Eurovision 2025 de A a Z, o guia definitivo (Parte 1/2)

Conheça em detalhes todos os componentes da competição musical mais kitsch, divertida e cativante do planeta!

May 6, 2025 - 14:30
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Eurovision 2025 de A a Z, o guia definitivo (Parte 1/2)

texto especial de Alexandre Inagaki

Em 2025, a Eurovision chegará à sua 69ª edição. No ano passado, 163 milhões de espectadores acompanharam o festival: audiência muito maior que as cerimônias do Grammy e dos prêmios da MTV. Se você ainda não conhece a Eurovision, esta é a sua oportunidade de explorar uma plataforma ímpar para os sons de uma banda de indie rock da Lituânia, um grupo vocal étnico da Letônia, uma dupla de pop eletrônico da Islândia e músicos de outros países fora do mainstream cultural que dificilmente teriam a mesma visibilidade trazida pelo evento. Abaixo, um A a Z do evento!

PARTE 1 – DE A a N


ABBA

Você pode até não ser familiarizado com o Festival Eurovision da Canção, ou simplemente Eurovision. Mas certamente conhece ABBA, o grupo pop sueco que venceu a edição de 1974 com o hit “Waterloo”.

 

O mesmo vale para outros artistas como Céline Dion (revelada ao mundo ao interpretar “Ne Partez Pas Sans Moi”, que rendeu à Suíça o título da Eurovision de 1988), Julio Iglesias (cantor e compositor de “Gwendolyne”, música batizada com o nome de sua primeira namorada, que deu à Espanha o 4º lugar em 1970), Olivia Newton-John (intérprete de “Long Live Love”, que representou o Reino Unido na mesma edição de 1974 vencida pelo ABBA, obtendo a 4ª colocação), Serge Gainsbourg (cujo primeiro grande sucesso internacional foi “Poupée De Cire, Poupée De Son”, vencedora em 1965 por Luxemburgo, na voz de France Gall; top 10 nas paradas de 17 países, rendeu depois ótimas versões de bandas como Arcade Fire e Belle & Sebastian) e Måneskin (banda de rock que deu à Itália o título da Eurovision 2021, com “Zitti e Buoni”, e depois conquistou o mundo com direto a indicação ao Grammy e dois hits, “Beggin’” e “I Wanna Be Your Slave”, que já romperam a casa do 1 bilhão de plays no Spotify).


“Big Five”

37 países participarão da Eurovision 2025. Na primeira semifinal, que será realizada em 13 de maio, competirão 15 destes países. A segunda semifinal, marcada para o dia 15/5, terá a participação de outras 16 nações. Cada semifinal classificará 10 países para a grande final, a ser realizada no sábado, dia 17, e na qual 26 músicas serão apresentadas.

Além dos 20 países selecionados após as duas semifinais, há outros 6 que vão diretamente para a final: Suíça, a anfitriã deste ano, e os membros do chamado “Big Five”: Alemanha, Espanha, França, Itália e Reino Unido. O privilégio é concedido a esses 5 países por um motivo bastante prosaico: são os 5 maiores contribuintes para a organização financeira da Eurovision. Como colaboram mais com o pagamento dos boletos, recebem em troca passagem direta para a finalíssima do evento.

Cidade-sede – A música vencedora da Eurovision 2024 foi “The Code”, interpretada por Nemo, da Suíça. Com a vitória, obtida em uma edição realizada em Malmö, na Suécia (que havia conquistado a Eurovision 2023), o país conhecido por seus queijos e relógios ganhou o direito de sediar o concurso seguinte.

Os suíços escolheram Basileia, sua terceira maior cidade (atrás de Zurique e Genebra), para ser a anfitriã deste ano. E o local que sediará os shows da Eurovision 2025 será a Arena St. Jakobshalle, com capacidade de até 12.400 espectadores.


