “ondas de calor” com uma metodologia própria – dentro da contabilização (contagem regressiva) estaríamos na quinta onda do verão.

Em celulares piscam alertas tempestade de “moderado”, “extremo” (essa palavra tem um forte efeito retórico)... temperatura no Rio de Janeiro estaria em “nível quatro” e assim por diante.

Também é marcante na criação generalizada do pânico é que, diferente do velho sensacionalismo que buscava salvar a ordem elegendo um culpado (a autoridade X, a empresa Y, o descaso da burocracia etc.), a linguagem-pânico quer criar uma sensação de instabilidade e perda de controle.

Fala-se até, en passant, sobre “podas malfeitas”, descaso de “zeladoria” (termo neutro sem especificar de qual autoridade tratamos). Porém, a reportagem se resume a descrever as “fatalidades”, sem ir atrás das autoridades municipais. Resume a ler notas publicadas pela prefeitura em redes sociais, como correia de transmissão de assessoria de imprensa.


Para quê PÂNICO CAPITALISMO?

Para quê serve a linguagem-pânico midiática? Para tirar do foco da opinião pública a precarização dos serviços e instrumentos públicos provocado pelos irracionais cortes de gastos imposto pelas políticas fiscais neoliberais. 

Transformando eventos climáticos sazonais, previsíveis e praticamente com data marcada no calendário em catástrofes instáveis, fruto de fenômenos globais.

A linguagem-pânico quer que o público confunda causa e efeito: querem que acreditemos que a causa seriam os “fenômenos extremos” que derrubam árvores, matam pessoas e criam o caos urbano em poucos minutos de chuva e vento. Enquanto a crescente vulnerabilidade urbana e precarização da gestão e planejamento criados pelas políticas fiscais austericidas são ocultadas. 

Reportagens até podem se referir aqui e ali alguma coisa sobre “descaso” e “ineficiência” das autoridades. Mas tudo fica no campo da má vontade. Afinal, todos sabemos que reza na cartilha neoliberal que sempre é possível fazer mais com menos: basta ser “eficiente” e “inovador”.

Linguagem-pânico que faz âncoras de telejornais recomendarem, candidamente, com ares de inédita recomendação científica que “tomem bastante água e usem roupas leves”...  paroxismo da hipernormalização: basta seguir a ciência que será salvo...

Ufaaaa! Pensei que no verão fosse o contrário: dieta altamente calórica trajando moleton...



Bomba! Gleisi Hoffmann é mulher!

Mas talvez o pânico maior seja a da própria mídia: descobriu que a recém-empossada ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, é MULHER!

Como discutíamos em postagem anterior (clique aqui), não importa se Gleisi é uma mulher que ocupa a presidência de um partido, e que agora é indicada como ministra de um governo que formou um ministério com grande protagonismo feminino. Para o jornalismo corporativo, é uma não-mulher - Gleisi Hoffmann tem um sério defeito para ser considerada uma mulher plena: é militante petista!

E menos ainda importa se ela é presidenta de um partido cujo atual presidente indicou e elegeu a primeira mulher na presidência na história da República – Dilma Rousseff, que sofreu ataques misóginos quando era presidenta, porém não recebeu qualquer tipo de apoio crítico por parte das articulistas da imprensa hegemônica. 

Mas, de repente, caiu a ficha para a grande mídia: GLEISI É MULHER! Tudo porque, respondendo à bazófia sexista de Bolsonaro no Dia das Mulheres (“mulher do PT é feia e incomível”), Lula afirmou que escolheu uma “mulher bonita” para diminuir a distância entre Executivo e Congresso.

PRONTO! Com Lula caindo na provocação de Bozo (depois falam que não há inteligência semiótica na extrema-direita) para gerar uma indignação calculada entre o oportunismo identitário das jornalistas corporativas.

  A mais inflamada era a especialista em agrojornalismo (aquela que “apura” notas plantadas, a “colonista”) Andreia Sadi, da Globo News: “Desculpe o meu tom. É impossível não ficar indignada. A gente está em 2025, pelo amor de Deus. Não me venha com essa conversa ‘ah, é de outra geração’. Não! Não tem espaço para isso”.

E toca ao longo da programação especular se Lula não estaria perdendo o voto feminino nas últimas pesquisas que apontam para sua queda de aprovação.

Algumas lições desse episódio da inesperada descoberta da grande mídia sobre a qula gênero pertenceria Gleisi Hoffmann.

(a) Para os jornalistas corporativos a campanha das eleições 2026 já começou há muito tempo. Imagina-se o clima das redações quando o jornal Valor, do grupo Globo, publica uma manchete como essa, dando conta que, para o mercado, é favas contadas a “mudança de regime” para 2026... E nem quero discutir a gravidade da utilização do termo “regime”: o que termos em 2026 é eleição ou golpe?

(b) Em episódios como esse, percebemos o quanto esse patrulhamento identitário é pervasivo, com opiniões da própria mídia progressista, fazendo coro com o jornalismo corporativo: “erro crasso” e “ruído desnecessário”.

Sim! Gleisi Hoffmann é mulher... mas apenas no momento em que sirva de munição contra Lula. Ao lado de Dilma Rousseff, está condenada a ser não-mulher.

 

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