Babygirl: Explicamos o final do filme

Sem grandes reviravoltas, filme com Nicole Kidman indicado ao Oscar chega ao Prime Video. O post Babygirl: Explicamos o final do filme apareceu primeiro em Observatório do Cinema.

May 7, 2025 - 23:52
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Babygirl: Explicamos o final do filme

Nem todo romance proibido precisa terminar em tragédia. Alguns servem para colocar em xeque a imagem que uma pessoa construiu de si mesma. Babygirl propõe algo diferente. Ao invés de se apoiar apenas nas tensões da traição, o longa se debruça sobre os efeitos que ela causa em quem trai, sem vilanizar, mas também sem isentar.

Logo nos primeiros minutos, já está claro que Romy vive em suspenso. CEO de uma empresa de tecnologia e casada com um homem aparentemente compreensivo, ela se mostra inquieta mesmo diante de uma vida invejável.

A fantasia surge antes da realidade, e o desejo reprimido não demora a encontrar um objeto: Samuel, um estagiário confiante, silenciosamente provocador e com quem ela se envolve em um caso arriscado.

Um caso que escancara o desejo e o incômodo

O relacionamento entre Romy e Samuel vai além da atração física. Ele representa uma chance de romper com o papel de chefe e esposa perfeita, e se aproximar de um lado seu que foi silenciado.

A relação entre os dois é consentida e aberta, marcada por jogos de dominação que ela mesma admite desejar há anos, mas que manteve enterrados por conveniência.

Romy passa a se permitir viver esse lado sem culpa, ainda que escondida. Ela não precisa manter a postura impecável do trabalho nem fingir um tipo de inocência doméstica. Com Samuel, existe entrega, e, por mais que ele também pareça manter certo distanciamento emocional, suas atitudes mudam ao longo do filme.

A queda e o confronto

A descoberta do caso traz as reviravoltas esperadas, mas o filme evita escalar para um drama histérico. Quando Jacob, seu marido, descobre a traição, o abalo é grande, mas o roteiro opta por focar na vulnerabilidade de ambos.

Paralelamente, a assistente Esme também descobre o envolvimento e questiona a hipocrisia de Romy, levantando dilemas éticos sobre abuso de poder.

O ambiente corporativo, por sua vez, também reage com silêncios incômodos. Um dos executivos dá a entender que está ciente da relação e tenta se aproveitar disso, colocando Romy em uma posição vulnerável.

A escolha final de Romy

Mesmo com tudo desmoronando, Romy encontra em Samuel algum tipo de espelho. Ele a leva a um clube underground, mostra uma versão mais leve de si e, em um momento raro, ambos se permitem sentir.

Ainda assim, Samuel é o primeiro a recuar. Ele entende que seguir com ela significaria manter um ciclo de destruição e decide encerrar o relacionamento de forma madura.

No gesto final de Samuel, ele pede desculpas por ter bagunçado a vida de Romy. Essa é a última ruptura antes da protagonista encarar o que restou.

Um desfecho sem grandes reviravoltas

Um dos pontos mais sutis do longa é a relação entre Romy e Isabel, sua filha adolescente. Elas se confrontam, se contradizem e se reconhecem. Quando Romy descobre que Isabel traiu a namorada, a conversa entre elas não gira em torno de julgamento, mas de compreensão. É um espelho do que Romy está vivendo.

Ao final, é essa compreensão que permite que Romy reate sua conexão com Jacob. Agora mais honesta sobre seus desejos e fragilidades, ela busca reconstruir o que for possível sem abrir mão de quem é.

O desfecho de Babygirl não é espetacular, nem pretende ser. Ele é coerente com tudo que o filme se propôs ao mostrar que a verdadeira transformação de Romy está em fazer as pazes com partes de si que sempre estiveram ali.

Essa escolha narrativa divide opiniões. Parte do público esperava um final mais catártico. Mas para outros, o peso está justamente na sobriedade da conclusão. Nicole Kidman entrega uma atuação que transita entre o poder e a vulnerabilidade, enquanto Harris Dickinson sustenta um Samuel misterioso e sensível sem cair na caricatura.

O filme é uma jornada sobre escavar verdades incômodas e encontrar, nesse processo, a possibilidade de viver algo mais autêutico.

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