Podcast Jornada da Calma ganha 1ª temporada em vídeo; confira

Nossa relação com nós mesmas pode ser mais tranquila: conheça a 1ª temporada em vídeo do podcast Jornada da Calma com Dani Arrais, Ediane Ribeiro e Lela Brandão

Feb 22, 2025 - 09:55
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Podcast Jornada da Calma ganha 1ª temporada em vídeo; confira

Coisas para fazer: quem de nós não tem uma lista infindável? Diante das demandas que se multiplicam — e fazem parecer razoável querer ser produtiva ab-so-lu-ta-men-te todo instante do dia — definir prioridades e ir com calma é um desafio.

“Nessa vida acelerada, muitas vezes você faz tudo, para depois fazer o que você mais quer. Ainda quero inverter isso: fazer o que eu mais quero, para depois fazer tudo.” As palavras cheias de sabedoria são da jornalista e escritora Daniela Arrais, convidada do episódio de estreia da primeira temporada em vídeo do podcast Jornada da Calma, oferecida por Downy Brisa Suave.

Autora do necessário livro Para Todas as Mulheres que Não Tem Coragem (Editora  BestSeller) e uma das criadoras da @contente.vc, Dani fala com propriedade das armadilhas que tomam os caminhos femininos, entre elas o fenômeno da impostora.

“A gente é acometida não porque tem baixa autoestima, ou não confia no que faz, ou não seja muito boa. Existe uma estrutura de sociedade que não nos quer ocupando espaços”, diz. O próprio processo de escrita do livro foi uma superação dessa sensação, que virou tema de uma palestra sua. “A pergunta final é: o que você faria se não tivesse medo? E eu respondia: escreveria um livro.” Até que escreveu.

Sua forma de ativismo no mundo passa por cercar-se de outras mulheres. “Quando a gente se junta, cresce. Somos boas nisso. Digo: ‘Helena, como assim você tem dúvida? Você vai fazer, você é maravilhosa’. Aí você diz para a sua amiga também. A gente se une para parar de desistir antes de tentar e para não deixar esse medo paralisar. Tem que ir com medo mesmo.” Ainda que o ímpeto realizador esteja sempre presente — “sou cheia de urgências inadiáveis”, ela diz, com clareza dos sonhos altos —, a escritora tem valorizado cada vez mais a quietude de estar na sua própria companhia.

“Eu entendi que o silêncio me revela muitas coisas. Ele me faz ter ideias, escrever, olhar para mim com o cuidado que eu gostaria de olhar com mais frequência. Então virei fã do silêncio, de ficar sozinha. Tem a ver também com o fato de que eu tenho um filho pequeno, então esses momentos são muito raros. Quando eles acontecem, você quer aproveitar completamente. Assim você fica cavando espaço, cavando um tempo para conseguir essas ilhas de sossego.”

Quem se identifica com a agenda corrida, porém, sabe que até parar e respirar fundo demanda coragem. “A gente precisa de coragem nos mínimos passos e nos grandiosos. A coragem está em tudo, inclusive em se permitir ter um momento de pausa, um momento de calma nesse mundo que a gente vive com tantas crises, tão acelerado, tudo para ontem.”

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Seja reservando um espaço na agenda para brincar de Lego com o filho, Martin, fruto do casamento com Laura Della Negra, soltando o grito num passeio de montanha-russa ou reunindo valentia para dar um mergulhão no mar gelado (ela explica: “Sou de Recife, onde o mar é quente. Em São Paulo, é difícil para mim, vou só com o pezinho”), Daniela Arrais é uma inspiração para sermos do tamanho que quisermos. “A gente precisa de coragem para entender o que é que nos faz bem e enxergar que a gente pode ser protagonista da nossa história.”

Jornalista e escritora, Daniela Arrais
Jornalista e escritora, Daniela ArraisCarolina Mika/Reprodução

“A coragem está em tudo, inclusive em se permitir ter um momento de pausa nesse mundo que a gente vive com tantas crises, tão acelerado”, Dani Arrais

Essa sonhada autenticidade permeou todo o segundo episódio da temporada, que trouxe uma conversa franca e emocionante com Ediane Ribeiro. Psicóloga com formação em psicotraumatologia, terapeuta somática, TEDx Speaker e uma comunicadora brilhante que aborda assuntos tão relevantes quanto regulação emocional, manejo de estresse e saúde mental, Ediane lançou no final de 2024 o ótimo Os Tesouros Que Deixamos Pelo Caminho (Editora Paidós).

O subtítulo do livro — “Como aprender a lidar com nossos traumas pode nos lançar em um resgate da própria potência” — dá pistas da grandiosidade da tarefa da sua abordagem sobre trauma, mais conhecida pelo termo em inglês trauma-informed approach

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Um bom primeiro passo envolve sair do modo piloto automático, que nos distancia da percepção das nossas sensações físicas (como o frio na barriga ou nó na garganta), das nossas emoções,  e também dos nossos sentimentos.

“Esse estado é um produto da vida contemporânea”, explica a psicóloga. “Nossos ancestrais das cavernas estavam muito mais conectados com seus sentidos. Se os instintos não estivessem funcionando, era questão de vida e morte. À medida que a espécie foi evoluindo, ganhamos mais neocórtex, a sede da razão, e caminhamos para um encantamento com esse produto mental. Faço um corte nessa história pra chegar no hoje, com telas, ouvindo tudo na velocidade 2x. Essa mente acelerada me desconecta do meu corpo.”

