“Queremos tornar a Academia mais internacional em escala”, diz Bill Kramer, CEO do Oscar

De Los Angeles* Cada dia mais próxima de completar 100 anos, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pela organização da cerimônia do Oscar, está em busca de doadores a fim de arrecadar US$ 500 milhões. O time busca expandir a representatividade da Academia e conectar-se com novas comunidades cinematográficas. “Queremos tornar a Academia […] O post “Queremos tornar a Academia mais internacional em escala”, diz Bill Kramer, CEO do Oscar apareceu primeiro em Harper's Bazaar » Moda, beleza e estilo de vida em um só site.

Feb 28, 2025 - 14:26
 0
“Queremos tornar a Academia mais internacional em escala”, diz Bill Kramer, CEO do Oscar

Foto: Getty Images

De Los Angeles*

Cada dia mais próxima de completar 100 anos, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pela organização da cerimônia do Oscar, está em busca de doadores a fim de arrecadar US$ 500 milhões. O time busca expandir a representatividade da Academia e conectar-se com novas comunidades cinematográficas. “Queremos tornar a Academia mais internacional em escala”, afirma Bill Kramer, CEO da instituição. Nos últimos anos, mais de 50% dos novos membros vieram de fora dos Estados Unidos, o que impactou diretamente as indicações ao Oscar. No ano passado, cada categoria teve ao menos um indicado que não era dos Estados Unidos.”

O Brasil, por exemplo, tem participado desta inclusão de nomes na Academia e há planos de estreitar essas conexões. “O Brasil tem uma rica cultura cinematográfica, e estamos nos conectando mais com talentos sul-americanos por meio de nossos membros”, reforça Kramer, antes mesmo de sabermos da indicação de Ainda Estou Aqui a três estatuetas douradas: Melhor Filme, Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz para Fernanda Torres.

Além de refletir as mudanças na indústria, a Academia investe em tecnologias emergentes e no engajamento de novas comunidades. “As novas gerações continuam apaixonadas por cinema, mesmo consumindo-o de maneiras diferentes”, observa Kramer. Parcerias como a da Rolex viabilizam eventos de prestígio, incluindo o gala anual do museu, que arrecadou US$ 11 milhões este ano. Para o futuro, a visão é clara: “Queremos nos tornar ainda mais globais, inclusivos e sustentáveis, destacando múltiplas histórias do cinema que representem diferentes perspectivas e culturas”, reitera. Leia, mais abaixo, a íntegra.

Foto Divulgação/Academy Museum

MÚLTIPLAS NARRATIVAS

Mais do que contar a história do cinema, o Museu da Academia celebra suas múltiplas narrativas, sempre de olho no futuro. Com exposições bilíngues, como Color in Motion, e séries de exibição que já passaram por cidades como Nova York e Detroit, o espaço busca levar a magia do cinema a novas audiências ao redor do mundo. “Queremos que o público veja o cinema sob novas perspectivas, destacando histórias que antes eram ignoradas”, explica Amy Homma, diretora do Museu. Metade dos visitantes tem menos de 40 anos, um reflexo do apelo jovem conquistado com oficinas interativas de maquiagem, cinematografia e marketing. “O museu não é apenas um lugar para olhar o passado, mas um convite para imaginar o futuro do cinema”, completa.

EQUIDADE E DIVERSIDADE

Liderada por Janet Yang, a Academia abraça a diversidade como sua força. “Estou orgulhosa de poder ser quem sou — uma mulher e pessoa de cor — e representar isso na liderança da Academia”, declara a produtora e presidente da Academia –descendente de chineses, é a primeira asiática a ocupar a posição, e a quarta mulher a obter o título. “Não nos apoiamos no prestígio do passado; buscamos inovar e nos conectar com as novas gerações.” A inclusão está no centro de suas ações, com exposições como a dedicada a John Waters e a expansão da diversidade entre os membros. “Mais do que uma instituição, queremos ser uma plataforma viva, que engaja e inspira audiências ao redor do mundo”, reforça Amy Homma. Nas redes sociais, com 18 milhões de seguidores, a Academia reafirma que o cinema ainda é um poderoso agente de transformação.

Janet Yang e Amy Homma na quarta edição do gala do Museu do Oscar, em 2024 (Foto: Getty Images)

TEMPORADA DO OSCAR

O Academy Museum of Motion Pictures celebra a 97ª edição do Oscar com uma programação especial até 30 de março. Destaques incluem exposições inéditas, tours temáticos, exibição de filmes vencedores e encontros com indicados. A Spielberg Family Gallery exibe imagens raras da premiação, enquanto os Oscars Sundays apresentam filmes com artistas negros indicados. De 21 de fevereiro a 1º de março, a Oscar Nominee Spotlights traz conversas sobre as principais categorias. No dia 2 de março, o museu sedia a Watch Party oficial dos Oscars, com transmissão ao vivo, menu especial e drinks inspirados nos indicados. Após a premiação, sessões exclusivas exibem os vencedores: Melhor Documentário (8 de março), Melhor Filme Internacional (9 de março), Melhor Animação (15 de março), Melhor Filme (16 de março) e uma seleção especial surpresa no dia 30.

