Mulheres que Inspiram: “Que minha história abra portas”, afirma Valentina Saluz
De Salvador para o mundo, Valentina Saluz transformou sua trajetória em manifesto. Primeira modelo trans a desfilar para a alta-costura de Paris, empresária reconhecida no mercado internacional e agora aposta das artes cênicas brasileiras, ela entende que cada conquista é também uma forma de mudar o cenário para quem vem depois. “Quero que a minha […] O post Mulheres que Inspiram: “Que minha história abra portas”, afirma Valentina Saluz apareceu primeiro em Harper's Bazaar » Moda, beleza e estilo de vida em um só site.


Vestido: Gabriella Bloisi (Direção criativa: Marcos The Creator, Foto e edição: Mateus Aguiar, Styling: Saha Lopes, Backstage: JXV013 e Lucas Nathan)
De Salvador para o mundo, Valentina Saluz transformou sua trajetória em manifesto. Primeira modelo trans a desfilar para a alta-costura de Paris, empresária reconhecida no mercado internacional e agora aposta das artes cênicas brasileiras, ela entende que cada conquista é também uma forma de mudar o cenário para quem vem depois. “Quero que a minha história abra portas para outras pessoas”, diz Valentina, que aprendeu cedo que ocupar espaços não basta: é preciso ressignificá-los. Ela é a personagem do Mulheres que Inspiram!
Criada na Bahia, ela carrega na espiritualidade e na força das raízes o impulso para ir além. Morou em Londres, Paris, Milão e Nova York, desfilou para a Louis Vuitton, abriu caminhos com Alexis Mabille e virou rainha da Parada LGBTQIA+ na França. Durante a pandemia, assumiu a linha de frente no agenciamento de modelos negros na Europa. “Ser a primeira vem com muita responsabilidade”, reflete.
A vontade de criar algo que fosse além das passarelas a levou à liderança em relações públicas e, mais tarde, à fundação de sua própria agência. Mas foi a busca por novas narrativas que a trouxe de volta ao Brasil — dessa vez, para o palco e para as telas. Depois de se formar em Artes Cênicas no Rio de Janeiro, Valentina volta a São Paulo para costurar sua experiência internacional ao impulso criativo brasileiro. No seu caminho, cada clique é também uma virada. Leia, abaixo, a conversa com a atriz, modelo e empresária.
1. Você se lembra do momento exato em que entendeu que queria ser artista? E empresária?
Desde criança, sempre sonhei em ser artista. Via minha bisavó, que me criou, assistindo novelas, e pensava em como ela ficaria orgulhosa de me ver na televisão. A vontade de ser empresária veio mais tarde, com o desejo de construir algo que fosse além de mim, de criar um time forte e cuidar de pessoas.
2. Como sua vivência em cidades tão diferentes (como Paris, Salvador e Rio) influenciou sua visão de mundo e sua arte — e agora nos negócios?
Paris e Milão me ensinaram a importância da liberdade, da autenticidade e do respeito. Descobri que meus gostos e opiniões tinham valor. Salvador é a minha força espiritual, meu axé. Esse encontro de culturas me mantém conectada com a verdade, tanto na arte quanto nos negócios.
3. Tem alguma mulher que te inspirou no começo da carreira e ainda te inspira hoje?
Minha bisavó e minha avó são as principais. Mulheres fortes, elegantes, batalhadoras. Também admiro figuras como Michelle Obama e a personagem Olivia Pope, de Scandal, que representam essa força e inteligência feminina que sempre me guiaram.
4. Quais aprendizados da moda você leva hoje para o universo da atuação e dos negócios?
Entendi que status e aparência não definem caráter. Em Paris, as pessoas são mais verdadeiras; no Brasil, percebi como a aparência ainda é muito valorizada. Aprendi que a autenticidade abre mais portas do que qualquer fachada.
5. Como você cuida da sua saúde mental diante de tantas demandas e mudanças na carreira?
Terapia é fundamental — faço duas vezes por semana. Além disso, mantenho minha conexão espiritual: rezo o Salmo 91, tomo banhos de ervas e frequento o terreiro. Também me respeito, sei a hora de dizer “não” e me afastar do que não soma.

Direção criativa: Marcos The Creator, Foto e edição: Mateus Aguiar, Styling: Saha Lopes, Backstage: JXV013 e Lucas Nathan
6. Qual conselho você daria para uma jovem trans e negra que sonha em ocupar espaços como os que você ocupa hoje?
Que estude muito, se fortaleça e busque conhecimento para se proteger. É importante entender que o lugar de fala e o espaço de poder também são dela, e que ela não deve aceitar o que tentam impor como limite.
7. Quando pensa no futuro, o que mais te empolga: um papel de destaque na TV, o sucesso da sua agência ou algo novo?
Os dois caminhos me animam. Quero que a minha agência funcione de maneira independente, com um time sólido, mas também quero viver plenamente meu lado artístico — atuando, escrevendo, produzindo meus projetos autorais.
8. Existe algum ritual ou hábito que você mantém para se conectar com suas raízes baianas mesmo morando fora?
Sempre. Rezo o Salmo 91 ao acordar, mantenho minha Bíblia por perto, tomo banhos de ervas e, sempre que posso, volto para Salvador ou Rio para trabalhar no terreiro. Minha fé e ancestralidade são parte de quem eu sou.
9. O que a palavra “representatividade” significa pra você hoje?
É a possibilidade de abrir caminhos para outras pessoas. Ver mulheres trans e negras ocupando espaços na política, nas artes, no empreendedorismo, mostra que é possível sonhar e realizar.
10. Qual personagem (real ou fictício) você adoraria interpretar nas telonas ou no teatro?
Gostaria muito de viver uma Helena do Maneco — uma Helena preta e trans. Seria um presente interpretar esse papel que representa tantas mulheres fortes.
11. Você se considera mais intuitiva ou estratégica nas decisões que toma?
Sou extremamente intuitiva. Rezo, acendo velas, me conecto com meu ori e deixo que minha intuição, minha fé e minha energia me guiem nas escolhas.
12. Moda, atuação, negócios: o que ainda falta para Valentina conquistar?
Quero consolidar minha empresa para que ela funcione de forma independente e investir ainda mais na minha carreira artística. Sinto que estou só começando.
13. O que te dá mais orgulho quando olha para sua trajetória até aqui? Qual foi o case de maior sucesso até então?
O que mais me orgulha é ter me tornado quem eu sou: uma mulher forte, verdadeira e cheia de luz. O meu maior case de sucesso é ter vencido os obstáculos e me construído de dentro para fora.
14. Algo que não perguntei e gostaria de acrescentar?
Acredito muito na força do trabalho interno e da fé. Estou em constante evolução e espero continuar sendo luz e inspiração para quem cruzar meu caminho.

Direção criativa: Marcos The Creator, Foto e edição: Mateus Aguiar, Styling: Saha Lopes, Backstage: JXV013 e Lucas Nathan
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