Seus hábitos estão educando seus filhos? A verdade que você precisa saber
Os pais são um espelho para os filhos e as atitudes podem ensinar mais do que palavras

Quando se trata de educar os filhos, estudamos, lemos livros, conversamos com especialistas, buscamos ajuda, seguimos à risca os melhores manuais, mas será que nossas atitudes, nossas palavras no dia a dia são coerentes com nossos conselhos e orientações? Será que nossas ações não passam recados errados?
A importância de dar o exemplo
O “faça o que eu digo e não faça o que eu faço” definitivamente não funciona na educação dos filhos. Conversei sobre isso com as psicólogas Marina Simas, Carol Canuto e Carol Ferreira. Todas confirmam que dar o exemplo é a melhor forma de ensinar. Se os pais dizem uma coisa e fazem outra, a mensagem se perde. “Quando a fala não condiz com o ato, ela perde sentido”, diz Carol Canuto, que junto com Carol Ferreira lidera grupos de orientação parental.
Essa incoerência aparece em situações do dia a dia, como no uso do celular. “Por que a criança não pode assistir a um vídeo na hora da refeição, mas o pai pode responder mensagens, com a justificativa de que é urgente?”, questiona a psicóloga.
O mesmo acontece com a alimentação: se os pais dizem que a criança tem que comer salada, mas só colocam arroz e carne no próprio prato, a regra vira um discurso vazio.
Essa contradição tira a força da relação entre pais e filhos. “Quando há um modelo íntegro, nossa fala ganha significado. Mas se cobramos algo que não praticamos, essa fala fica frouxa, e o outro não compra a ideia”, diz Marina Simas.
O problema, segundo ela, é que muitos pais acreditam que basta impor regras, mas esquecem que as crianças absorvem comportamentos, não apenas palavras.
A forma como os pais se comportam impacta diretamente o desenvolvimento emocional dos filhos. A cultura do bullying, por exemplo, pode ter origem dentro de casa. Se um pai xinga no trânsito ou faz comentários depreciativos sobre outras pessoas, será que ele não está ensinando esse comportamento ao filho?
Outro aspecto essencial na educação pelo exemplo é ensinar as crianças a lidar com frustrações. “Se o adulto grita, bate ou perde o controle quando está irritado, o filho aprende que essa é a maneira de reagir”, explica Carol Ferreira. “As crianças precisam aprender que existem outras formas de lidar com isso.”
Uma sugestão prática para ajudar os filhos é mostrar, de maneira consciente, que é possível administrar emoções de forma saudável. Mas para isso, nós precisamos saber fazer isso. Se um banho te acalma, você pode contar isso ao seu filho e estimulá-lo a encontrar sua própria estratégia. Quando os pais demonstram seus próprios mecanismos de regulação emocional, os filhos aprendem estratégias mais saudáveis para lidar com os próprios sentimentos.
Monitorar não é educar
Outro erro que muitas vezes cometemos é acreditar que basta controlar o que os filhos fazem para educá-los. “Monitorar é diferente de conviver”, alerta Carol Canuto. “Saber onde o filho está, mas não conversar sobre o que ele pensa, coloca os pais numa posição de só criticar”, complementa Carol Ferreira.”
A rigidez excessiva, sem espaço para diálogo e atualização dos valores, pode afastar os filhos em vez de educá-los. “Se seguimos os mesmos valores de décadas passadas sem refletir sobre eles, corremos o risco de ensinar preconceitos e comportamentos ultrapassados sem perceber”, diz Marina. Para ela, educar também significa revisar constantemente o que faz sentido e o que precisa ser atualizado.
Educar não é sobre impor regras, mas sobre demonstrar, na prática, os valores que queremos transmitir. Se desejamos filhos respeitosos, precisamos agir com respeito. Se queremos que saibam lidar com desafios, devemos mostrar como enfrentamos os nossos.
Mas nunca é tarde para mudar. “Se não acreditássemos em transformação, não existiria terapia”, lembra Carol Canuto. O importante é que o adulto tome consciência e comece a dar um novo exemplo. Pequenas mudanças no comportamento dos pais podem trazer grandes impactos na forma como os filhos enxergam o mundo e se relacionam com ele.
Ser um modelo íntegro não significa ser perfeito, mas ser coerente, estar aberto ao aprendizado e disposto a crescer com os filhos.
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