Mulheres no Lolla: as instrumentistas que roubaram a cena no festival

Quem se aventurou pelos palcos do Lollapalooza, no último final de semana de março, se deparou com uma boa novidade: mais mulheres se destacaram como instrumentistas. Saiba mais sobre algumas delas. The post Mulheres no Lolla: as instrumentistas que roubaram a cena no festival appeared first on NOIZE | Música do site à revista.

Apr 8, 2025 - 00:03
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Mulheres no Lolla: as instrumentistas que roubaram a cena no festival

Quem se aventurou pelos palcos do Lollapalooza, no último final de semana de março, se deparou com uma boa novidade: mais mulheres foram vistas nas bandas de grandes artistas, seja como convidadas ou como instrumentistas de apoio. Jão, Olivia Rodrigo, Marina Lima e Tool foram alguns dos exemplos de bandas que contaram com instrumentistas de primeira.

Para além das bandas de apoio, o line também abriu alas para mulheres: Charlotte Matou um Cara, The Marías, Drik Barbosa, Sophia Chablau e uma Enorme Perda de Tempo, Juyé, Nessa Barret, Alanis Morrissete, Tate McRae, Girl In Red, Marina Peralta e Sofia Freire foram alguns exemplos da presença feminina no line. Isso sem contar as DJs que representaram no palco Perry.

Por aqui, destacamos 8 instrumentistas que animaram o público durante os shows – mas é sempre válido lembrar delas e muitas outras que cumprem com excelência o papel de representatividade feminina na música.

Não ando só

Em entrevista à Noize, a banda punk Charlotte Matou um Cara — que também foi atração do Lolla — lembrou situações de machismo que sofreram ao longo de mais de uma década no corre da música. Entre elas, um festival que tinha apenas a banda entre atrações femininas. Isso fez com que elas declinassem do convite na hora. “Os eventos precisam dar valor para as mulheres na música, não apenas no palco, mas no backstage, técnica, etc”, declarou Dori.

Charlotte Matou um Cara leva “festa punk” feminista para o Lollapalooza

Entre as compositoras, elas também são minoria. Em 2024, o número de associadas no Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) foi de 17%, muito aquém do esperado para uma igualdade de gênero no mercado, ainda que o número de cadastradas venha crescendo a cada ano. Entre as musicistas e produtoras titulares de canções, o número cai para apenas 5%, segundo dados de 2021.

Mudar essa realidade é também valorizar o corre das mulheres nos palcos.

Confira 8 nomes femininos na música que brilharam no Lolla 2025:

Sthé Araújo (Marina Peralta)

A percursionista Sthé e participou do show de Marina Peralta. A paulistana já acompanhou figuras como Céu, Jorge Du Peixe e tocou na Espetacular Charanga do França, banda que impulsionou o carnaval de rua de São Paulo. Hoje, embarca na empreitada de produtora e diretora musical em Bitita – As Composições de Carolina Maria de Jesus. O disco, que costura percussão e coro, apresenta uma releitura das composições de Carolina Maria de Jesus — sim, a escritora de Quarto de Despejo também se enveredou pela música, em um trabalho de memória da música feita por mulheres pretas no Brasil. Expert como percursionista, Sthé começou com a caixa de maracatu, mas se envereda no zabumba, conga, entre outros instrumentos.

Victória dos Santos (Drik Barbosa)

Ainda no time das percursionistas, Victoria dos Santos ajudou a agitar o público durante o show de Drik Barbosa, que celebrou também as mulheres do rap e hip hop que pavimentaram caminhos, de Lauryn Hill a Karol Conká. Filha de artistas, começou a carreira tocando em festejos como Congo Zabandá, Bloco Afro Oriashé e também na Escola de Samba Vai Vai, e hoje toca com artistas do calibre de Jards Macalé e integra o Mandinga Beat. Atualmente, trabalha na divulgação de seu projeto solo, com o álbum Lata Orí. Sobre o show com Drik, Victória escreveu nas redes sociais: “Felicidade imensa em trabalhar com equipe tão foda”.

