AQNO mistura influências amazônicas e latinidades em novo trabalho

AQNO desvenda referências em faixa a faixa do novo disco, com raízes profundas na Amazônia e influências de zouk e bachata. The post AQNO mistura influências amazônicas e latinidades em novo trabalho appeared first on NOIZE | Música do site à revista.

Apr 25, 2025 - 20:41
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AQNO mistura influências amazônicas e latinidades em novo trabalho

Com raízes profundas na Amazônia e influências de ritmos caribenhos, AQNO capta em sua antena uma miscelânea de latinidades em Latino Brega Love, seu segundo álbum, lançado em abril. O trabalho traz colaborações de Dona Onete, Gang do Eletro, Layse e Casa de Maniva. Com forte influência dos ritmos latinos e amazônicos, o disco mistura brega, zouk, bachata, cumbia e lambada, em uma estética pop marcada por identidade e afeto.

O álbum é também um mergulho nas origens e nas vivências de AQNO, artista queer que constrói sua sonoridade a partir de referências regionais e globais. Produzido por Felipe Cordeiro, Sandoval Filho e Cuper, o projeto aposta na experimentação para criar uma linguagem musical própria, que fala de amor, memória e pertencimento.

“Assim como as ondas do rádio viajaram das ilhas trazendo pra gente tantos ritmos que foram traduzidos aqui na Amazônia, esse projeto é uma proposta de experimentação artística através do tempo e dos ritmos”, conta o artista.

Latino Brega Love também ganha uma versão audiovisual, LBL: Um Show de Amores conecta as faixas através de uma narrativa e tem direção do proprio AQNO em parceria com Mariana Almeida e fotografia de João Aranha.

Confira o novo álbum faixa a faixa:

LATINO BREGA LOVE“: Uma poesia que eu fiz inspirada em algumas coisas da nossa cultura pop do interior, um mix de locução de programa de rádio depois da meia noite (aquele bom e velho “Love Songs”), telemensagem, carro de som de mensagem, locução de festa de aparelhagem, enfim, tudo que precisa anunciar e “preparar o seu coração” pra algo muito intenso que vem aí. A voz da locução é do meu produtor musical Cuper. A track é a abertura dessa programação de rádio que é o disco, cheio de referências latinas, uma memória de como tantos sons chegaram das ilhas, do Caribe, pra gente aqui na Amazônia através das ondas do rádio e aqui foram traduzidos e ressignificados.

SOBROU PRA VC“: Ela que já vem aclamada, indicada à Brega do Ano no Prêmio Multishow 2024, primeiro single do álbum, a abridora dos caminhos percorridos até aqui e que abre o disco. Um tecnomelody marcante e romântico como um bom tecnomelody deve ser. “Sobrou Pra Vc” fala sobre a essência narrativa do projeto – peito aberto, escancarado, que não joga fora a possibilidade de dizer o que sente, mostrando que não só as caladas vencem, mas as desaforadas também. E como um bom tecnomelody, a track tem duas missões: te emocionar e/ou te fazer dançar. Produção do maranhense mais paraense que existe, Sandoval Filho.

“MANIÇOBA“: Assim como a receita de seu título, que pode parecer absurdamente inusitada pra muitos, “Maniçoba” é um encontro e celebração de ritmos e movimentos da Amazônia. Gang do Eletro, um dos precursores do movimento Tecnobrega no Brasil e Casa de Maniva uma das primeiras casas de Ballroom do Pará, colaboram comigo nessa track, trazendo a força da música eletrônica paraense e da cultura queer na Amazônia, numa mistura de Tecnocumbia, Tecnobrega, Reggaeton e Voguebeat, produção do baiano Cuper em colaboração com Waldo Squash, da Gang do Eletro. “Maniçoba” é uma brincadeira da minha Vênus em Touro, de associar romances e comidas. Assim como a receita precisa de um tempão pra ficar pronta, dando um trabalhão pra fazer e muitos ainda olham torto pra bichinha depois de pronta (alguns nem chegam a provar), a música fala daquela pessoa que te cozinha um tempão, mas nunca te c*** e ainda quer pagar de doido pra cima de ti quando tu decide seguir tua vida e ser saboreada em outros banquetes onde tu é valorizada.

