Faixa a faixa: Conheça “ESPANTA HYPE”, EP dos mineiros do Pranada
“ESPANTA HYPE” (2025), EP de três faixas, diz muito sobre a visão da música comercial desta dupla de quarentões. Um trabalho de rock totalmente fora do esperado na música pop de Belo Horizonte.

introdução por Diego Albuquerque
Faixa a faixa por Pranada
Thiago Machado, o Porquinho, e Luiz Ramos, o Z, se conhecem de longa data, inclusive tocaram na Fodastic Brenfers, um dos vários projetos que já criaram ou participaram na cena belorizontina. Em 2023 eles resolveram que era a hora de criarem um projeto em parceria, interagindo, trabalhando e dividindo composições e todas as ideias. Assim surge o PRANADA, com Porquinho na guitarra, voz e synths e Z na bateria e voz.
“A gente já tinha tocado junto em uma banda, tínhamos outros projetos, mas queríamos fazer algo novo. Começar do zero sabendo o que a gente sabe é um caminho muito diferente de quando conseguimos nossos primeiros shows da vida”, comenta Porquinho. O som do PRANADA é pesado, misturando nu metal, grunge e doses de ironia, periculosidade e experimentalismo sem perder o tom provocativo e irreverente.
O primeiro lançamento foi o EP ao vivo “BALADAS” (2024), que mostra bem como a banda funciona nos shows. “Apesar de ser um primeiro lançamento, gravado no final de 2023, a banda demonstra maturidade e uma identidade bem definida”, comenta Z. Embalados pela repercussão positiva entre os amigos, o duo adentrou o estúdio Moai para gravar algumas canções.
Assim nasce “ESPANTA HYPE” (2025), EP de três faixas que diz muito sobre a visão da música comercial desta dupla de quarentões. Um trabalho de rock totalmente fora do esperado na música pop da cidade, “quase como uma afronta ao que está no topo das listas de streamings”, explica Z. A sonoridade é suja, distorcida e intensa, sem medo de fugir de padrões. “No fim das contas brincamos com a ideia de que fazer música como fazemos é correr contra a correnteza”, complementa Porquinho.
Pra entender um pouco mais, o duo comenta o EP faixa a faixa pra geral ler ouvindo o trabalho no Bandcamp da banda! Confira:
01) Dançando na Tumba: Essa é a música principal, ela foi composta em 2024 mesmo. A ideia era fazer algo na linha do “The Last Romance” (2005), do Arab Strap, mas mais visceral, intenso e barulhento. E trazendo uma letra com a mesma intensidade. Em um primeiro momento parece que ele fala sobre um relacionamento romântico, mas na minha cabeça é sobre relacionamento em geral, inclusive de pessoas com coisas, situações e substâncias.
02) Morrer Mais Rápido: Essa é uma regravação do Grupo Porco, do disco “Feeling da Puta”, de 2015. Acho que no formato duo ela ficou mais intensa, até porque, quase 10 anos depois, o peso da letra ficou maior, uma coisa era gritar “quero morrer mais rápido” quando a gente tinha vinte e poucos, outra é ter passado uma pandemia, perder amigos, ver a morte de perto e cantar isso olhando para as pessoas. O tempo deixou essa música muito mais pesada.
03) Amigo do Fim: Essa é uma do primeiro disco, o “Baladas”, e mudou muito desde o primeiro registro até este que está no “Espanta Hype”, é uma música que fala sobre inevitabilidade, depressão, niilismo e sobre não conseguir se desvencilhar de algo que faz mal, ou algo que independente da nossa vontade, vai acontecer, como a morte, como um vício.
– Diego Albuquerque é o criador do blog Hominis Canidae, um dos maiores repositórios de discos brasileiros da última década. O blog foi criado em 2009, no Recife, e divulga novos artistas e nomes indies da música brasileira, de norte a sul do país.