Febre dos bebês reborn é um problema? Psicóloga comenta 

Apesar de ser um instrumento terapêutico, é preciso tomar cuidado para que o brinquedo não afete a vida cotidiana

Apr 26, 2025 - 09:04
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Febre dos bebês reborn é um problema? Psicóloga comenta 

Nos últimos dias, os vídeos de bonecas reborn voltaram a viralizar. Ao rolar o feed das redes sociais, não é raro se deparar com vídeos de ‘mamães’ levando os bebês ultrarrealistas para passear, amamentando e até simulando um parto. Essa onda voltou com tudo após uma colecionadora divulgar que sofreu preconceito quando levou Gui, um de seus bonecos, para o shopping. Ao passear na praça de alimentação, uma senhora a encarou e a ofendeu. 

Recentemente, outra pessoa também foi alvo de polêmica quando aderiu ao fenômeno: Padre Fábio de Melo “adotou” uma boneca com Síndrome de Down, em homenagem à sua mãe, que faleceu em 2021. A ação tem uma explicação: durante anos, ele costumava levar bonecas para presenteá-la, e agora encontrou uma forma simbólica de manter o gesto afetuoso.

Brincar de boneca não é “coisa de agora”

Pesquisas indicam que brincar de boneca é uma prática muito antiga — os registros datam de cerca de 4.000 a.C., na Mesopotâmia e no Egito Antigo. Elas eram feitas de materiais como argila, madeira, marfim ou pedra. E o hábito estava ligado ao aprendizado de papéis sociais e ao desenvolvimento do pensamento.

Ao longo do tempo, a argila deu lugar ao pano, à louça, ao plástico e, hoje, ao vinil ou silicone, dois materiais que permitem criar um acabamento mais realista, com textura de pele, dobras, veias e até peso semelhante ao de um recém-nascido. 

Embora a fabricação dos bebês reborn tenha começado nos Estados Unidos há mais de 30 anos, no Brasil, sua popularidade passou a crescer no início dos anos 2000. O mercado se expandiu nos últimos anos e, hoje, reúne uma comunidade de fãs que vão de crianças a idosos.

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O processo de produção é manual e há modelos que demoram meses para ficarem prontos – o valor, inclusive, chega a milhares de reais dependendo da loja ou artesã. 

Afinal, a febre das bebês reborn é ruim? 

Segundo a psicóloga Magda Tartarotti, o ato de brincar eleva o imaginário, e isso não é um lugar reservado para as crianças. Acontece que a imaginação é essencial para pensarmos sobre o futuro e concebermos as realidades possíveis e desejadas.

Outro fato importante é que os objetos conectam pessoas e criam grupos de socialização, além de funcionar, de certa forma, como uma representação de nós mesmos. “Conheço muitas mulheres que ainda guardam suas bonecas porque compartilhavam com elas seus afetos, segredos e sentimentos”, diz a especialista.

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Bonecas podem ser terapêuticas

Além disso, elas podem servir, por vezes, de recurso terapêutico. “No filme Náufrago, o personagem de Tom Hanks encontra na bola Wilson uma companhia. Ela foi um grande recurso de sobrevivência para que ele não caísse na solidão“, comenta a especialista.

Segundo ela, os bebês reborn também são usados por médicos e terapeutas em casas de repouso e hospitais, principalmente com pessoas que têm comprometimentos cognitivos. “Me lembro de ter sido voluntária em um lar de idosos e isso ajudava a proporcionar bem-estar. Eles davam banho, penteavam, trocavam e até dormiam juntos.”

Ainda que os haters não deem trégua, Magda entende que a prática só é um problema quando os colecionadores não conseguem separar a fantasia da vida real: “enquanto nós estivermos atentos à realidade que vivemos, não há prejuízo. Mas, quando imergimos nesse mundo imaginário, há consequências negativas que passam por evitar o sentimento humano e a complexidade da vida diária.” 

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