“JAMBU NO CUXÁ“: Falando mais uma vez de comida, em “Jambu no Cuxá”, terceiro single do LBL, eu me junto à rainha do Carimbó chamegado, Dona Onete, num encontro de ritmos e gerações. Ter a queen numa faixa do meu álbum é uma das maiores validações desse projeto. Escrevi “Jambu no Cuxá” em 2023 e quando cantei a primeira linha, sabia que era uma música pra ser cantada com ela. Muitos foram os caminhos até que a diva ouvisse a música no final de 2024, curtisse e topasse. Foi lindo gravar com ela, ter a oportunidade de mais uma vez ouvir suas histórias e poder eternizar essa juntos. Na letra, falo da conexão especial que em Marabá temos com o Maranhão, um romance que começa na feira da Folha 28 (bairro marabaense) e vai (de onça ou de trem?) até São Luís, a Ilha do Amor. O encontro dos estados na track não fica só por conta da poesia, na produção musical temos o maranhense Sandoval Filho e o paraense Felipe Cordeiro com sua guitarra que é praticamente mais um feat, na missão de unir os mundos de AQNO e Onete na música mais enérgica do disco.

“ZOUK LOVE” Em “Zouk Love” eu trago um nome da música brasileira feita na Amazônia que todos precisam conhecer: Layse! Ela que é multi instrumentista, compositora, pesquisadora e produtora musical e um grande amor que a música me deu. Colaborar com ela já era um sonho desde que nos conectamos, fizemos isso pela primeira vez em “Linha Cruzada” no álbum de Felipe Cordeiro, mas ainda precisávamos de algo só nosso. “Zouk Love” já tava encaminhada como música solo pro disco, quando tive um insight e percebi que com mais uma estrofe eu teria a música perfeita pra esse feat. Em poucos minutos eu escrevi as linhas de Layse, ela ouviu e aceitou a colaboração. A faixa em inspiração em suas mães musicais “Zouk do Rubi” de Tony Brasil e “Zouk do Rubi”, da Banda Xeiro Verde. Assim como elas, exalta as noites calorosas e apaixonantes da Amazônia, seus salões de dança e festas de aparelhagem. E ninguém melhor do que Layse pra cantar esse tema, ela que embala as noites belenenses com suas baquetas e voz marcante. Na produção musical de “ZL” está Sandoval Filho, menção honrosa à percussão enérgica do maranhense Dark Brandão.

“RESET“: A conexão Pará-Maranhão continua vivíssima em “Latino Brega Love”, em “Reset” nós vamos pras radiolas maranhenses. A track é um reggae digital que é muito comum na periferia do Maranhão, o som está pra São Luís como o tecnomelody está pra Belém, embalando bailes e uma linguagem corporal muito peculiar, é o reggae que chegou através das ondas do rádio na Ilha do Amor e ali foi traduzido e ressignificado num jeito de fazer único, que em “LBL” é produzido por Sandoval Filho, que nessa categoria já tem experiência em trabalhos de artistas como a maranhense Núbia. “Reset” fala sobre amar sem necessidade de fazer joguinhos, um amor que quer respirar, tomar uma cerveja, relaxar e curtir sem neuras.

“OLHOS DE NAVALHA“: O brega é um assunto musical muito amplo e de muitos lugares desse país e a fim de render mais desse assunto em “LBL” é que a gente tem o baiano Cuper no time de produção musical, ele que já escreveu e produziu trabalhos de nomes como Rachel Reis e Hiran, traz sua baianidade pra “Olhos de Navalha”. Ligados no modo experimental a gente mistura rock, piseiro, bregadeira e funk, sem medo. Cada coisinha no lugar e hora certa dessa track sensual-quente-úmida pra falar de um escorpiano de olhos cortantes. Pra quem não conhece a beleza do homem da Amazônia, eu chamo “olhos de navalha” todos aqueles olhos fininhos — quem já foi pego por um olhar desses sabe do que falo, ainda mais se for de um escorpiano, aí não tem jeito, a picada é certa e o resultado é love song.