O retorno à conexão passa pela nossa relação com nós mesmos, claro, mas está longe de ser uma questão individual. “Somos seres da relação, nós criamos identidade nos relacionamentos, criamos conexão e vínculo para nos sentirmos também mais humanos.”

Num ambiente  seguro, com pessoas dispostas, podemos revisitar essas dores e elaborá-las de novo. “Eu vejo poucas coisas mais efetivas para redução de estresse, para processamento de trauma, do que vínculos de segurança”, afirmou Ediane.

Com  sensibilidade, ela transformou a entrevista numa demonstração vívida da possibilidade de recuperação da confiança em si e nos outros. “Se a gente tiver relações que nos amparam, se eu tiver um olhar que olhe para mim como você está me enxergando agora, e que me veja como possível, eu consigo acessar em mim também essa força de possível”, completou. 

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Nosso grande tesouro, nossa maneira única de existir no mundo, de forma autêntica e confiante, pode ser acessada se realizarmos “sankofa”. Ediane explica: “Sankofa tem muito a ver com o coletivo, a ancestralidade. É um ideograma africano representado por um pássaro com um bico olhando para trás que se associa a um ditado também tradicional africano, que diz algo mais ou menos como: ‘você pode voltar atrás e pegar o que esqueceu’. É uma frase curta que cabe tanta coisa dentro”.

A psicóloga Ediane Ribeiro
A psicóloga Ediane RibeiroCarolina Mika/Reprodução

“Se eu tiver um olhar que olhe para mim e me veja como possível, eu consigo acessar em mim também essa força de possível”, Ediane Ribeiro

No caminho de Lela Brandão, convidada do terceiro episódio da temporada em vídeo do podcast Jornada da Calma, lidar com a autocobrança e encontrar equilíbrio entre as (muitas) tarefas do cotidiano são pontos de atenção constantes.

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Criadora da Lela Brandão Co., marca de roupas confortáveis e lindas, voz incondunfível do podcast de sucesso Gostosas Também Choram, TEDx Speaker e Forbes Under 30, Lela influencia muitas pessoas a adotar um estilo de vida mais calmo no dia a dia: a começar pelas mais próximas. 

“Uma coisa que eu conversei muito com a minha equipe esse ano é: vamos parar de viver na urgência? Vamos aproveitar onde a gente está? Porque daqui a pouco, isso daqui não vai mais existir. E se a gente sempre estiver olhando o próximo degrau, a gente não vai olhar nem os degraus que estão para trás e nem onde a gente está”, reflete Lela Brandão, hoje em paz no seu próprio ritmo.

Isso não significa abrir mão da ambição e dos sonhos autorais, pelo contrário. “Se você for honesta, talvez não exista essa urgência. Você diz ‘quero que a empresa cresça 30%’. Mas com base no quê você falou isso, sabe? Daí se não crescer 30%, você vai se sentir fracassada. Querer, mas mais devagar, eu acho que talvez seja uma boa receita para não pifar.”

Quem já sentiu a exaustão chegar perigosamente perto sabe que ajustar a agenda para incluir o descanso não é opcional, mas mandatório. “Você tem que ter muita consciência de que seu tempo é muito limitado. Você tem só 24 horas e nessas 24  horas você precisa dormir, tomar  banho, estar com a sua família, trabalhar…”, enumera. 

Se nem sempre é possível mudar o “quando”, Lela sonha eventualmente em mudar o “onde”. É nesse momento que aparece o desejo de sair de São Paulo, onde mora atualmente com o marido e sócio Viktor Murer, e criar uma vida no rancho. “O dia que a Julia Tolezano decidiu ir para a mata, eu nunca mais falei de outra coisa na terapia”, diz, entre risos.

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“Eu falo para a Ana, que é minha analista: ‘Daqui a pouco eu vou fazer a Jout Jout, não estou aguentando, estou de saída’. E ela: ‘Mas você acha que seus problemas não vão seguir para lá?’. Aí já é outra questão.” 

O que, então, seria diferente de verdade num outro CEP, com mais espaço e oportunidade de tomar um solzinho? A resposta de Lela passa por uma maior sensação de integração.

“Conforme a gente vai trabalhando na internet  ou com coisas que são muito mentais, tem um sentido de sair do corpo e ficar só na cabeça.  Vou me sentindo mal no meu corpo. Eu chego no fim do dia e não usei meu corpo para nada. Abro o celular e dei cinco passos no dia, sabe?”, completa.

Assim como a atividade física é uma estratégia para dar um reboot no corpo, o descanso tem que entrar em cena para dar um refresco entre as cobranças.

Aqui a atitude de Lela pode parecer extrema, especialmente entre os criadores de conteúdo, que estão cronicamente online: “Aos sábados, fico offline. Meio  que religiosamente, não mexo nas redes sociais. Não estou. Não adianta, me procurar eu não vou responder”. 

Nem sempre os planos dão certo, claro, mas encarar a nossa relação conosco de uma maneira mais suave passa por entender as variações. “Ser adulto é decidir que você vai ser feliz. Nunca vai estar tudo certo. Na minha cabeça, inconscientemente, estava esperando estar tudo em paz, certo e estável, para falar: ‘Sou feliz’. Sempre vai ter essa dualidade. Mais perigoso que ficar entre felicidade e tristeza, é apatia.” A jornada segue.

Lela Brandão
A empreendedora Lela BrandãoCarolina Mika/Reprodução

“Vamos pararde viver na urgência e aproveitar? Se a gente sempre estiver olhando o próximo degrau, não vai ver onde está”, Lela Brandão

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