O protagonismo das mulheres no Carnaval, no Oscar e na Semana de Moda de Milão
Por Cassio Prates e Eve Barboza O último desfile da Bottega Veneta foi, na verdade, uma apresentação de Patti Smith com o Soundwalk, parte da turnê global da cantora. Isso porque Louise Trotter, nova diretora criativa da marca, assumiu o cargo há apenas um mês e, em vez de uma coleção em transição, preferiu transformar […] O post O protagonismo das mulheres no Carnaval, no Oscar e na Semana de Moda de Milão apareceu primeiro em Harper's Bazaar » Moda, beleza e estilo de vida em um só site.


Silvia Venturini arruma a modelo para o desfile da coleção que celebra os 100 anos da marca de sua família – Foto: Divulgação
Por Cassio Prates e Eve Barboza
O último desfile da Bottega Veneta foi, na verdade, uma apresentação de Patti Smith com o Soundwalk, parte da turnê global da cantora. Isso porque Louise Trotter, nova diretora criativa da marca, assumiu o cargo há apenas um mês e, em vez de uma coleção em transição, preferiu transformar a ocasião em uma tarde de poesia — com Patti vestindo Bottega.
Os destaques da semana trouxeram mulheres que questionam e desviam o olhar para além de uma perspectiva masculina dominante.
Em Milão, apesar de coleções consistentes, como a Bally de Simone Bellotti e a Diesel de Glenn Martens, o foco recai sobre a Fendi, conduzida por Silvia Venturini. Seu trabalho não se prende ao passado familiar, mas ressignifica essas referências no presente. Já a Ferragamo, que este ano dialoga com Pina Bausch e conta com o olhar disruptivo da stylist Lotta Volkova, apresenta roupas ainda mais instigantes.
O grande destaque da temporada, como já se tornou tradição, é Miuccia Prada, ao lado de seu co-diretor Raf Simons. Nesta coleção, a dupla questiona os contornos da nova feminilidade e entrega um report extremamente atual. Goste-se ou não do que foi apresentado, há um ponto de vista claro: Miuccia desafia a noção de bom gosto — historicamente ditada por homens — e, por vezes, até seu próprio bom gosto. Seu olhar vai além do “sexy vende”, do “isso sempre funcionou” ou do “as pessoas querem ver esse tipo de coisa”. Com inteligência e coragem, ela propõe algo novo sempre que possível.
Em outros cenários, Fernanda Torres brilha além do Oscar, saindo maior que a própria premiação. Sua presença faz com que o mundo conheça a história de Eunice Paiva, uma mulher que enfrentou o apagamento da ditadura com coragem e voz. Seu vestido Chanel, com stylist assinado por Antonio Frajado, carrega o mesmo espírito de um “luxo discreto” — meio Patti Smith, meio Miuccia Prada, mas com um toque genuinamente brasileiro, irreverente, que não se leva tão a sério, mas que leva muito a sério seu trabalho e suas convicções. Ver Fernanda cantando “Com que roupa eu vou?” é a alegria de todo brasileiro.
No Carnaval, Conceição Evaristo cruzou a Sapucaí pela Mangueira e hoje se apresenta na Portela, reafirmando a festa como um espaço de resistência. Seus sambas questionam apagamentos históricos e trazem a decolonialidade para o centro da avenida, para que o Brasil veja e dance. Uma feminista negra que ajudou a construir e proteger espaços para mulheres — na moda, no samba e no Oscar.
O post O protagonismo das mulheres no Carnaval, no Oscar e na Semana de Moda de Milão apareceu primeiro em Harper's Bazaar » Moda, beleza e estilo de vida em um só site.