Vídeo de Felipe Neto prova que o hábito do cachimbo entorta a boca do jornalismo corporativo

 Ele já foi influenciador-militante nos tempos do jornalismo de guerra, dizendo que a Dilma Rousseff tinha “escarrado na Nação”. Depois se arrependeu e disse que era um “babaca”, que precisava “estudar”. E estudou. Leu o livro “1984” de George Orwell. E nessa semana divulgou um vídeo em que se lançava pré-candidato à presidência porque gostaria de ser o “Grande Irmão” do Brasil... A grande mídia acreditou e deu como notícia séria... assim como, há pouco tempo, acreditou na candidatura do milionário cantor sertanejo Gustavo Lima. Mas tudo não passou de uma ação de marketing de Felipe Neto para promover o audiobook do livro que ele orgulhosamente diz ter lido. Involuntariamente, Felipe Neto criou uma “media prank” (pegadinha) em que o jornalismo corporativo experimentou do próprio veneno. Ou melhor, revela a boca torta de tanto fumar o cachimbo de querer sangrar Lula com pesquisas. Foi tentador para o jornalismo corporativo: um outsider com bons serviços prestados querendo aloprar o cenário pré-eleitoral... só que não! Está provado aquele velho provérbio próprio da sabedoria dos antigos: o hábito do cachimbo entorta a boca. E até desse humilde blogueiro. Com estardalhaço, em tom de aposta, os jornalões e portais de notícias da grande mídia noticiaram na quinta-feira a ‘candidatura’ de Felipe Neto à presidência da República! Noticiaram como uma notícia séria, como uma hard News. Até esse humilde blogueiro acabou acreditando na própria notícia, repercutindo no “Drops News Cinegnose 360 #05”, fazendo breves especulações sobre as razões do influencer – clique aqui. Por que os jornalões, portais das grandes mídias e este blogueiro não se deram conta das referências óbvias do anúncio de Felipe Neto ao ‘1984’, de George Orwell, com muitos clichês sobre esse clássico sci-fi distópico, como, por exemplo, que pretendia ser “um pai que precisa vigiar o seu filho” ou um “irmão mais velho” dos brasileiros? No dia seguinte, Felipe Neto explicou que o anúncio da sua candidatura à Presidência era apenas uma ação de marketing para a divulgação do audiolivro da obra “1984”, do escritor britânico George Orwell (1903-1950), cujos trechos foram citados diversas vezes durante o suposto anúncio à candidatura do influencer. Felipe Neto parece ter se aproveitado de uma atmosfera pré ano eleitoral (reforçada diariamente pelo jornalismo corporativo) altamente especulativa e volátil. Na qual até o cantor de música neo-sertaneja, Gustavo Lima, surge de repente como sério candidato. Com o nome dele figurando em diferentes pesquisas eleitorais, em simulações onde o grande rival a ser derrotado é, claro, Lula. Ou onde o nome de Bolsonaro figura sempre, em todos os cenários, apesar de estar inelegível e sem cargo – parece que o jornalismo corporativo, supostamente defensora da Democracia, aposta na aprovação da PL da Anistia no Congresso. Os diferentes cachimbos Voltando ao provérbio clássico acima, o cachimbo entorta a boca por diferentes motivos para cada um dos lados que caíram no marketing “imersivo” de Felipe Neto. Para o jornalismo corporativo, cada nome outsider que surge, de Cabo Daciolo a Felipe Neto, é inegavelmente visto como uma esperança midiática, a possibilidade de algum aventureiro de extrema direita desgastar Lula. Para fazê-lo sangrar em praça pública. No mínimo, um tipo de sismógrafo que registre os pontos fracos de Lula para que candidatos “sérios” (como Tarcísio de Freitas) possam explorar mais tarde. Por exemplo, o Portal Terra se concentrou em duas referências atraentes feitas pelo influencer: primeiro, uma população governada e vigiada por uma figura totalitária chama Grande Irmão - UAU!!!! Boa maneira de descrever a atual conjuntura dominada pelo “Grande Irmão” Xandão. E chegou a essa conclusão depois de “profunda reflexão e estudos documentados no meu diário”. E segundo, porque Felipe Neto diz que será pré-candidato à presidência da República: 'Não é um gesto de vaidade': afinal, segundo ele, “construí um legado financeiro e na comunicação que já me alimenta o estômago e o ego para o resto da vida". Reforçando o desgastado clichê de que eleger candidatos rico livra a política de alguém potencialmente corrupto. Afinal, o influencer já é rico mesmo... Ao mesmo, o Portal G1, da Globo, deu a notícia, mas ocultando-se num álibi: nos próprios seguidores da celebridade: “fãs perguntam se o anúncio é real” – O G1 terceiriza a função crítica: não é o veículo que questiona, mas os fãs. O que revela a sua ansiedade inaudita de que seja tudo verdade... Porém, quem mais “babou” mesmo foi a CNN, noticiando tanto na Internet quanto no canal fechado, fazendo o âncora, o ex-global Márcio Gomes, noticiar uma fake News. O que fez a CNN salivar foi a afirmação do influencer de que tem ao seu lado "a maior arma do nosso tempo: o uso das redes sociais". Dando destaque no título e matéria online. Afinal, essa é a principal crítica que o jornalismo mainstream faz do governo Lula e das esquerdas em geral: presas em seu pró

