Entrevista: “Estamos trabalhando em um novo álbum”, revela Michael Sloane, do Last Dinosaurs

Capitaneados pela dupla de irmãos vocalistas e guitarristas Sean e Lachlan Caskey, o Last Dinosaurs passou pelo Brasil com a turnê do EP “Yumeno Garden (Alternate Versions)”

May 4, 2025 - 04:42
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Entrevista: “Estamos trabalhando em um novo álbum”, revela Michael Sloane, do Last Dinosaurs

entrevista de Alexandre Lopes

Com mais de 15 anos de estrada, cinco álbuns lançados e uma base de fãs espalhada por diversos continentes, a Last Dinosaurs finalmente pisou em solo brasileiro. A estreia do grupo australiano em São Paulo aconteceu no dia 4 de abril, em show único que fez parte de uma turnê sul-americana que passou por México, Peru, Argentina, Chile e Brasil.

Capitaneados pela dupla de irmãos vocalistas e guitarristas Sean e Lachlan Caskey, o Last Dinosaurs trouxe a tiracolo na turnê o EP “Yumeno Garden (Alternate Versions)”, incluindo releituras de músicas do disco “Yumeno Garden” (2018) em colaboração com artistas da América Latina e do Sudeste Asiático.

Antes de subir ao palco paulistano do Jai Club, o baixista Michael Sloane conversou com o Scream & Yell por Zoom direto de Lima, no Peru, onde a banda se apresentaria antes de migrar para Buenos Aires (Argentina) e Brasil. Para o setlist, a banda preparou uma seleção que incluiu canções do álbum cheio mais recente “KYORYU” — como “Paranoia Paradise” e “Slow” — além de faixas mais antigas como “Zoom” e “Andy”. “Tentamos equilibrar o que é popular nas plataformas de streaming com músicas novas e clássicos, prestando atenção no que é mais ouvido nas regiões pelas quais passamos.”, explicou Michael.

Além disso, o show em São Paulo contou com uma participação especial de Henrique Ferreira, guitarrista fã da banda que ficou conhecido por compartilhar vídeos tocando músicas do Last Dinosaurs em seu canal do YouTube. Henrique subiu ao palco para dividir a guitarra com a banda na canção “Apollo”.

Embora grande parte do papo com o S&Y tenha sido sobre a turnê latina, Michael Sloane entregou um pouco dos próximos passos do grupo. “Temos alguns planos; em primeiro lugar, estamos trabalhando em novas músicas, com o Sean e o Lachlan escrevendo bastante. Também temos outras coisas além de álbuns novos — talvez regravações, lançamentos diferentes. Mas ainda não posso dar muitos detalhes, só sei que vai ser divertido!” Confira o papo completo abaixo.

Esta é a primeira vez da banda na América Latina, certo? Como tem sido essa experiência para vocês?
Sim, é a primeira vez. Estamos no Peru agora, vamos tocar hoje à noite e será divertido. Chegamos ontem à Cidade do México. Nunca estivemos na América do Sul antes, mas já tocamos no México, que alguns consideram parte da América Central — embora tecnicamente seja América do Norte. Mas já sentimos o calor dos fãs hispânicos por lá, tocar em Mexico City é sempre ótimo para nós. A chegada no Peru foi incrível, com fãs nos recebendo no aeroporto. Espero que o Brasil seja assim também. Estou animado para ouvir português!

Os shows têm datas muito próximas uns dos outros. Vocês têm conseguido fazer turismo ou conhecer as cidades?
Sempre tentamos fazer esse tipo de coisa e ao mesmo tempo aproveitar ao máximo o tempo, mesmo precisando descansar depois dos voos, que podem ser bem cansativos. Mas dei uma caminhada por Lima hoje de manhã e achei bem legal. Comi comida local, o que é algo que sempre tentamos fazer. Mas, com tão pouco tempo, o ideal seria voltar de férias por algumas semanas para realmente conhecer os lugares. Às vezes temos só meio dia ou até menos, mas tudo bem.

Imagino que o dia fique cheio com passagem de som, entrevistas…
Sim, infelizmente boa parte do dia vai nisso. Mas ainda assim é divertido e conseguimos ver alguma coisa dos lugares — nem que seja pela janela da van. É como uma mini tour da cidade.

