SPFW: Reptilia faz viagem pelos relevos terrestres em sua coleção

SPFW: Reptilia faz viagem pelos relevos terrestres em sua coleção – Foto: Ze Takahashi/ @agfotosite

Enquanto o mundo parece estar em busca de novas descobertas extraterrestres, Reptilia, sob o comando da diretora criativa Heloisa Strobel, parece estar mais interessada em aterrar cada vez mais seu processo criativo e explorar tudo aquilo de belo e interessante que temos por aqui. A coleção Tectônica chegou às passarelas do SPFW nesta última quarta-feira, 9, com um novo olhar para nossas superfícies terrestres, seus mistérios e nuances.
Através dos cortes, sobreposições e diferentes texturas, a coleção faz alusão às camadas tectônicas, além dos casacos e pelerines que saltam aos olhos ao analisar os looks dessa coleção. Silhuetas são outro ponto em que Reptilia se destaca, trazendo estruturas que são inspiradas pelas rachaduras, fissuras e deslocamentos geológicos — uma perfeita junção do orgânico terrestre e do estruturado arquitetônico, com elementos que nos remetem à contextura da Era Vitoriana.

Apostando em uma cartela de cores que nos remete à atmosfera arenosa, com algumas infusões de cores presentes em tons saturados de azul e também de cinza que remetem aos minerais, a marca trouxe peças confeccionadas na técnica de corte a laser, uma grande inovação dentro do processo criativo de Heloisa. Outra grande novidade apresentada neste desfile: pela primeira vez em sua história, a marca apresentou looks masculinos, que representam cerca de 20% da nova coleção.

Quando paramos para analisar os elementos que compõem essa coleção, um detalhe em especial chama a atenção: o saudosismo escondido por trás de peças em seda, carinhosamente estampadas a partir de fotos tiradas pela própria designer com uma câmera analógica 35mm dos anos 70, repassada por sua mãe. Todos os registros surgiram durante uma viagem ao Oriente Médio, em 2024.

Outros detalhes que nos saltam aos olhos foram a escolha estratégica de adornos para compor cada look que foi apresentado nessa passarela: as golas plissadas, meias vermelhas inesperadas, os laços sob golas de camisa e clutches quadradas em couro.

Um dos pontos mais altos dessa coleção fica por conta da escolha de materialidades e projetos têxteis que compuseram os looks. Reafirmando seu compromisso com a produção de uma moda com baixo impacto ambiental, além de produzir uma coleção por ano — seguindo o movimento slow fashion —, a marca valorizou o uso de resíduos têxteis aplicados, que trouxeram personalidade e novas perspectivas para traduzir o tema proposto de maneira coesa e totalmente harmoniosa.

Um verdadeiro espetáculo na passarela, digno de uma comemoração de 30 anos do São Paulo Fashion Week.

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