PRÓXIMAS MOSTRAS

O Academy Museum of Motion Pictures anuncia duas novas exposições. Inspirações do Diretor: Bong Joon Ho, que abre em 23 de março, e mergulha no universo do aclamado diretor sul-coreano, trazendo uma seleção de storyboards, concept arts, adereços de cena e objetos pessoais que revelam seu processo criativo — de Memórias de um Assassino (2003) a Parasita (2019). Em 23 de maio, De Barbie a Anna Karenina: Os Mundos Cinematográficos de Sarah Greenwood e Katie Spencer leva o público a um passeio visual pelo trabalho da dupla de designers de produção indicada ao Oscar, com galerias dedicadas a Barbie (2023), Anna Karenina (2012) e A Bela e a Fera (2017), além da recriação do estúdio onde suas ideias ganharam forma.

Universo rosa fará parte da mostra dos mundos cinematográficos de Sarah Greenwood e Katie Spencer (Foto: Divulgação/Warner Bros)


Harper’s Bazaar: Qual é o objetivo principal do Academy 100?
Bill Kramer: O Academy 100 é uma campanha de arrecadação de US$ 500 milhões, mas também uma iniciativa de alcance global. Queremos tornar a Academia mais internacional em escala, conectando-nos com novas comunidades cinematográficas e aumentando nossa representatividade global. Essa campanha inclui a arrecadação de fundos e a ampliação de nosso acervo, que já é o maior acervo relacionado a filmes no mundo, com 52 milhões de itens.

HB: Como a Academia tem expandido a representatividade internacional nos Oscars?
BK: Nos últimos anos, mais de 50% dos novos membros da Academia são internacionais. Isso reflete diretamente nas indicações ao Oscar, que têm se tornado mais diversificadas. No ano passado, cada categoria teve ao menos um indicado que não era dos Estados Unidos. Trabalhamos com nossos membros para identificar talentos em diversas regiões e garantir que a representatividade continue crescendo.

HB: Como funciona o processo de seleção de novos membros da Academia?
BK: Cada ramo da Academia tem critérios específicos, como número de filmes ou títulos em que o profissional tenha trabalhado. Além disso, normalmente são necessários dois patrocinadores para indicar um novo membro. Contudo, temos cláusulas para trazer talentos de grupos sub-representados, mesmo sem os dois patrocinadores, para garantir que estamos identificando profissionais extraordinários que possam não estar em nosso radar inicial.

HB: Qual é a relação da Academia com o Brasil e outras culturas cinematográficas?
BK: O Brasil tem uma rica cultura cinematográfica, e estamos nos conectando mais com talentos sul-americanos por meio de nossos membros. Recentemente, incluímos novos cineastas e profissionais brasileiros na Academia. Planejamos voltar ao Brasil este ano ano para fortalecer ainda mais essas conexões.

HB: Como a Academia está engajando a Geração Z e os mais jovens?
BK: As novas gerações estão consumindo filmes de maneira diferente, mas continuam apaixonadas por cinema. Durante a pandemia, vimos um aumento no interesse por filmes clássicos e internacionais, o que mostra que há um novo público que ama cinema, mesmo que não o consuma da maneira tradicional.

Bill Kramer posa na entrada do Museu da Academia, no gala, em outubro passado (Foto: Getty Images)

HB: Qual é a importância do gala anual do museu?
BK: O gala é o maior evento de arrecadação do museu, gerando US$ 11 milhões apenas este ano. Esses fundos são essenciais para financiar exposições, programas educacionais e exibições no museu. Além disso, o evento se tornou um dos mais cobiçados em Los Angeles, celebrando a excelência no cinema com parceiros como Rolex.

HB: Como a Academia está lidando com o impacto de novas tecnologias como IA no cinema?
BK: A indústria do cinema sempre passou por mudanças tecnológicas, desde a transição do mudo para o falado até o streaming. IA é apenas mais um momento de evolução. Vemos isso como uma ferramenta para a criação, mas não acreditamos que substituirá a autenticidade e a criatividade humana. Realizamos um simpósio sobre IA para discutir como ela está sendo utilizada em diferentes ramos do cinema.

HB: Qual é a visão da Academia para os próximos 100 anos?
BK: Queremos nos tornar ainda mais globais, inclusivos e sustentáveis. A marca da Academia é forte em todos os cantos do mundo, e continuaremos evoluindo para refletir as mudanças na indústria. Planejamos iniciativas que destacarão múltiplas histórias do cinema, representando diferentes perspectivas e culturas.

HB: Como a Rolex se tornou um parceiro estratégico para a Academia?
BK: A Rolex compartilha nossa dedicação à excelência e tem sido um parceiro essencial em nossa jornada. Essa parceria nos ajudou a realizar projetos como o gala e diversas exposições no museu. Estamos alinhados em nossa missão de preservar e celebrar a história do cinema globalmente.

HB: Qual é o papel dos membros da Academia além de votar no Oscar?
BK: Os membros podem se envolver de várias maneiras, como mentorando jovens cineastas, participando de comitês de curadoria e contribuindo para exposições no museu. Recentemente, realizamos um encontro anual para todos os membros, promovendo transparência e maior engajamento.

* O editor viajou a convite de Rolex, em outubro passado, para acompanhar a quarta edição do gala anual do Museu

Janet Yang e Bill Kramer, no lançamento do Academy 100, no ano passado (Foto: Getty Images)

O post “Queremos tornar a Academia mais internacional em escala”, diz Bill Kramer, CEO do Oscar apareceu primeiro em Harper's Bazaar » Moda, beleza e estilo de vida em um só site.