Mudanças criativas colocam Loewe no topo da primeira Lyst Index de 2025

Loewe – Foto: Reprodução/Instagram/@loewe

O mercado da moda atravessa um momento de intensas transformações e instabilidade. Somente neste primeiro trimestre de 2025, oito grandes casas anunciaram mudanças em suas direções criativas, enquanto escândalos com fornecedores chineses ganham cada vez mais força no TikTok, o que gera debates e incertezas no setor. Em meio a esse cenário turbulento, a The Lyst Index— relatório que mede o desempenho das marcas mais buscadas na plataforma Lyst — foi divulgada nesta quarta-feira (30.04) e apresenta os impactos dessas movimentações.

A Loewe, que ocupava o terceiro lugar no último ranking de 2024, dispara para o topo após um aumento de 38% nas buscas na plataforma, impulsionadas pela repercussão da saída de Jonathan Anderson do cargo de diretor criativo. Com isso, a marca ultrapassa a Miu Miu e assume o primeiro lugar entre as grifes mais desejadas do trimestre.

Apesar da queda de colocação no ranking e de um cenário desafiador, o Grupo Prada conseguiu continuar sua trajetória de crescimento monetário nos primeiros três meses do ano. Neste trimestre (período encerrado em 31 de março), suas receitas aumentaram 13% e alcançaram € 1,34 bilhão (mais de R$ 8 bilhões), em comparação com € 1,19 bilhão no mesmo período do ano passado. Um aumento de 60% nas vendas da Miu Miu, além de ganhos consistentes em todos os mercados e um sólido desempenho no varejo, foram fatores chave para esse crescimento.

“Estamos satisfeitos com o desempenho sólido neste trimestre. Em um ambiente cada vez mais turbulento e incerto, seguimos com confiança e disciplina, impulsionando a criatividade e a força da nossa organização”, afirmou Patrizio Bertelli, presidente e diretor executivo do Grupo Prada, em entrevista ao WWD.

Ranking completo da Lyst – Foto: Divulgação

A nomeação de Matthieu Blazy como novo diretor criativo da Chanel deu início uma série de substituições e anúncios que redefinem o panorama da moda, especialmente na Europa. A lista, desde então, é longa: Demna Gvasalia assumiu a Gucci, embora sua substituição na Balenciaga ainda não tenha sido anunciada; Michael Rider foi nomeado diretor criativo da Celine; Simone Bellotti passou a liderar a Jil Sander; e Glenn Martens assumiu a Maison Margiela após a saída de John Galliano.

No entanto, nem todas as marcas que passaram por reformulações geraram o mesmo entusiasmo entre os consumidores. Versace, Balenciaga, Bottega Veneta, Gucci e Valentino apresentaram quedas ou oscilações modestas no ranking da Lyst. A grande surpresa da temporada foi a COS, marca minimalista e mais sofisticada pertencente ao grupo H&M, que subiu 11 posições e alcançou o sexto lugar — o que a torna a primeira marca de fast fashion a entrar no top 10 do ranking. Com um aumento de 44% na demanda, impulsionado por itens virais como a barrel-leg trousers (o sexto produto mais desejado do trimestre, segundo a plataforma)—, a COS lidera uma nova narrativa no cruzamento entre acessibilidade e desejo.

Backstage da coleção de inverno 2025 – Foto: Divulgação

Outra etiqueta que teve grande destaque é a Chloé, a qual conquistou um marco importante ao entrar, pela primeira vez, no top 10 do Lyst Index desde a criação do ranking, com uma impressionante escalada de nove posições. Pouco mais de um ano após Chemena Kamali assumir a direção criativa, a marca vem colhendo os frutos de um reposicionamento estratégico. O renascimento da estética boho, característica da casa, recolocou a Chloé no centro das atenções. Um dos símbolos desse novo momento é o Mini Ruffled Dress, décimo item mais desejado do trimestre, que traduz com frescor os códigos clássicos da label. A aposta nos arquivos e códigos da marca tem se revelado uma estratégia de sucesso — e pode servir de inspiração para outros nomes que enfrentam transições criativas.

Tênis da On – Foto: Divulgação

Ralph Lauren e On também registraram ganhos consideráveis no trimestre. A primeira subiu seis posições, alcançando o 12º lugar, ao engajar públicos de diferentes segmentos do mercado. Enquanto a segunda entra no Lyst Index pela primeira vez, em uma evolução de uma marca de tênis para uma grife inovadora, apoiada por celebridades como Zendaya, Roger Federer e FKA Twigs. Suas parcerias com marcas emergentes e de luxo, como Loewe e Post Archive Faction, mostram que a indústria e os consumidores estão abraçando a expansão da marca além do universo do vestuário esportivo. Como resultado, as buscas pela On no Lyst aumentaram 50% neste trimestre.

Seguindo o sucesso global do Samba, a Adidas continua a reintroduzir silhuetas clássicas de seu arquivo com sucesso. O Adidas Taekwondo, que ocupa o segundo lugar entre os produtos mais quentes deste trimestre, é a mais recente silhueta que conquista os fãs de moda. Por sua vez, a Puma capitaliza a popularidade do Speedcat com o lançamento do Speedcat Ballet, um híbrido de tênis e sapatilha que une o estilo slimline dos sneakers com a tendência das formas de balé.

Essas mudanças no mercado não são apenas reflexos de transições criativas, mas indicam uma reconfiguração nas dinâmicas de consumo, onde o desejo por marcas com histórias autênticas, novas propostas e conexões com o universo da cultura pop são cada vez mais valorizados. A ascensão de marcas como Loewe, COS, Chloé e On mostra que, mesmo em tempos de incerteza, há uma crescente busca por inovação e relevância, seja na reinterpretação de arquivos históricos ou na adaptação a novas demandas do consumidor moderno. O que parece claro é que, à medida que a indústria da moda continua se reinventando, os consumidores estão se tornando mais exigentes e diversificados em suas escolhas, exigindo das marcas não apenas estilo, mas uma proposta criativa e emocional que converse com seus tempos.

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