Apr 6, 2025 - 00:46
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Vídeo de Felipe Neto prova que o hábito do cachimbo entorta a boca do jornalismo corporativo

 

Ele já foi influenciador-militante nos tempos do jornalismo de guerra, dizendo que a Dilma Rousseff tinha “escarrado na Nação”. Depois se arrependeu e disse que era um “babaca”, que precisava “estudar”. E estudou. Leu o livro “1984” de George Orwell. E nessa semana divulgou um vídeo em que se lançava pré-candidato à presidência porque gostaria de ser o “Grande Irmão” do Brasil... A grande mídia acreditou e deu como notícia séria... assim como, há pouco tempo, acreditou na candidatura do milionário cantor sertanejo Gustavo Lima. Mas tudo não passou de uma ação de marketing de Felipe Neto para promover o audiobook do livro que ele orgulhosamente diz ter lido. Involuntariamente, Felipe Neto criou uma “media prank” (pegadinha) em que o jornalismo corporativo experimentou do próprio veneno. Ou melhor, revela a boca torta de tanto fumar o cachimbo de querer sangrar Lula com pesquisas. Foi tentador para o jornalismo corporativo: um outsider com bons serviços prestados querendo aloprar o cenário pré-eleitoral... só que não!

Está provado aquele velho provérbio próprio da sabedoria dos antigos: o hábito do cachimbo entorta a boca. E até desse humilde blogueiro.

Com estardalhaço, em tom de aposta, os jornalões e portais de notícias da grande mídia noticiaram na quinta-feira a ‘candidatura’ de Felipe Neto à presidência da República! Noticiaram como uma notícia séria, como uma hard News.

Até esse humilde blogueiro acabou acreditando na própria notícia, repercutindo no “Drops News Cinegnose 360 #05”, fazendo breves especulações sobre as razões do influencer – clique aqui.

Por que os jornalões, portais das grandes mídias e este blogueiro não se deram conta das referências óbvias do anúncio de Felipe Neto ao ‘1984’, de George Orwell, com muitos clichês sobre esse clássico sci-fi distópico, como, por exemplo, que pretendia ser “um pai que precisa vigiar o seu filho” ou um “irmão mais velho” dos brasileiros?

No dia seguinte, Felipe Neto explicou que o anúncio da sua candidatura à Presidência era apenas uma ação de marketing para a divulgação do audiolivro da obra “1984”, do escritor britânico George Orwell (1903-1950), cujos trechos foram citados diversas vezes durante o suposto anúncio à candidatura do influencer.