“CORRENTEZA“: Interlude pra track “Guamágoas”, “Correnteza” foi produzida por Cuper pra ser uma passagem usada apenas no audiovisual do projeto. Quando eu estava no set de filmagem no momento dessa música, sendo carregado pelo balé representando as águas do Rio Guamá, meu corpo se arrepiava todo, guardei aquele sentimento comigo. No fim das filmagens, voltando pra casa cansado, coloquei a faixa de novo pra ouvir no carro, me arrepiei de novo e decidi definitivamente que seria uma track de passagem do disco. “Correnteza” é quem transforma o suor do sexo intenso de “Olhos de Navalha” nas águas do Rio Guamá da próxima faixa.

“GUAMÁGOAS“: Esse disco é uma coletânea de experiências, amores, histórias que vivi e/ou observei nesses últimos anos morando na capital paraense. Eu venho de Marabá, cidade banhada pelo encontro dos rios Tocantins e Itacaiúnas e como morador de cidade de beira de rio, sempre que chego em outra cidade ribeira procuro me conectar com suas águas. O Rio Guamá representa o acolhimento que Belém do Pará me deu nesses anos em que vivo aqui, é onde eu deposito minhas mágoas e sentimentos mais confusos pra serem levados. “Guamágoas” fala de se jogar sem medo e com emoção no amor (não à toa esse disco está nascendo ariano), é sobre o momento entre o pulo e a queda na água, em que você se jogou e não tem mais como voltar atrás, o que resta agora é dar sua melhor queda e desfrutar dessas águas desconhecidas (ou nem tanto) e deixar que esse amor leve quaisquer resquícios de mágoas passadas. Produção de Cuper e Sandoval, menção honrosa aos violões do baiano Dimazz.

“CARNICEIRA“: Em terra de Garça Namoradeira, Carniceira se acha mais esperta do que Malandro Urubu. Essa faixa começou como uma grande brincadeira que simplesmente ganhou a proporção musical de décima faixa desse disco. Inspirado pelo designer de moda paraense Rege Starlight, um dia, numa prova de figurino na casa dele, me deparei com uma arte lindíssima de um Urubu Cyberpunk majestoso numa camiseta, escrito “Carniceira”. Obviamente, comprei a camiseta e a palavra ficou ecoando na minha cabeça, peguei meu violão e fiquei pensando numa narrativa que coubesse a expressão, assim nasceu o hino das talaricas. Em “Carniceira” minha trindade de produção musical do “LBL” se reúne. Sandoval Filho, Cuper e Felipe Cordeiro se inspiram na sofrência de Marília Mendonça pra esse som.

“JÁ ME VU“: Com inspiração em bregas e tecnobregas mais clássicos de nomes como Edilson Morenno, Wanderley Andrade, Banda Fruto Sensual e uma pitada de elementos de calypso, novamente o trio de produtores de LBL, Sandoval Filho, Felipe Cordeiro e Cuper se unem em “Já Me Vu”. A faixa é uma homenagem aos ícones do brega paraense, mas também é a possibilidade de atravessar para além do saudosismo da cena e mostrar que há novos sons, artistas e narrativas a serem ouvidas no gênero e criar uma movimentação que referencia e homenageia seus antecessores, mas traz novas produções pra colaborar e continuar escrevendo a história do movimento.

“Já Me Vu” celebra a curtição, a fuleiragem, as nossas festas dos interiores à capital, de Santarém a Marabá, de Marabá a Belém, na beira dos rios Tapajós, Tocantins e Guamá, celebra esse Pará múltiplo, diverso e cheio de beleza de ponta a ponta. E se “LBL” começa com um anúncio e um alerta pros corações se prepararem, o seu término precisava ser apoteótico, como se encerrasse um show. Assim, prolongamos mais 1 minuto de faixa com uma quebradeira rock ‘n roll e entregamos esse show de amores que é Latino Brega Love.

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