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8 mitos da cozinha que você precisa parar de acreditar
Com bom humor e linguagem simples, conheça Ana Bonassa e Laura Marise, dupla responsável por descomplicar a ciência nas redes sociais
Um homem de meia-idade com cabelos brancos e jaleco. É isso que vem à mente quando pensamos em cientistas? Foi justamente para combater esse estereótipo que as pesquisadoras Ana Bonassa e Laura Marise criaram, em 2018, o projeto Nunca Vi 1 Cientista.
Hoje, com mais de 600 mil inscritos no Instagram e 360 mil no YouTube, elas comandam uma das maiores plataformas de divulgação científica do Brasil.
Laura, farmacêutica bioquímica, cresceu em meio ao ambiente universitário. Filha de funcionários de uma instituição de ensino superior, ela frequentava o campus desde pequena, interagindo com alunos e técnicos dos laboratórios.
Esse contato precoce despertou o desejo de fazer parte daquela rotina. “Quis ser farmacêutica para ter uma carreira científica. Comecei a pesquisar logo no primeiro ano e, durante o mestrado, fiz voluntariado com gestantes de baixa renda. Foi então que percebi a necessidade de comunicar o tema de forma mais acessível”, conta.
Já Ana teve um percurso diferente. Até o ensino médio, ela ainda não se preocupava tanto com o vestibular. Ao entrar no curso de biologia, encontrou seu lugar e a iniciação científica logo se tornou prioridade. “No doutorado, surgiu a vontade de contar como era a minha vida e as coisas diferentes que eu fazia”, revela.
As duas se conheceram dentro do FemLab, um programa do Conselho Britânico que orienta sobre o uso das mídias sociais para criar um futuro coletivo e diverso. “Sentimos uma sintonia imediata e conseguimos unir nossas habilidades para criar o @nuncavi1cientista”, relembra Ana.
O resultado deu tão certo que hoje elas são uma empresa de comunicação. Além do trabalho online, alcançaram as estantes das livrarias com o livro Super-Heróis da Ciência: 52 cientistas e suas pesquisas transformadoras, publicado em 2021 pelo selo HarperKids.
A obra esteve entre os mais vendidos da Amazon no ano de lançamento.
A ciência explica
A maior batalha de Laura e Ana é contra a desinformação. Isso porque, ao navegar pela internet, não é incomum encontrar “soluções milagrosas” para problemas complexos. Elas precisam desmentir, por exemplo, que utensílios de plástico preto matam, que alho descongestiona o nariz ou que assistir a noticiários reduz a imunidade.
“É fácil encontrar nas redes sociais vídeos de microscópio mostrando vermes na comida. Isso me deixa muito chocada porque eles são feitos para viralizar, mas fazem com que as pessoas desperdicem alimentos”, ressalta Laura. “Além de serem enganosas, são sensacionalistas.”
Segundo elas, as notícias falsas também ganham força devido à falta de letramento científico, levando muitas pessoas a acreditarem que experiências pessoais têm o mesmo peso de uma evidência acadêmica.
Na realidade, para que algo seja considerado científico, é necessário que atenda a critérios rigorosos, incluindo testes controlados e o processo de revisão por pares.
Esse é um método em que especialistas da mesma área avaliam a qualidade, validade e relevância de uma pesquisa antes de sua publicação, assegurando que o trabalho segue padrões metodológicos sólidos.
“As pessoas querem a cura para uma doença que seja um chá. Querem a cura para todos os cânceres agora. Só que a ciência tem uma metodologia e as respostas demoram”, explica Ana. “Isso gera espaço para o aumento das fake news e das pseudociências, que oferecem promessas que a ciência não pode fazer.”
Em 2024, a dupla foi condenada por denunciar uma postagem que alegava que o diabetes era causado por vermes — o perfil vendia protocolos de desparasitação como cura.
No vídeo educativo, Ana e Laura explicaram que a doença é, na verdade, causada pela produção insuficiente ou má absorção da insulina, hormônio que regula a glicose no sangue.
“Ele alegou uso indevido da imagem e ganhou. Nesse meio tempo, surgiram pessoas dispostas a ajudar e recorremos diretamente ao STF, que anulou a condenação”, conta Ana. Agora, elas aguardam uma nova sentença em primeira instância.
Para as especialistas, a solução passa por ampliar o conhecimento a partir de uma linguagem simples. Assim, leitores, espectadores ou ouvintes podem se conectar com o conteúdo.
“Quando leio nosso roteiro, quero sentir que tem alguém falando comigo e não que estou lendo um texto formal. Tomamos cuidado com a escolha de palavras, com o tom de voz e até em manter nossas manias linguísticas. Queremos que pareça uma conversa”, conclui Laura.
8 mitos que você não sabia sobre a cozinha
1. Vinagre não higieniza frutas e vegetais
A substância não é capaz de matar micro-organismos ou parasitas dos alimentos. A forma correta de higienizar é com hipoclorito de sódio, conhecido como água sanitária.
Use uma colher de sopa para cada litro de água, deixando de molho por 15 minutos e enxaguando em água corrente.
2. O segredo para um bolo de cenoura fofinho
Bata as cenouras no liquidificador por, no mínimo, 5 minutos. Dessa forma, se diminui o “peso” que a cenoura faz na massa e o bolo consegue crescer mais, ficando bem aerado.
3.Não misture produtos de limpeza
Sabe aquela misturinha que você faz em casa para deixar a faxina mais eficaz? Ela pode formar gases tóxicos que causam queimaduras nos pulmões e te mandar direto para o hospital.
4. A comida pronta não pode ficar mais que duas horas fora da geladeira
O arroz ou feijão que você preparou de manhã e deixou o dia todo em cima do fogão é a causa daquele desconforto intestinal ou diarreia “sem explicação”.
Isso é causado pelo crescimento de bactérias na comida que ficou morninha na panela.
5. Não lave carnes cruas (frescas)
Lavar carnes não elimina bactérias – apenas as espalha. Além dos alimentos já serem previamente higienizados, o cozimento é suficiente para matar micro-organismos.
E se você lava o frango porque tem uma gosma, esse é um indicativo de que ele começou a apodrecer. Compre de outro local ou escolha congelados.
6.Refogar os temperos faz liberar mais aromas e a comida fica mais bem temperada
Em vez de jogar os temperos por cima da comida na panela, experimente refogá-los junto com a cebola e o alho: o calor e a gordura do refogado vão fazer seus óleos essenciais serem liberados em maior quantidade, agregando mais sabor ao prato.
7. Vela de citronela não espanta mosquitos
A concentração de óleo essencial de citronela nas velas é insignificante para repelir mosquitos. O mais eficaz segue sendo o bom e velho repelente.
8. Açúcar não tira a acidez do molho de tomate
O açúcar só traz o gosto doce. Para diminuir a acidez de verdade, é preciso apurar o molho por horas ou usar uma bicarbonato de sódio.
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