Felipe Neto parece ter se aproveitado de uma atmosfera pré ano eleitoral (reforçada diariamente pelo jornalismo corporativo) altamente especulativa e volátil. Na qual até o cantor de música neo-sertaneja, Gustavo Lima, surge de repente como sério candidato. Com o nome dele figurando em diferentes pesquisas eleitorais, em simulações onde o grande rival a ser derrotado é, claro, Lula.



Ou onde o nome de Bolsonaro figura sempre, em todos os cenários, apesar de estar inelegível e sem cargo – parece que o jornalismo corporativo, supostamente defensora da Democracia, aposta na aprovação da PL da Anistia no Congresso.

Os diferentes cachimbos

Voltando ao provérbio clássico acima, o cachimbo entorta a boca por diferentes motivos para cada um dos lados que caíram no marketing “imersivo” de Felipe Neto.

Para o jornalismo corporativo, cada nome outsider que surge, de Cabo Daciolo a Felipe Neto, é inegavelmente visto como uma esperança midiática, a possibilidade de algum aventureiro de extrema direita desgastar Lula. Para fazê-lo sangrar em praça pública. No mínimo, um tipo de sismógrafo que registre os pontos fracos de Lula para que candidatos “sérios” (como Tarcísio de Freitas) possam explorar mais tarde.

Por exemplo, o Portal Terra se concentrou em duas referências atraentes feitas pelo influencer: primeiro, uma população governada e vigiada por uma figura totalitária chama Grande Irmão - UAU!!!! Boa maneira de descrever a atual conjuntura dominada pelo “Grande Irmão” Xandão. E chegou a essa conclusão depois de “profunda reflexão e estudos documentados no meu diário”.

E segundo, porque Felipe Neto diz que será pré-candidato à presidência da República: 'Não é um gesto de vaidade': afinal, segundo ele, “construí um legado financeiro e na comunicação que já me alimenta o estômago e o ego para o resto da vida". Reforçando o desgastado clichê de que eleger candidatos rico livra a política de alguém potencialmente corrupto. Afinal, o influencer já é rico mesmo...


Ao mesmo, o Portal G1, da Globo, deu a notícia, mas ocultando-se num álibi: nos próprios seguidores da celebridade: “fãs perguntam se o anúncio é real” – O G1 terceiriza a função crítica: não é o veículo que questiona, mas os fãs. O que revela a sua ansiedade inaudita de que seja tudo verdade...

Porém, quem mais “babou” mesmo foi a CNN, noticiando tanto na Internet quanto no canal fechado, fazendo o âncora, o ex-global Márcio Gomes, noticiar uma fake News. O que fez a CNN salivar foi a afirmação do influencer de que tem ao seu lado "a maior arma do nosso tempo: o uso das redes sociais".

Dando destaque no título e matéria online.

Afinal, essa é a principal crítica que o jornalismo mainstream faz do governo Lula e das esquerdas em geral: presas em seu próprio ciclo digital de simpatizantes, não consegue, ou sequer sabe, como furar as bolhas. O bem-sucedido Felipe Neto, há 15 anos no negócio sabe. Logo... seria mais uma potencial arma para desgastar Lula. Esse é o objeto do desejo da grande mídia, a cada número das pesquisas Quaest diligentemente repercutidas.

Já o portal Metrópoles destacou elogiosamente a natureza outsider do “empresário” (é sintomático o portal chamá-lo de “empresário”). “Eu precisava ter um olhar de fora. Como em toda a minha carreira, baseio minhas opiniões no domínio da informação e no meu maior anseio de ser um guardião da verdade”, declarou Neto em sua fala.




Porém, a maior ironia de todas é a performance canastríssima de Felipe Neto, deliberadamente emulando as performances de Zelensky. E aqui, o paradoxo da canastrice na política: o momento em que o efeito de realidade é buscado na alusão á ficção.