Doze pontos

Os vencedores da Eurovision são definidos por pontuações dadas pelo televoto e por júris formados por autoridades musicais dos 37 países participantes. Os pontos são distribuídos para 10 países diferentes. O melhor classificado ganha 12 pontos e os demais recebem, respectivamente, 10, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2 e 1 pontos.

A classificação final é determinada pelos 37 júris especializados, mais as 38 pontuações do televoto de cada uma das 37 nações participantes e pelo chamado “resto do mundo”: votos dados pelos espectadores de todos os demais países que assistem à Eurovision, inclusive o Brasil (que pode votar através do site oficial).

Detalhe importante: nenhum país pode votar em si mesmo.


EBU

É a sigla da European Broadcasting Union (União Europeia de Radiodifusão). Fundada em 1950, reúne 113 organizações de mídia de serviço público em 56 países e mais 31 associadas na Ásia, África, Oceânia e Américas (dentre elas, a TV Cultura no Brasil).

Em 1956, a EBU organizou a primeira edição da Eurovision, realizada na cidade de Lugano, na mesma Suíça que sediará a edição de 2025. Desde 2003, também promove a Eurovision Júnior, reservada a cantores mirins que tenham entre 9 e 14 anos de idade.


Festival da Canção

Os cantores que participam da Eurovision são selecionados pelas emissoras públicas de seus respectivos países. O processo de seleção pode ser interno ou público. E um dos países que opta por essa seleção pública é Portugal. Desde 1964, a RTP (Rádio e Televisão de Portugal) organiza o Festival da Canção. Na edição de 2025, 20 músicas participaram do concurso que consagrou o grupo Napa como o representante luso na Eurovision com a canção “Deslocado” (que fala sobre os emigrantes da ilha da Madeira – onde os integrantes dos Napa nasceram – que deixam sua terra natal em busca de melhores condições de vida).

 

Portugal venceu a Eurovision uma única vez: em 2017, com a canção “Amar Pelos Dois”, de Salvador Sobral. No ano seguinte, Lisboa sediou o festival, e Sobral fez uma apresentação especial, na grande final de 2018, ao lado de um convidado: Caetano Veloso.


Geórgia

Esta pequena nação, que conquistou a independência da União Soviética em abril de 1991, tem um histórico político conturbado cujos altos e baixos também se refletem em suas participações na Eurovision, da qual participa desde 2007. Seu ingresso no festival se deu em uma época na qual o país buscava maior integração com a União Europeia (e, em paralelo, afastamento da Rússia de Putin). Não por coincidência, em 2009 a Geórgia inscreveu para a competição uma música chamada “We Don’t Wanna Put In” (trocadilho sutil feito elefante). Como a EBU veta inscrições de teor político, exigiu que a letra fosse modificada; os georgianos se recusaram a fazer isso e abriram mão de competir naquele ano.

 

Em 2025, o momento político na Geórgia está pra lá de conturbado. No final de 2024, as eleições parlamentares foram vencidas pelo Sonho Georgiano, partido liderado por um oligarca que defende uma aproximação pragmática com a Rússia. Observadores estrangeiros relataram diversas ocorrências de manipulações e compras de votos, e protestos têm ocorrido por todo o país desde então. A TV estatal georgiana fez uma seleção interna e definiu que a cantora Mariam Shengelia representará o país na Eurovision 2025 com uma música chamada… “Freedom”.

Detalhe: Mariam participou de comícios do Sonho Georgiano. Não é de se admirar que boa parte do público da Geórgia esteja, neste ano, torcendo contra a representante do seu próprio país.


Húsavik

Uma boa introdução ao universo eurovisionário é a comédia “Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars” (disponível na Netflix), protagonizada por Will Ferrell e Rachel McAdams. Todos os componentes da competição musical mais kitsch, divertida e cativante do planeta estão no filme, que tem o atrativo extra, para os fãs mais devotados, de incluir diversos cantores que já participaram de edições anteriores da Eurovision fazendo pequenas participações.

