Na sua era Trump, os Village People trazem “Macho Man” a Lisboa

Victor Willis é o único elemento original do grupo, mas um dos grandes responsáveis por sucessos como “YMCA”, “In The Navy” e “Go West”. O concerto será no Coliseu.

Mar 21, 2025 - 15:06
 0
Na sua era Trump, os Village People trazem “Macho Man” a Lisboa
Na sua era Trump, os Village People trazem “Macho Man” a Lisboa

A última vez que os Village People estiveram nas notícias foi em Janeiro, quando o grupo de disco sound formado em 1977 e historicamente associado à cultura LBGTQ+, actuou num evento que antecedia a tomada de posse de Donald Trump como Presidente dos EUA. Foi em Janeiro. Pouco mais de um mês antes, em Dezembro, também foram notícia quando Victor Willis, cantor e fundador que saiu em 1982 para só regressar em 2017, anunciou que começaria a processar quem defendesse que “YMCA” é um hino gay, como sempre foi. O tema é usado há anos em comícios de Trump, onde até se troca o refrão para “MAGA” (make America great again).

São estes os Village People que vêm a Lisboa, actuar a 16 de Junho no Coliseu dos Recreios. O concerto integra as comemorações do 18.º aniversário da M80 (que se assinala a 2 de Abril) e foi anunciado esta sexta-feira pela estação da Bauer Media Audio Portugal (Comercial, Cidade FM, Smooth FM). Miguel Cruz, director da M80, diz em comunicado que o espectáculo será “uma forma épica” de celebrar os 18 anos desta rádio. “É uma festa que honra o ADN da rádio e das suas festas, que ao longo dos anos se tornaram verdadeiros marcos para os amantes da música das últimas décadas. Estamos muito entusiasmados com este evento e temos a certeza de que os nossos ouvintes também vão ficar.”

Os bilhetes estarão disponíveis a partir das 15.00 desta sexta-feira e darão com certeza acesso a ouvir vivo temas como o inevitável “YMCA”, mas também êxitos que se inscreveram por direito próprio na cultura pop, como “In The Navy”, “Macho Man” ou “Go West”. E logo na voz original, a de Victor Willis, que esteve na fundação dos Village People, em 1977, a convite dos produtores franceses Jacques Morali e Henri Belolo, ambos já desaparecidos – o primeiro morreu em 1991 e o segundo em 2019, já depois de ter chegado a um acordo extrajudicial, em 2017, que daria a Willis o controlo do grupo.

O cantor esteve ausente dos Village People durante 35 anos, ou seja, desde 1982. Durante esse período, esteve a braços com problemas de toxicodependência e chegou a editar Solo Man, em 2015, um disco a solo gravado ainda nos anos 1970. Depois, pegou nos Village People, voltou a vestir a fatiota de almirante (ou a de polícia) e substituiu toda a gente, incluindo dois elementos históricos que ainda permaneciam no grupo, o “índio” Felipe Rose e o “marinheiro” Alex Briley, e o grupo entrou numa nova era.

Um tempo em que o jogo de sedução com a comunidade LBGTQ+ parece ter acabado de vez (recorde-se, só a título de exemplo, que o disco em que constam “YMCA” ou “Hot Cop” se chama Cruisin’...). Embora isso também não seja uma novidade absoluta: logo em 1978, quando o grupo passou a ter sucesso fora do circuito fechado dos clubes alternativos, e começou a controlar a sua imagem de forma mais prudente, não faltou quem os apontasse como traidores. Lisboa, no entanto, chama-os pela nostalgia – e para dançar sem pensar muito em tudo o resto.