Fernanda Lima sobre amadurecer: “Quero ser lúcida, quero estar bem, mas não me cobro perfeição”
Fernanda Lima comunica pelo gesto, pela escuta e pelo cuidado. Aos 47 anos, ela segue firme em sua busca por uma vida com mais propósito, paz e conexão. “Na dúvida, eu quero paz”, resume à BAZAAR, com o mesmo tom sereno com que fala sobre quase tudo. Mas essa paz não é inércia. É posicionamento: […] O post Fernanda Lima sobre amadurecer: “Quero ser lúcida, quero estar bem, mas não me cobro perfeição” apareceu primeiro em Harper's Bazaar » Moda, beleza e estilo de vida em um só site.


Fernanda Lima usa sobretudo Charth, salto Louboutin, colares e brinco Marisa Clerman – Foto: Julia Rocha, com direção criativa de Kleber Matheus, styling por Carlos Esser, beleza de Guilherme Casagrande, direção de arte de Yasmin Klein, coordenação de Mariana Simon (KM Studio), produção executiva Zuca Hub, produtora responsável Claudia Nunes, produção de moda e assistentes de styling Rafael Ourives e Lu Machado, retouch Teu Freitas (Telha Retouch), nail artist Sônia Lima, camareira Vilma Alcantra, assistente de foto Fabricio Marconi e Marina Toledo, assistente de beleza Danielle Quessada, assistentes de produção Caio Nogueiro, Júnior Costa e Lei Carvalho, locação Cremme Design
Fernanda Lima comunica pelo gesto, pela escuta e pelo cuidado. Aos 47 anos, ela segue firme em sua busca por uma vida com mais propósito, paz e conexão. “Na dúvida, eu quero paz”, resume à BAZAAR, com o mesmo tom sereno com que fala sobre quase tudo. Mas essa paz não é inércia. É posicionamento: ela se recusa a estar onde não cabe. “Não consigo conviver com quem tem valores opostos aos meus”, diz. Para ela, há linhas que não se cruzam: “Se percebo que alguém pensa como um opressor, um fascista, eu me afasto. Isso, para mim, é inegociável”. Ainda que seu discurso hoje venha mais pacificado do que em tempos de “Amor & Sexo” (Globo), sua força está intacta – “só troquei o tom”, manda avisar.
Hoje, vive em outro compasso – distante do ritmo alucinado que um dia pareceu ideal. Na véspera de feriado em que conversamos, estava relaxada, no campo, com a pequena Maria, de 5 anos – atenta a cada palavra da mãe. João e Francisco, os gêmeos de 17 anos, haviam viajado com amigos — e foi ela quem incentivou: “Tem que ir, curtir esse momento que é único.” A educação é menos sobre controle e mais sobre coerência. Para ela, os filhos aprendem mais com o exemplo do que com ordens. E é por isso que tenta, todos os dias, fazer direito. Voltar para a terapia, estipular horários para trabalhar e mexer no celular, redescobrir o prazer de cochilar depois do almoço: tudo virou parte da rotina de cuidados. Fernanda viu beleza em delimitar seus próprios limites e deixar para trás a ideia de que ser workaholic é motivo de orgulho.
Ao lado de Rodrigo Hilbert e dos filhos, reencontrou uma vida afetiva e presente. “Em casa, conversamos sobre tudo. Tento começar e terminar os
assuntos, senão ficam soltos e viram ruído.” A fórmula é simples: tempo de qualidade, diálogo constante, bom humor e respeito. “Não sou da discussão, da voz alta, da briga. Gosto de conversa.” Nos fins de tarde na “terra”, como se refere ao refúgio no interior de São Paulo, a família pratica esportes e se recarrega entre risadas e banhos de cachoeira. “O corpo agradece, o humor muda.”
A espiritualidade é outro pilar. Não exatamente ligada à religião, mas à prática cotidiana de se conectar com o que acredita: incenso, yoga, meditação, pequenas rezas inventadas e pensamentos positivos. “Gosto do gesto, do ritual.” E esse lado mais introspectivo não apaga o senso de humor. Em casa, ela deixa aparecer um lado mais brincalhão – o tipo de humor íntimo que só os filhos e o marido conhecem bem.
À frente do podcast “Zen Vergonha”, Fernanda se desafia a manter o diálogo sobre temas que a atravessam – da menopausa aos ultraprocessados, da maternidade à saúde mental. “Quis fazer um programa de baixo custo, mas de alta densidade. Sem a obrigação de agradar patrocinador ou furar a bolha.” A proposta é clara: ampliar vozes, se conectar com quem não está acostumado a escutar esse tipo de conteúdo. Mas fazer isso sem as engrenagens da televisão – sem câmera, sem plateia, sem camarim – exigiu um novo modo de operar. A quarta temporada acaba de estrear, e vem mantendo a mesma estrutura intimista: pesquisas feitas com apoio de roteiristas, áudios enviados por convidados e um grande trabalho de costura e escuta. “É como montar um quebra-cabeça. Parece um programa de TV, só que sem imagem e mais livre.”
Criada em uma família esportiva – mãe professora de educação física e pai ex-atleta –, a apresentadora sempre cultivou hábitos saudáveis. Os filhos brincam que ela é “a mãe orgânica”, especialmente quando transforma suco de uva e água com gás em refrigerante caseiro que, no fim, todos gostam. Dentro de casa, as conversas sobre alimentação às vezes rendem debates. “Outro dia, o Rodrigo deu para a Maria um tubo daquelas balas vermelhas de gelatina. Fiquei louca!”, conta, entre risos. “A gente discorda, mas sempre conversa. Tento mostrar que dá para buscar opções melhores.”
Vivendo a menopausa sem tabus, ela conta que prefere o cuidado à fórmula. “Cada corpo reage de um jeito. O que me ajudou foi buscar informação de qualidade e escutar meu próprio corpo.” Fernanda resistiu à reposição hormonal por mais de um ano, até perceber que o sofrimento era maior do que o medo. “Fui atrás de médicos, ouvi coisas diferentes, me confundi. Por isso, resolvi estudar e transformar isso em conteúdo. A ideia é descomplicar o que nos ensinaram a temer.” Sobre envelhecer, “eu olho para a frente com respeito. Quero ser lúcida, quero estar bem, mas não me cobro perfeição. É sobre coerência, não sobre juventude”.
Na moda, Fernanda brinca com as marcas, mas não se diz consumista. “Admiro roupas duráveis, de boa lã. Às vezes, o valor é maior, mas o custo-benefício compensa.” Ela se encanta com peças que atravessam os anos e não vê sentido em ter mais do que o necessário. Define-se como uma mistura: “boho, grunge, elegante e sexy”. Um mosaico construído ao longo dos anos, da MTV ao GNT, da passarela às redes sociais. “A autenticidade vem de não abrir mão dos meus valores. Quero conversar com quem pensa diferente, mas sem precisar me violentar para isso.”
Da televisão, guarda o prazer pelo improviso; da passarela, a consciência corporal; do jornalismo, a vontade de comunicar com clareza. “Sempre quis falar com muita gente, não só com a minha bolha.” Para o futuro, deseja continuar o que começou: com mais espaço, escuta e calma. “É como se até aqui tivesse sido um grande ensaio. Agora é para valer.” Nos planos, uma nova ideia de programa – ainda sem nome ou formato definidos – que deve nascer com a mesma alma de tudo que ela faz: sem pressa, mas com verdade. Porque, para ela, não basta dizer. É preciso viver o que se diz.
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