Ouvi dizer que vocês fizeram um show esgotado na Cidade do México. Como foi isso?
Foi um sonho. Cada vez que tocamos lá é incrível. Esse último foi em um local maior, uma versão reformada do primeiro lugar onde tocamos há seis anos — 40 Indie Rocks. Da outra vez também foi um show com ingressos esgotados e voltar lá após a reforma do lugar para ainda mais pessoas foi transformador e bonito.

E quais são as expectativas da banda para tocar no Brasil?
Ainda não sabemos muito. Sempre vemos o famoso comentário “come to Brazil”, que virou até meme no Ocidente. Mas sabemos que o país é enorme e com uma grande população, então não temos certeza de onde são essas pessoas — São Paulo? Brasília? É difícil saber, então não sabemos bem o que esperar. Mas os ingressos estão vendendo, então estou otimista. Vai ser uma experiência legal.

Vocês já tocaram em vários lugares como América do Norte, Austrália e agora América do Sul. Como o público tem reagido aos shows?
Se o México serve de referência, espero que o público da América Latina seja bem intenso. Os fãs do Peru nos receberam com muita energia no aeroporto. A Ásia também tem um público bem enérgico. Já na Austrália, onde somos locais, tudo é mais relaxado. Sendo bem honesto, nossos fãs são incríveis em todo lugar. Mas acredito que a energia aqui será das mais altas.

O que você conhece do Brasil? Tem alguma banda ou artista brasileiro que você admira?
Honestamente, não muito. Sei que o Sean e o Lock têm ouvido uma banda dos anos 70… acho que era algo como Jorge e mais alguém…

Talvez Jorge Ben Jor?
Não tenho certeza. Mas ouvi algumas das músicas e é bem funky. Algumas músicas dele são muito boas. Mas não conhecemos muito a cena local, além dos clássicos como a bossa nova. Espero conhecer mais enquanto estivermos aí.

Talvez vocês curtam o Tim Maia — também bem funk, anos 70.
Tim Maia! Ok, vou anotar!

A banda tem uma discografia consistente, com cinco álbuns e alguns EPs. Como vocês definem o setlist?
Boa pergunta. É sempre uma questão sensível com os fãs, especialmente em lugares onde nunca tocamos antes, como a América do Sul. Mas tentamos equilibrar o que é popular nas plataformas de streaming com músicas novas e clássicos, prestando atenção no que é mais ouvido nas regiões pelas quais passamos. Às vezes adicionamos algo que não tocamos há tempos. Infelizmente, nem sempre conseguimos incluir todas as músicas que os fãs pedem, porque o show tem cerca de 18 músicas. Mas quem sabe podemos escolher uma ou duas que não temos tocado nos últimos shows e que as pessoas queiram ouvir. É uma pequena lista elaborada de músicas para fazer a energia fluir e tudo mais.

Vocês lançaram o EP “Yumeno Garden (Alternate Versions)”. Vão tocar músicas desse projeto?
Sim, várias músicas do “Garden” já estão no setlist. Hoje, por exemplo, Tourista, que participou de “Forget About”, vai cantar com a gente no palco [em Lima] e também abrir nosso show. Fizemos o mesmo tipo de coisa nas Filipinas com outras músicas e outros convidados. É sempre divertido.

Já que mencionou isso… vão convidar Isla de Cartas para participar de “Italo Disco”?
Ainda não temos certeza, mas é uma possibilidade. Estamos conversando agora mesmo, no WhatsApp, sobre isso. O nosso manager está tentando organizar isso. Não posso ainda dizer se vai acontecer, mas seria muito legal se desse certo!

Sobre os shows no Brasil, vocês já sabem o que vão tocar?
Será basicamente o mesmo setlist da turnê — são cerca de 18 músicas. Sem entregar muito, será um mix de todos os álbuns, com bastante coisa do “Garden” e também do novo álbum “KYORYU”, músicas como “Paranoia Paradise” e “Slow”, que ainda não tocamos muito. E claro, vários clássicos também. Acho que é uma boa mistura de tudo.

E depois da turnê na América do Sul, já têm planos para gravar algo novo?
Com certeza! Não vamos parar. Temos alguns planos. Em primeiro lugar, novas músicas e um novo álbum. Estamos trabalhando em novas músicas, com o Sean e o Lachlan escrevendo bastante. Isso rola naturalmente. Também temos outras coisas além de álbuns novos — talvez regravações, lançamentos diferentes. Mas ainda não posso dar muitos detalhes, só sei que vai ser divertido!

– Alexandre Lopes (@ociocretino) é jornalista e assina o www.ociocretino.blogspot.com.br. A foto que abre o texto é de Keaidkumchai Tongpai