A cidade da Islândia na qual os protagonistas do filme moram se chama Húsavík. Além disso, também dá nome à canção homônima que compõe sua trilha sonora, indicada ao Oscar de Melhor Canção Original. Quem a interpreta é Molly Sanden, cantora que já representou a Suécia na Eurovision Júnior. A cidade, que fica na costa islandense e tem pouco mais de 2 mil habitantes, inaugurou um museu dedicado à Eurovision em 2021, um ano após o lançamento do filme pela Netflix.

Vale conferir também a versão gravada pelo grupo britânico Remember Monday, que representará o Reino Unido na Eurovision 2025, com direito a clipe filmado na cidade islandesa.


Israel

Embora possa soar estranho que Israel participe de uma competição musical europeia, não é fato inédito. A Seleção Israelense de Futebol, por exemplo, disputa as eliminatórias da Copa do Mundo pelas vagas destinadas à Europa, sendo membro convidado da UEFA desde 1991. Na Eurovision, participa desde 1973, quando estreou sendo representado pela cantora Ilanit, que interpretou “Ey Sham”.

Israel já venceu 4 vezes a competição: em 1978, 1979, 1998 e 2018. No ano passado, porém, sua participação sofreu forte contestação da opinião pública europeia. Cerca de 12 mil pessoas protestaram (foto abaixo) em frente à arena de Malmö, na Suécia, onde foram realizados os shows, erguendo bandeiras da Palestina e cartazes criticando a EBU por não ter barrado a participação israelense (lembrando que, em 2022, a Rússia teve sua participação vetada por causa da invasão da Ucrânia).

Em 2024, a EBU solicitou que Israel mudasse a letra de “October Rain”, música inicialmente submetida para o concurso, mas que fazia menções pouco sutis ao ataque terrorista cometido pelo grupo Hamas em 7 de outubro de 2023. Porém, ao contrário da Geórgia em 2009, os israelenses decidiram acatar o pedido para não correrem o risco de serem banidos da Eurovision (o governo de extrema direita de Benjamin Netanyahu sabe bem do poder do soft power e de sua importância em ações de RP). “October Rain” virou “Hurricane” e foi defendida pela cantora Eden Golan, que cantou sob vaias e protestos do público presente na arena. Apesar disso tudo (ou por causa disso), “Hurricane” foi a 2ª colocada segundo os votos do público (que foram turbinados por uma campanha no YouTube promovida pelo governo israelense).

Em 2025, Israel levará Yuval Raphael, uma cantora que sobreviveu ao ataque do Hamas se escondendo dentro de um abrigo antiaéreo, para representar o país com a música “New Day Will Rise”.

https://www.youtube.com/watch?v=Q3BELu4z6-U


JJ

O representante da Áustria, que usa JJ como nome artístico, na verdade se chama Johannes Pietsch, nasceu em Viena em 2001 e é, de acordo com as casas de apostas, o segundo maior favorito na competição deste ano. A música que interpreta, “Wasted Love”, faz uma mistura de gêneros como ópera e tecno, e aproveita muito bem os recursos vocais deste cantor, um contratenor que costuma se apresentar na Ópera Estatal de Viena. Enquanto os votos do público tendem a ir para a Suécia, a Áustria é a grande favorita para liderar as pontuações junto aos júris especializados, que costumam valorizar especialmente a capacidade vocal dos intérpretes em suas avaliações.


KAJ

Este é o nome do grupo humorístico formado pelo trio de finlandeses Kevin Holmström, Axel Åhman e Jakob Norrgård, que desde 2012 já lançou 7 álbuns de estúdio. Apesar de sua origem, eles participaram da seletiva da Suécia (país vizinho da Finlândia) e representarão a terra de ABBA, First Aid Kit e José González na Eurovision 2025. Interpretarão a música “Bara Bada Bastu” (em tradução livre, “bora pra sauna” em sueco), que anda batendo recordes: no mesmo dia em que venceu a seletiva nacional (consagrados com o recorde de 4,3 milhões de votos), foi número 1 no Top 50 Viral Mundial do Spotify e ficou na liderança por uma semana.

