O lado humano do design na era da IA
Porque a alma criativa do design não será substituída pela IA.Imagem gerada artificialmente utilizando o Google Imagen 3.Você já parou para pensar por que, mesmo com ferramentas de IA gerando logos em segundos ou sugerindo paletas de cores “perfeitas”, ainda sentimos falta daquela identidade visual que parece não ter alma? Atuo como designer estratégico há mais de 10 anos, e se tem uma coisa que aprendi é: tecnologia avança, mas o coração humano do design continua o lado mais importante em qualquer projeto. No Brasil, onde a diversidade é nossa maior riqueza, isso fica ainda mais evidente. Vamos conversar sobre o que a IA nunca vai substituir no nosso talento — e por que isso é motivo de orgulho, não de medo.Criatividade que nasce da cultura brasileiraA IA é ótima para misturar referências e gerar opções, mas de onde vem a ideia que quebra padrões? Daquela inspiração que surge num caldeirão de influências: o caos do Carnaval, a poesia do grafite de São Paulo, a resiliência das comunidades ribeirinhas. Um algoritmo não sente o peso histórico de uma tipografia inspirada na arte indígena ou a emoção de um projeto que nasceu para resolver um problema social. Enquanto a IA analisa dados, nós designers vivemos os dados — e é isso que nos permite criar soluções que respiram identidade.Aqui no Brasil, o design precisa falar nossa língua, sentir o nosso ritmo e captar nossas gírias, cores e contradições. Cada região tem seu charme, sua história e seus costumes, e é esse repertório cultural que um algoritmo dificilmente vai conseguir replicar. É no trato, na conversa e na vivência diária que encontramos as inspirações para criar soluções verdadeiramente relevantes para o nosso público.Criatividade que vem da experiênciaA criatividade humana não é algo que se ensina ou se programa. Ela nasce das nossas vivências, dos desafios superados e daquela mistura inusitada de referências que só quem vive no Brasil conhece. Claro, a IA consegue remixar informações e sugerir variações — mas a originalidade, aquela ideia que muda tudo, vem da nossa experiência e sensibilidade. E é justamente isso que diferencia um design estratégico e impactante de uma produção automatizada.Aqui, empatia não é só palavra de curso de soft skills. É entender que um botão “comprar agora” num e-commerce precisa ser intuitivo para a Dona Maria, que acessa a internet pelo celular do neto. É perceber que um projeto de sinalização em uma favela precisa dialogar com a realidade local, não impor um visual “modernoso” que ninguém se identifica. A IA até reconhece padrões de comportamento, mas não sente o frio na barriga de errar ou a alegria de ver um usuário sorrir com uma solução simples. E no Brasil, onde a desigualdade grita.Design sem empatia é design cego.Adaptabilidade: Da praia ao asfaltoJá precisei ajustar um layout às pressas porque o cliente lembrou que “aqui no Nordeste, o vermelho chama mais atenção no calor”? Pois é. A IA opera com lógica, mas não sabe improvisar quando o contexto muda. Num país continental como o Brasil, onde cada região tem seus códigos, o designer estratégico precisa ser um malabarista de realidades. Enquanto algoritmos travam com imprevistos, nós dançamos conforme a música — mesmo que a música seja um funk de quebrada ou um forró pé-de-serra.Liderança que inspira, não que calculaMia Blume, uma referência em design estratégico, já alertou: a IA não substitui a capacidade de liderar times com visão. No Brasil, onde o “jeitinho” e a colaboração fazem parte do sucesso, um líder designer não só entrega projetos, mas motiva equipes a enxergarem além do brief. Conectar o trabalho de design aos objetivos do negócio, traduzir “criatividade” em “resultados” para o CEO — isso exige uma habilidade que máquinas não têm: saber contar histórias que emocionam até o mais cético dos gestores.Enquanto a IA repete vieses dos dados que consome, nós temos o dever de questionar: esse design exclui alguém? Está reforçando estereótipos? No Brasil, projetos como o “Design para Todos” (que prioriza acessibilidade) ou iniciativas de moda sustentável na Amazônia mostram que o humano não só cria, mas assume responsabilidade. IA não tem consciência — e no nosso país, consciência é o que não falta.A IA como aliada, não substitutaNão estou dizendo para ignorar a IA, longe disso! Ela é uma ferramenta poderosa que pode agilizar processos repetitivos e liberar tempo pra gente focar no que realmente importa: a estratégia, o conceito e a inovação.Mas, se a IA é capaz de fazer ajustes técnicos e otimizações, a liderança criativa e a capacidade de transformar insights em soluções que realmente ressoem com as pessoas é algo que só nós, humanos, temos.Toque humano do designImagem gerada artificialmente utilizando o Google Imagen 3.No fim do dia, o design é, antes de tudo, uma história humana. Uma história de conexões, emoções e, principalmente, de identidade. Enquanto a IA continuará evoluindo e ganhando espaço nas tarefas operacionais, ela jamais vai consegu

Porque a alma criativa do design não será substituída pela IA.

