Miguel Bombarda vai ser pedonal ao fim-de-semana. É o início do novo Barreiro Velho
Rua Miguel Bombarda vai sofrer requalificação na parte central, entre o túnel e o cruzamento com a Avenida Alfredo da Silva. Intervenção insere-se nos planos de mudança do Barreiro Velho.


A rua prolonga-se por mais de um quilómetro e meio, desde a rotunda do Monumento ao Fuzileiro, passando pela pastelaria Mafraria até ao coração do Barreiro Velho. A Miguel Bombarda, eixo central do Barreiro, está a ser alvo de obras de requalificação, na parte que liga o túnel rodoviário ao cruzamento com a Avenida Alfredo da Silva, voltando renovada no Verão.
As obras começaram esta semana, dia 10 de Fevereiro, com a operação a integrar os planos de requalificação do Barreiro Antigo, zona central da cidade, junto ao rio, onde se fizeram casas como o Teatro Cine do Barreiro (que não é cinema desde 1992 e foi recentemente comprado pela autarquia) ou o clássico Grelhador Mor, mas onde também cresce a mancha de imóveis ao abandono e se acentuam dissimetrias sociais.

Daqui a cerca de seis meses, com o fim das obras, a Miguel Bombarda voltará a ser frequentada por automóveis durante a semana (em sentido único), reservando-se aos peões aos sábados e domingos. "Ao fim-de-semana e, de forma a estimular o comércio local tradicional, a rua será apenas pedonal e terá diversas animações", adianta a Câmara Municipal do Barreiro (CMB), em comunicado. "Para além do que será posteriormente visível, como melhores arruamentos, mais condições de segurança viária e pedonal, novo mobiliário urbano, novos pavimentos e zonas verdes, esta obra terá uma grande componente ao nível do subsolo", com a alteração da rede de abastecimento de água, do sistema de drenagem, das infra-estruturas eléctricas, da iluminação pública, de telecomunicações e da rede de gás natural, acrescenta a autarquia.
27 milhões para a zona histórica
No ano passado, a 17 de Julho, a CMB aprovou a abertura do concurso público para requalificar o Barreiro Velho, sob um investimento de 27 milhões de euros para renovar uma área de 72 mil metros quadrados. "A obra tem como objectivo recuperar este núcleo histórico da cidade, contribuindo para a revitalização social, económica e urbanística da zona do Barreiro Velho, devolvendo o espaço público aos cidadãos, e irá contemplar a criação de percursos pedonais e consequente melhoria das acessibilidades ao centro e à zona Ribeirinha", explicava, na altura, a autarquia, apontando para o actual ano de 2025 como fim expectável da obra.
O Barreiro Velho é, há mais de 20 anos, uma "questão" para a cidade. Outrora reino das colectividades, centro comercial e cultural do Barreiro, o núcleo histórico foi esquecido, como mostram os prédios à beira de ruir em várias ruas e a escassa vida de bairro. O sentido de comunidade também se foi desintegrando, com fragilidades sociais e económicas à mistura. "É evidente que a degradação daqueles espaços choca quem é do Barreiro, por razões emocionais, e perturba quem é observador", dizia em 2014 ao Público Rui Lopo, então vereador do Planeamento da Câmara do Barreiro.
Ao longo dos últimos anos, surgiram diferentes planos de reabilitação da zona e houve alguns focos de actuação, como a zona ribeirinha, que viu nascer um passadiço junto aos moinhos de Alburrica, há cerca de dez anos, a Avenida da Praia ou o Largo da Igreja do Rosário. A requalificação da Rua Miguel Bombarda, actualmente em curso, representa a primeira fase da renovação da zona histórica da cidade. A Time Out questionou a CMB sobre os restantes planos de requalificação da zona, mas não obteve resposta.