O detalhe mais saboroso é que o KAJ surgiu como uma completa surpresa. Antes da competição iniciar, um favorito logo se destacou dentre todos: Måns Zelmerlöw, que em 2015 deu à Suécia a vitória na Eurovision com “Heroes”. Dez anos depois, Måns retornou com outra canção escrita em inglês, música muito, muito parecida com seu hit anterior, intitulada “Revolution”. Nela, regurgitou os mesmos clichês pop, embalados por uma letra ofensivamente demagógica nestes tempos de ascensão da extrema direita e de big techs oligopolizando a comunicação (“And people that will change the world/ A revolution/ Anythin’ is possible”). Após ter sido atropelado na final por uma música divertida e descompromissada sobre a cultura da sauna, Måns foi flagrado chorando e xingando o público pelo resultado: mais um motivo para torcer pela descompromissada “Bara Bada Bastu”. Que, além de fugir dos moldes padronizados da indústria musical, trata-se da primeira canção interpretada no idioma local que a Suécia enviará para a Eurovision desde 1998.

No YouTube, o vídeo de “Bara Bada Bastu” no canal oficial da Eurovision chegou à casa dos 8,5 milhões de visualizações com 1 mês e meio no ar e foi o mais visto no mês de março. Para efeitos de comparação (e até para que o novato em Eurovision tenha uma melhor noção do tamanho do evento): estes sueco-finlandeses têm mais views do que as performances no Grammy 2025 de estrelas da atualidade como Chappell Roan (7 milhões), Shakira (5,7 mi), Sabrina Carpenter (4,4 mi), Charli XCX (4 mi) e Billie Eilish (1 milhão). E isso, lembrando que os shows da Eurovision ainda não foram realizados e a tendência é dos views do KAJ dispararem após a grande final.


Louane

A França já venceu a Eurovision em 5 ocasiões. A última delas, porém, foi em 1977, há 48 anos. Para acabar com esse jejum, os franceses decidiram levar para a Eurovision 2025 uma de suas cantoras mais populares da atualidade: Louane Emera. Revelada pela edição francesa do reality show The Voice em 2013, lançou seu primeiro álbum, “Chambre 12”, em 2015 (o mais vendido naquele ano na França). Com a carreira já consolidada, tendo 1,2 milhão de seguidores no Instagram e 1,6 milhão de inscritos no YouTube, Louane aceitou o desafio de representar a França na Eurovision e cantará “maman”, música composta em homenagem à mãe, a portuguesa Isabel Pinto dos Santos, falecida em abril de 2014.

Vale citar que Louane também mantém uma carreira cinematográfica. E que, mais recentemente, enviou o vídeo de uma respeitável cover de “Where is My Mind”, dos Pixies, no canal oficial da Eurovision.


Melodifestivalen

A seletiva anual da Suécia para a Eurovision chegou à sua 65ª edição em 2025. Ao longo de 6 semanas, 30 músicas disputaram a vaga sueca. Na final, que foi realizada no dia 8 de março, na Strawberry Arena, em Estocolmo, para um público presente de 27 mil pessoas, o trio finlandês KAJ saiu vitorioso da competição.

País no qual escolas públicas de música ministram aulas de instrumentos, cantos solo e corais, espaços de ensaios são subsidiados e equipamentos técnicos são emprestados, a Suécia legou ao mundo bandas e artistas do naipe de Roxette, Ace of Base, Cardigans, os irmãos Neneh e Eagle-Eye Cherry, Avicii, Max Martin, The Hives e Robyn. Além disso, também é o país no qual plataformas digitais como Spotify e Soundcloud foram criadas. Lá, o Melodifestivalen é um evento que impulsiona todo o mercado musical sueco: vende muitos álbuns, lança novas carreiras, revitaliza outras e impulsiona seus vencedores para uma carreira internacional.