Jéssica Falchi (participação no show do Tool)

Jéssica dispensa apresentações, mas merece o destaque por ter participado de um momento único no último dia de festival. Consagrada como guitarrista da Crypta, uma das principais bandas de metal atualmente no Brasil, Jéssica Falchi fez uma participação surpresa durante o show do Tool no Lolla, durante a faixa e “Jambi”, do álbum 10,000 Days (2006). Não é comum a banda tocar com convidados, então, o convite, feito pelo próprio guitarrista Adam Jones, foi ainda mais especial. Jéssica saiu da Crypta em 2022, mas segue tocando seus projetos solo. Em março,especulou-se que ela entraria para o Mastodon após a saída de Brent Hinds, mas nada foi confirmado.

Arianna Powell , Daisy Spencer, Camila Mora, Moa Munoz, Hayley Brownell (banda da Olivia Rodrigo)

A banda feminina que acompanha Olivia Rodrigo, headliner do primeiro dia de Lolla, é composta por musicistas que, assim como a cantora, também entregaram na performance: Arianna Powell e Daisy Spencer nas guitarras, Camila Mora nos teclados, Moa Munoz no baixo e Hayley Brownell na bateria. Em entrevistas, Olivia conta que escolheu formar uma banda exclusivamente feminina inspirada por ídolas noventistas, como Hole, Sleater-Kinney e L7. E escolheu um time de peso para esta missão, todas jovens musicistas como ela: Hayley Brownell é formada em música e dividiu o palco com Conan Gray e Cailin Russo. Já a sueca Moa Munoz (que tocou gravidíssima) é formada em Performance Vocal no Musicians Institute e colabora para trilhas de obras da Netflix.

Alana Aenberg (baixista da banda de Jão)

Apresentar-se com uma atração nacional que tem tanto peso e influência quanto os gringos não é para qualquer um, mas Alana tira essa de letra. Baixista da banda de Jão (que fez um dos melhores shows do Lolla deste ano), a musicista Iniciou sua trajetória musical aos 13 anos e, desde então, acumulou experiência em diversos gêneros, incluindo metal, rock, bossa nova, funk e soul. Além de integrar a banda de Jão, Alana também toca com a Blitz e colabora com artistas como Thiago Pantaleão, Jade Baraldo e Juliana Linhares.

Sus Vasquez (Benson Boone)

Na categoria hitmaker de Tik Toker, Benson Boone fez uma dos shows mais animados do Lolla. Não tinha como não reparar em sua banda de respeito, incluindo a guitarrista Sus Vasquez. Sus é colombiana e estudou composição musical e performance em guitarra e jazz. Com presença de palco marcante, ela já tocou nas bandas de Karol G, Luis Fonsi, Jacob Collier e Billy Porter. Toca com Boone desde 2022.

Amanda Cunha (guitarrista da banda de Zudizilla)

Zudzilla fez do Lollapalooza o “Zudipalooza”. Foi a primeira vez do músico no palco do festival e ele contou com uma banda de peso para acompanhá-lo: PéBeat (bateria), Gabriel Gaiardo (piano), Júlio Lino (baixo), Amanda Cunha (guitarra), DJ Nyack, Lucas Gomes (trompete), Jorginho Neto (trombone). Destaques para a guitarra de Amanda Cunha, que rendeu elogios do público nas redes sociais. Por lá, ela também divide com os seguidores sua rotina musical, ensaios e jams. Vale acompanhar).

Carol Mathias (baixista da banda de Marina Lima)

Carol Mathias já mostrou sua autenticidade na Troá, duo com a baterista Manuella Terra, uma das bandas mais interessantes da nova geração carioca. Elas contam com dois discos na bagagem, Eu Não Morreria Sem Dizer (2019) e Deboche (2023), um indie bem brasileiro, com influências de MPB e synthpop, inspirado por cantoras como Letrux e a própria Marina. Além de tocar com Leoni, Carol está na tour “Rota 69”, rodando o país com Marina. A cantora, inclusive, já expressou sua admiração pela colega:

“Carols, Mathias e Rangel. Acho que vocês nem imaginam como foi importante a chegada de vocês na minha praia. A onda de talento e psique feminina que vocês derramam…”, escreveu Marina Lima nas redes sociais, citando também a dançarina Carol Rangel.

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