Os bons serviços prestados

Mas, talvez, o fator decisivo da “boca torta” da grande mídia seja a lista de serviços já prestados por Felipe Neto durante os anos de jornalismo de guerra que levou ao Impeachment de Dilma Rousseff em 2016. O que o torna para o jornalismo mainstream uma figura atraente nesse clima de volatilidade pré-eleitoral.

Lá em 2016, o ativista de direita Felipe Neto chamou Chico Buarque de “imbecil” por defender a permanência de Dilma na presidência, além de no seu canal da época, “Parafernalha”, costumeiramente dizer coisas do tipo “Dilma escarrou na sociedade ao aceitar Lula como Ministro chefe da Casa Civil".

Para depois, confessar no talkshow “The Noite”, no SBT, que não se arrependia de nada. “qualquer coisa eu falo que era um babaca e não sabia de nada”, confessou sua estratégia niilista ao entrevistador Danilo Gentille em 2016.

Mas agora ele não é mais um “babaca”. Ele estudou, leu... até o livro “1984” de Orwell. O livro, em si, já é um clichê clássico daquele que se diz interessado ou estudioso em Política. Quando sabemos que a narrativa totalitária distópica do livro é datada e desatualizada em relação ao kit semiótico atual de guerra híbrida – da qual o influencer fez parte no golpe militar híbrido brasileiro.


"Qualquer coisa eu falo que eu era um babaca...".


Media Prank

Quanto a esse humilde blogueiro, diante de uma realidade que cada vez mais emula a ficção, de Cabo Daciolo, Gustavo Lima etc., a suposta pré-candidatura de Felipe Neto seria uma recorrência lógica. Por que não? Sabendo-se da filosofia niilista do influencer?

O fato é que Felipe Neto parece estar sempre a um passo de todos: quando pensamos que ele está indo, na verdade está voltado!

Certamente, o influenciador previa tudo isso, a boca torta pelo cachimbo da grande mídia. Ele usou toda essa fama que o precede para apenas ajudar a promover a sua parceria com a Audible. O serviço da Amazon anunciou o lançamento do audiolivro de '1984', narrado por Lázaro Ramos. “O que eu queria, na verdade, era sua atenção”, afirmou o influenciador.

Em nota, a Audible destacou que a participação de Felipe Neto na campanha se deve à sua "habilidade de criar um diálogo cultural importante e encorajar o debate sobre os temas ao redor de '1984'."

Pois o “diálogo cultural importante” proposto pelo influenciador foi muito além da promoção mercadológica. Involuntariamente, revelou o ansioso “pesquisismo” (sobre esse conceito, clique aqui) do jornalismo corporativo em desgastar Lula: a ansiedade de encontrar qualquer outsider que se torne mais um nome constante nas pesquisas “científicas” de cenários dos institutos. Para encontrar fraquezas para finalmente encontrar a bala de prata que favoreça a verdadeira “esperança branca” para 2026: Tarcisão, o Moderado.

 Também involuntariamente, Felipe Neto criou uma bomba semiótica irônica, uma verdadeira media prank: criar pegadinhas fazendo a mídia experimentar do seu próprio veneno.

“Jornalistas são perigosamente ingênuos... não se interessam pela verdade, mas apenas por uma boa história”, afirma o artista plástico ativista Joey Skaggs.

Joey Skaggs é um artista plástico que iniciou nos movimentos contraculturais de protestos nos EUA. Quando percebeu que o maior inimigo não era o Governo, mas a grande mídia que o sustenta.

Cabe fazer a mídia experimentar seu próprio veneno para ser desmoralizada diante do público. Para Skaggs, a origem de todas as crenças está nos meios de comunicação. Portanto, nada melhor do que expor a mídia à própria vergonha da sua pressa, ansiedade e impulsividade. E, por que não, da sua própria arrogância? Através de bem elaboradas media pranks, pegadinhas para enganar jornalistas incautos.

  


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