Em Belém, de frente para o rio, no Espelho d’Água, nasceu a maior ZeroZero
Entre o restaurante e a esplanada, a nova pizzaria tem 500 lugares. Abre esta quinta-feira.


Com 500 lugares, divididos entre o espaço interior e a esplanada, a ZeroZero que abre esta quinta-feira em Belém é resultado de um investimento de quatro milhões de euros do grupo Plateform. Em frente ao rio, no antigo Espaço Espelho d’Água, ao lado do Museu de Arte Popular, é a quarta ZeroZero, depois do Príncipe Real, do Parque das Nações e do Time Out Market. Às pizzas, pastas e charcutaria, junta-se ainda uma gelataria na esplanada.
Em tons brancos, rodeado de espelhos de água (daí o nome), o edifício de traços modernistas é bem conhecido. Projectado por Manuel Lino, foi construído em 1940 para a Exposição do Mundo Português com o intuito de servir como cafetaria e restaurante para o evento. São várias as suas histórias e épocas houve em que o Espelho d’Água se tornou numa paragem em Lisboa. Nos últimos anos, contudo, foi perdendo algum do seu fulgor, ainda que mantivesse uma agenda cultural constante, abrigando também residências artísticas.
Mas é nova a vida que se sente logo à entrada. De um lado, um balcão que convida a beber um cocktail – e são muitas as opções –; do outro a mercearia e charcutaria com uma selecção de produtos italianos, à semelhança do que acontecia já no Príncipe Real e no Parque das Nações.
É na sala aberta e luminosa com vista também para a cozinha, feita em duplicado para que seja possível responder à demanda dos clientes, que se sente a movida e se percebe realmente a dimensão do espaço. “Num turno mais fraco podemos trabalhar só com metade da cozinha, mas se a um domingo o cliente chega todo ao mesmo tempo, conseguimos dar resposta”, explica Rui Sanches, fundador e CEO da Plateform, durante uma visita guiada ao restaurante, dois dias antes da abertura, em pleno funcionamento para testar e ultimar detalhes. “O espaço mantém-se igual, só que a escala aqui é maior, a questão da simultaneidade na cozinha é um desafio gigante”, precisa, explicando também o trabalho feito em parceria com o Atelier Lado e o arquitecto João Regal, com quem o grupo já costuma trabalhar.
Quem conheceu o Espelho d’Água anteriormente, estará familiarizado com o espaço, já que arquitectonicamente toda a estrutura foi mantida, mas notará as diferenças, especialmente o esforço em se criar alguma intimidade num local tão amplo. “Nós lutámos para dividir o espaço o mais possível para não ficar assim tão massivo”, conta Rui Sanches, enquanto dá a conhecer uma sala ao fundo do restaurante que “pode ser privatizada”. “Ou seja, quem quiser fazer um evento privado, um evento corporativo, temos aqui a possibilidade de fechar o cortinado.” É nesta zona que fica o mural do artista norte-americano Sol LeWitt, datado de 1990, e que foi novamente recuperado.
Ao lado, fica a zona da pizzaria, com dois vistosos e majestosos fornos de lenha onde só entra lenha de zinho. Todo o processo das pizzas é igual às restantes ZeroZero, faz questão de frisar o CEO da Plateform. Quer isso dizer que se tratam de pizzas de fermentação natural – por via de uma pré-fermentação seguida de uma maturação por, no mínimo, 48 horas – e é usada a farinha 00.
Na carta, são cerca duas dezenas de opções, das clássicas margherita (14,50€) e diávola (19€) às especiais como a tartufi e porcini (21,50€), com mozzarella fiordilatte, cogumelos porcini, queijo asiago e creme de trufa preta, ou a prosciutto crudo di Parma e bufala campana DOP (21,50€), com tomate, mozzarella di bufala campana DOP, presunto de Parma 18 meses e rúcula. Nas entradas, mantêm-se igualmente pratos como a burrata com presunto de Parma 18 meses e azeite de manjericão (19€) ou os arancini de arroz siciliano, recheado com ragù e ervilha (10€).
É nas pastas, feitas ali, também à vista do cliente, que há novidades. São elas a pappardelle verde com verdure all griglia e pesto de tomate seco (16,50€), o linguini nero ai frutti di mare (21,50€) e a pappardella ripiena di ricotta e tartufo (14€).
Nas sobremesas, o mil-folhas de caramelo salgado com gelado de baunilha (8€) continua a ser obrigatório, bem como o tiramisù (8€) e a mousse de chocolate e avelã de Piemonte (8€). E há os gelados artesanais (6€/duas bolas). “Nós já fazíamos o nosso gelado. Basicamente, melhorámos muito o processo de produção do gelado. Posso dizer-vos, por exemplo, que no gelado de tiramisù até o palito la reine fazemos”, revela Rui Sanches, ressalvando que, fazendo uso da localização, vai ser possível também ir à ZeroZero para comer apenas um gelado ou até um crepe com gelado na esplanada, que ganhou mais espaço com a Plateform e onde está instalada a gelataria.
No final, Rui Sanches confessa que escolher abrir uma ZeroZero neste espaço emblemático foi a resposta imediata. “Esta localização pedia um restaurante agregador, de família e a ZeroZero tem essa ADN. É uma coisa mais informal. É uma pizzaria, mas também é um restaurante”, conclui.
Resta dizer que as casas de banho, no piso de cima e onde antes funcionaram as residências artísticas, têm luz natural e vista para o rio.