Mergulho na “Natureza” Sonora e Experimental do Bufo Borealis

Ouça e leia faixa a faixa o terceiro álbum da banda paulistana, com referências que vão de Miles Davis a Beastie Boys. The post Mergulho na “Natureza” Sonora e Experimental do Bufo Borealis appeared first on NOIZE | Música do site à revista.

Mar 26, 2025 - 02:05
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Mergulho na “Natureza” Sonora e Experimental do Bufo Borealis

O Bufo Borealis segue expandindo suas fronteiras sonoras com Natureza (2025), terceiro álbum disponível em todas as plataformas digitais. A banda, formada por Juninho Sangiorgio (baixista do Ratos de Porão), Anderson Quevedo (sax), Rodrigo Saldanha (bateria), Paulo Kishimoto (percussão e sintetizadores), Tadeu Dias (guitarra) e Vicente Tassara (piano) já tinha na bagagem Pupilas Horizontais, lançado em 2020, e Diptera, lançado em 2022. Este novo disco consolida a identidade musical dos paulistanos, mesclando jazz funk experimental com influências que vão de Miles Davis a Beastie Boys.

Pela primeira vez, todas as faixas trazem contribuições de todos os integrantes, reforçando a sinergia criativa do grupo. A produção ficou a cargo de Paulo Kishimoto, Juninho Sangiorgio e Rodrigo Saldanha. A mixagem ficou por conta de Bruno Buarque, enquanto a masterização foi assinada por David Menezes. Entre os convidados, o disco traz Nath Calan no vibrafone, Daniel Gralha no trompete e Clayton Martim na bateria, ampliando ainda mais a paleta sonora do álbum.

Agora, faixa a faixa, os integrantes nos mostram detalhes de “Natureza” e os caminhos que fazem deste trabalho um marco na trajetória do Bufo Borealis:

Papa Lou”: Nosso approach com as composições costuma se basear no recorte, na justaposição. Partes diferentes que se atravessam sem avisar. “Papa Lou”, nesse sentido, é meio que uma exceção: um mesmo clima harmônico ao longo da música toda, bem na cara dos temas de jazz modal dos anos 60. Fizemos algumas opções de timbre pra fugir desse lugar classudo, mas meio óbvio, e deixar as coisas mais a nossa cara: a guitarra distorcida do Tadeu, o solo de synth do Kishimoto. A música ainda conta com a participação do Daniel Verano (Bixiga 70), que faz um belo solo de trompete.

O nome da faixa, como o de muitas outras músicas nossas, é uma homenagem cifrada a um dos músicos que a inspirou: o saxofonista norte-americano Lou Donaldson.

Urca”: Foi inicialmente concebida no final de 2022, durante uma breve temporada de shows que fizemos no Rio de Janeiro, e batizada carinhosamente com o nome do bairro que nos recebeu. Uma melodia que surgiu espontaneamente na cabeça do Tadeu virou o tema. Depois, no estúdio, ela foi tomando forma: ganhou uma levada (que nós penamos um pouco para fazer acontecer, mas acabou saindo) e uma segunda parte, um riff barulhento atonal em cima de um shuffle na bateria. 

Ponkan”: Música que nasceu de um riff de guitarra, concebido pelo nosso baterista, Rodrigo Saldanha. A esse riff, que abre a música, foram se sobrepondo um monte de camadas – saxofone, flauta, guitarra fuzz, percussão, órgão, Clavinet — e, na edição, com tesoura em mãos, fomos dando uma forma a tudo isso. Por isso, acabou sendo uma música que não para quieta, cheia de melodias diferentes, conduzidas a cada hora por um instrumento diferente. 

Dobok”: Duas partes muito contrastantes nessa, mas ambas conduzidas por levadas hipnóticas e repetitivas de bateria. A primeira, com essa melodia misteriosa no vibrafone, enquanto a bateria faz um groove sem ride nem chimbal, só tons e caixa sem esteira, numa vibe totalmente etérea. A melodia do vibra chega num clímax e é bruscamente interrompida. Aí entra uma levada inteiramente diferente, muito pega: um riff de baixo meio dark, tenso, quase um sample de hip-hop. Mais uma vez, toda a estrutura dessa segunda parte foi feita na tesoura: ideias empilhadas no estúdio e depois recortadas na edição.

Décimo Piso”: Composição do Kishimoto, tecladista e percussionista da banda, que também assinou a produção com Juninho e Rodrigo. É uma música apresentada já inteirinha pelo Kishi, com a melodia e harmonia prontas, a forma bastante definida, o que acaba distinguindo ela um pouco das outras. Ainda assim, no estúdio, ela foi ganhando mais o jeitão da banda: os solos e escolhas de timbre imprimem bastante o estilo Bufo Borealis na parada.

Esquina”: Concluindo o disco com a música mais longa, uma baita jornada. Primeiro uma certa vibe jazz modal, improvisos classudos e tal. Do nada, tudo muda: de repente, estamos ouvindo duas baterias junto de um groove de baixo pentatônico hipnotizando até o final, enquanto guitarras, synths e sax viajam em improvisos barulhentos. No estúdio, a ideia até era cortar, abreviar essa coda, mas não tivemos coragem. Melhor assim — o groove é tão legal que dá vontade mesmo de ouvir ele por cinco minutos sem parar.

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