1 milhão de crianças perdem suas mães para o câncer anualmente

No mundo, a cada ano cerca de 1 milhão de crianças ficam órfãs de mãe em decorrência do câncer¹. Aproximadamente metade dessas mortes é provocada por tumores de mama e ginecológicos¹. 

No Brasil, as desigualdades sociais, de acesso à informação e à saúde tornam a situação ainda mais complexa. 

“As vítimas dessas doenças são mulheres jovens, muitas delas arrimo de família e mãe solo, que perdem a vida por cânceres que podem ser prevenidos precocemente, tratados e, muitas vezes, curados”, alerta a diretora médica da MSD Brasil, Márcia Datz Abadi, ressaltando que, além de prejudicar o presente e, até mesmo, o futuro desses órfãos, essas mortes causam impactos econômicos e sociais. 

Uma doença evitável

Anualmente, o câncer de colo do útero, também chamado de câncer cervical, faz 17 000 novas vítimas no Brasil² – esse é o terceiro tipo mais incidente na população feminina do país, sendo que, nas regiões Norte e Nordeste, ocupa a segunda colocação, atrás apenas do câncer de mama⁵. 

“Diferentemente de outros tipos de câncer, que possuem componentes multifatoriais, como histórico familiar e hábitos da vida moderna, o câncer de colo do útero está relacionado em cerca de 99% das vezes a um vírus que pode ser evitável². Ele pode ser prevenido através da vacinação contra o HPV (papilomavírus humano), do rastreamento de lesões precoces e do tratamento de lesões pré-cancerosas². Extremamente erradicável, infelizmente ele é a principal causa de morte de brasileiras de até 36 anos¹²”, diz a dra. Márcia. Segundo ela, em cerca de 70% dos casos, ele é diagnosticado quando já está localmente avançado ou metastático, com menores chances de cura¹⁰.

Câncer de mama em mulheres mais jovens

A prevenção do câncer de mama não é totalmente possível¹³, mas, quando diagnosticado precocemente por meio do rastreamento, as chances de cura ultrapassam 90%³. Entretanto, ainda assim, é a principal causa de morte por câncer de brasileiras⁴, deixando tantas crianças sem suas mães.

“Novos estudos vêm mostrando um aumento na incidência da doença entre mulheres abaixo dos 40 anos⁶ – fase em que grande parte está economicamente ativa e tem filhos pequenos. Esse maior número pode estar relacionado também a questões biológicas, como ausência de gestação, gestação tardia e amamentar por menor período de tempo, e pode também ser influenciado por fatores como sedentarismo, dieta rica em alimentos processados e obesidade.”

Outro dado importante, segundo a médica, é que as mulheres negras são as maiores vítimas de morte por câncer de mama8, não só no Brasil, mas em todo o mundo. “Pesquisas sinalizam que elas têm maior risco de desenvolver a forma mais agressiva da doença⁸, mas fatores comportamentais e ambientais, como o menor acesso aos serviços de saúde, diagnóstico com doença avançada, dificuldade de completar o tratamento, que pode ser pouco eficaz, também são possíveis causas^{8, 9, 11}.” 

Como mudar esse cenário?

Para a médica, a resposta para essa pergunta envolve uma série de fatores combinados. “Para diminuir o número de crianças órfãs de mães no Brasil, é preciso disseminar informação de qualidade, promover a adoção de hábitos mais saudáveis, derrubar tabus, ampliar o acesso à vacinação e exames, como papanicolau e mamografia, assim como o acesso a consultas e tratamentos precoces”, conclui a diretora médica da MSD Brasil.

Referências

1. International Agency for Research on Cancer. Maternal Orphans due to Cancer. Disponível em: https://www.iarc.who.int/wp-content/uploads/2024/03/IARC_Evidence_Summary_Brief_5.pdf. Acesso em: 11 abr 2025.
2. Ministério da Saúde (MS). Saiba como prevenir o câncer do colo do útero. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2024/abril/saiba-como-prevenir-o-cancer-do-colo-de-utero. Acesso em: 11 abr 2025.
3. Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Detecção precoce do câncer de mama pode aumentar em até 90% as chances de cura. Disponível em: https://sboc.org.br/noticias/item/3029-deteccao-precoce-do-cancer-de-mama-pode-aumentar-em-ate-90-as-chances-de-cura. Acesso em: 11 abr 2025.
4. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Mortalidade. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/gestor-e-profissional-de-saude/controle-do-cancer-de-mama/dados-e-numeros/mortalidade#:~:text=O%20c%C3%A2ncer%20de%20mama%20%C3%A9,/100.000%20mulheres%2C%20em%202021. Acesso em: 11 abr 2025.
5. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Incidência do Câncer de Colo do Útero. Incidência – Instituto Nacional de Câncer – INCA. Acesso em: 23 abr 2025.
6. Oncoguia. Estudo mostra que câncer de mama está se manifestando com maior frequência em mulheres abaixo dos 40 anos. Disponível em: https://www.oncoguia.org.br/conteudo/estudo-mostra-que-cancer-de-mama-esta-se-manifestando-com-maior-frequencia-em-mulheres-abaixo-dos-40-anos/16769/7/#:~:text=Um%20estudo%20mostrou%20que%20diagn%C3%B3sticos,de%2040%20anos%20haviam%20aumentado. Acesso em: 11 abr 2025.
7. American Cancer Society (ACS). Breast Cancer Death Rates Are Highest for Black Women—Again. Disponível em: https://www.cancer.org/research/acs-research-news/breast-cancer-death-rates-are-highest-for-black-women-again.html. Acesso em: 11 abr 2025.
8. Instituto Nacional de Câncer (INCA). INCA investiga por que há mais casos de câncer de mama agressivo nas brasileiras negras. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/noticias/2024/inca-investiga-por-que-ha-mais-casos-de-cancer-de-mama-agressivo-nas-brasileiras-negras#:~:text=Outubro%20Rosa%202024-,INCA%20investiga%20por%20que%20h%C3%A1%20mais%20casos%20de,mama%20agressivo%20nas%20brasileiras%20negras&text=As%20mulheres%20negras%20t%C3%AAm%2057,%2C%20na%20sigla%20em%20ingl%C3%AAs). Acesso em: 11 abr 2025.
9. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde Integral a População Negra. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_populacao_negra_3d.pdf. Acesso em: 17 abr 2025.
10. Monk BJ el al. Int J Gynecol Cancer. 2022;32(12):1531-1539.
11. Disponível em: https://ufmg.br/comunicacao/noticias/probabilidade-de-sobrevivencia-de-mulheres-negras-e-ate-10-menor-em-casos-de-cancer-de-mama. Acesso em: 17 abr 2025.
12. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Atlas On-line de Mortalidade. Disponível em: https://mortalidade.inca.gov.br/MortalidadeWeb/pages/Modelo10/consultar.xhtml#panelResultado. Acesso em: 30 out 2024.
13. Ministério da Saúde. Prevenção ao câncer de mama. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/cancer-de-mama/prevencao-1. Acesso em: 22 abr 2025.