A Suécia é considerada equivalente, na Eurovision, à Seleção Brasileira nas Copas do Mundo: por mais que a fase momentânea possa ser ruim, sempre impõe respeito aos adversários. Junto com a Irlanda, a Suécia é o país com mais vitórias na competição: 7. Não à toa, a Eurovision é fenômeno de audiência por lá: a edição de 2024 foi acompanhada por 87,3% das TVs ligadas no país.

A Suécia iniciou seu ciclo de vitórias com ABBA em 1974 e obteve a mais recente em 2023, com “Tattoo”, de Loreen (primeira cantora bicampeã da Eurovision, após ter vencido com “Euphoria” em 2012). Você pode até não conhecer a gravação original, mas provavelmente já foi impactado pela sua versão abrasileirada “Daqui pra Sempre”, hit nas vozes de Manu Bahtidão e Simone Mendes (que chegou ao topo da Billboard Brasil Hot 100 em novembro de 2023 e passou mais de 36 semanas na lista).

“Nel Blu, Dipinto di Blu”

A única música cantada em italiano, até hoje, que liderou a parada da Billboard nos Estados Unidos. A primeira vencedora dos Grammys de Gravação do Ano e Música do Ano. Uma canção que, ao longo das décadas, foi regravada por nomes tão distintos como Alex Chilton, Barry White, David Bowie, Ella Fitzgerald, Frank Sinatra e Rita Lee.

 

Popularmente conhecida como “Volare” (palavra inicial do seu refrão), esta canção foi originalmente gravada por Domenico Modugno. Iniciou sua trajetória de sucesso ao vencer em 1958 o Festival da Canção Italiana de Sanremo, concurso musical mais antigo do mundo e inspiração assumida para a criação da Eurovision (que surgiu cinco anos após a primeira edição de Sanremo, em 1951). “Volare” também foi a representante da Itália na Eurovision; ficou apenas na 3ª colocação, atrás das canções da França e Suíça.

Aqui, vale falar do Festival de Sanremo, que ao longo de mais de 7 décadas se consolidou como o evento cultural mais popular da Itália, tendo lançado as carreiras de alguns de seus artistas musicais mais conhecidos, como Laura Pausini, Andrea Bocelli e Eros Ramazzotti.

Na edição de 2025 de Sanremo, 29 artistas se apresentaram durante cinco noites consecutivas. A final foi acompanhada por 13 milhões de telespectadores (cerca de 73% das TVs ligadas na Itália) e o vencedor foi Olly, com a canção “Balorda Nostalgia”. Este, porém, abriu mão do direito de representar a Itália na Eurovision, alegando compromissos profissionais. Lucio Corsi, segundo colocado em Sanremo, aproveitou a chance e aceitou ser o representante italiano com a canção “Volevo Essere Un Duro”.

Corsi, em uma das noites de Sanremo na qual todos os competidores fazem covers de alguma canção conhecida, interpretou justamente “Nel Blu, Dipinto di Blu”, fazendo um dueto inusitado com Topo Gigio (aquele ratinho italiano que, na forma de marionete, co-apresentou programas de TV no mundo todo).

PARTE 2 – DE O a Z (a ser publicada na quinta, 8/5)

– Alexandre Inagaki é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, e consultor de mídias sociais. Já escreveu para a Rolling Stone Brasil, Trip e foi responsável pela criação e planejamento de campanhas online para Coca-Cola, Sony Pictures, entre outros. É curador da Campus Party e youPIX Festival. Publica textos na internet desde 1999. Começou em blogs coletivos e em seu próprio e-zine, chamado SpamZine. Além do Pensar Enlouquece, também foi um dos criadores do InterNey Blogs, um portal brasileiro de blogs.  (linktr.ee/alexandreinagaki)