Você já parou para pensar por que, mesmo com ferramentas de IA gerando logos em segundos ou sugerindo paletas de cores “perfeitas”, ainda sentimos falta daquela identidade visual que parece não ter alma? Atuo como designer estratégico há mais de 10 anos, e se tem uma coisa que aprendi é: tecnologia avança, mas o coração humano do design continua o lado mais importante em qualquer projeto. No Brasil, onde a diversidade é nossa maior riqueza, isso fica ainda mais evidente. Vamos conversar sobre o que a IA nunca vai substituir no nosso talento — e por que isso é motivo de orgulho, não de medo.
Criatividade que nasce da cultura brasileira
A IA é ótima para misturar referências e gerar opções, mas de onde vem a ideia que quebra padrões? Daquela inspiração que surge num caldeirão de influências: o caos do Carnaval, a poesia do grafite de São Paulo, a resiliência das comunidades ribeirinhas. Um algoritmo não sente o peso histórico de uma tipografia inspirada na arte indígena ou a emoção de um projeto que nasceu para resolver um problema social. Enquanto a IA analisa dados, nós designers vivemos os dados — e é isso que nos permite criar soluções que respiram identidade.
Aqui no Brasil, o design precisa falar nossa língua, sentir o nosso ritmo e captar nossas gírias, cores e contradições. Cada região tem seu charme, sua história e seus costumes, e é esse repertório cultural que um algoritmo dificilmente vai conseguir replicar. É no trato, na conversa e na vivência diária que encontramos as inspirações para criar soluções verdadeiramente relevantes para o nosso público.
Criatividade que vem da experiência
A criatividade humana não é algo que se ensina ou se programa. Ela nasce das nossas vivências, dos desafios superados e daquela mistura inusitada de referências que só quem vive no Brasil conhece. Claro, a IA consegue remixar informações e sugerir variações — mas a originalidade, aquela ideia que muda tudo, vem da nossa experiência e sensibilidade. E é justamente isso que diferencia um design estratégico e impactante de uma produção automatizada.
Aqui, empatia não é só palavra de curso de soft skills. É entender que um botão “comprar agora” num e-commerce precisa ser intuitivo para a Dona Maria, que acessa a internet pelo celular do neto. É perceber que um projeto de sinalização em uma favela precisa dialogar com a realidade local, não impor um visual “modernoso” que ninguém se identifica. A IA até reconhece padrões de comportamento, mas não sente o frio na barriga de errar ou a alegria de ver um usuário sorrir com uma solução simples. E no Brasil, onde a desigualdade grita.
Design sem empatia é design cego.
Adaptabilidade: Da praia ao asfalto
Já precisei ajustar um layout às pressas porque o cliente lembrou que “aqui no Nordeste, o vermelho chama mais atenção no calor”? Pois é. A IA opera com lógica, mas não sabe improvisar quando o contexto muda. Num país continental como o Brasil, onde cada região tem seus códigos, o designer estratégico precisa ser um malabarista de realidades. Enquanto algoritmos travam com imprevistos, nós dançamos conforme a música — mesmo que a música seja um funk de quebrada ou um forró pé-de-serra.
Liderança que inspira, não que calcula
Mia Blume, uma referência em design estratégico, já alertou: a IA não substitui a capacidade de liderar times com visão. No Brasil, onde o “jeitinho” e a colaboração fazem parte do sucesso, um líder designer não só entrega projetos, mas motiva equipes a enxergarem além do brief. Conectar o trabalho de design aos objetivos do negócio, traduzir “criatividade” em “resultados” para o CEO — isso exige uma habilidade que máquinas não têm: saber contar histórias que emocionam até o mais cético dos gestores.
Enquanto a IA repete vieses dos dados que consome, nós temos o dever de questionar: esse design exclui alguém? Está reforçando estereótipos? No Brasil, projetos como o “Design para Todos” (que prioriza acessibilidade) ou iniciativas de moda sustentável na Amazônia mostram que o humano não só cria, mas assume responsabilidade. IA não tem consciência — e no nosso país, consciência é o que não falta.
A IA como aliada, não substituta
Não estou dizendo para ignorar a IA, longe disso! Ela é uma ferramenta poderosa que pode agilizar processos repetitivos e liberar tempo pra gente focar no que realmente importa: a estratégia, o conceito e a inovação.
Mas, se a IA é capaz de fazer ajustes técnicos e otimizações, a liderança criativa e a capacidade de transformar insights em soluções que realmente ressoem com as pessoas é algo que só nós, humanos, temos.
Toque humano do design

No fim do dia, o design é, antes de tudo, uma história humana. Uma história de conexões, emoções e, principalmente, de identidade. Enquanto a IA continuará evoluindo e ganhando espaço nas tarefas operacionais, ela jamais vai conseguir capturar a essência do que nos torna únicos como designers. Nosso papel é usar essas ferramentas para potencializar nosso trabalho — sem jamais perder de vista a importância do nosso toque humano.
E você, como tem utilizado a IA no seu processo criativo? Vamos conversar sobre como podemos unir o melhor dos dois mundos sem abrir mão da nossa essência!
Este texto foi escrito com café brasileiro, uma pitada de sarcasmo saudável e a certeza de que, enquanto houver problemas complexos para resolver, designers estratégicos serão essenciais — com ou sem IA.
Fontes de inspiração
- The Impact of Artificial Intelligence on the Graphic Design Job Market: An Analysis of the Evolution and Opportunities of the D.
- Beyond Skills: Hiring For The Qualities AI Can’t Replicate — Forbes
- AI vs. Human Creativity: Can Machines Truly Be Original? — Connective Web Design
- The one thing AI isn’t changing for design
O lado humano do design na era da IA was originally published in UX Collective